A mesa posta, a pequena família reunida
para o café da tarde, a conversa ia longe, mas todos tinham seus afazeres,
menos Elisa, que se sentou em um confortável sofá, pegou seu livro para
continuar sua deliciosa leitura, era uma devoradora de livros, e as obras
escolhidas eram sempre “best-sellers”,
tinha necessidade de folhear o livro físico, não havia se adaptado à era
digital, e ainda usava um lápis para suas anotações de rodapé. Todas as obras
lidas por ela eram repletas de anotações, e quem as lia posteriormente
sentia-se no mundo da pesquisa, a qual estava feita.
Fazia intervalos na leitura, quando usava
para refletir sobre o que lia, e o assunto a levou a pensar sobre as coisas
inimagináveis do mundo, e assim ela se reportou ao longe, questionando o que
poderia ultrapassar o poder da imaginação, os minutos foram longos.
De
repente, ouviu umas batidas insistentes, olhou por todos os lados e nada viu,
tudo estava fechado, pois o dia estava nublado e frio, as batidas continuavam, ela
constata ser barulho contra a vidraça.
Olha para a
janela que está à sua frente e vê um lindo pássaro batendo com o bico no vidro.
Pensou logo:- Oh! A avezinha chocou se
contra o vidro. Correu abrir a janela para salvar a pequenina, porém teve um
sobressalto, a ave piou fortemente, como se a estivesse admoestando-a, Elisa
sentiu-se sendo repreendida pela pequena e leve figurinha, que identificou ser
um pequeno sabiá, pela sua cor de ferrugem no ventre. Era comum, todas as
manhãs ouvir seu melodioso canto, mas entrar assim em casa e ainda fazer birra?
Era estranho. Elisa se afastou da janela para dar passagem a ela, que não
perdeu tempo e voou para um vaso, que estava em um canto da sala, nele havia
plantado uma pequena árvore ornamental, sua surpresa foi maior ainda, quando
percebeu que a avezinha se ajeitou em meio aos galhos e ali ficou. Elisa ficou
sem reação, mas aos poucos decidiu descobrir o que estava havendo, caminhou na
ponta dos pés e, ao chegar perto do vaso, afastou alguns ramos da árvore e
surpreendida vislumbrou um pequeno ninho com quatro filhotinhos.
Pensou muito
para decidir o que fazer, pois se o ninho fosse descoberto, todos os moradores
do ninho corriam grande perigo, pois a família de Elisa era composta de adultos
e duas crianças, sem contar com a gatinha de estimação que vivia dentro da
casa. O que fazer?
Enquanto estava
ali, parada pensando, sem perceber que a gatinha veio bem devagar e deu uma
grande espiada no ninho. Ela então constatou que já se conheciam, era um
problema a menos.
Ela resolveu
deixar assim, sem comentar com mais ninguém, pois se ela teve tempo para fazer
o ninho, botar, chocar e ainda lutar pela sobrevivência dos pequenos, tudo
ficaria bem.
Perdeu a concentração na leitura, mas tentou
continuar. Fechou o vidro da janela, pois o frio a perturbava. Passado alguns
minutos, novas bicadas contra a vidraça.
-O que será?
Pois estava tudo certo no ninho, porém havia
outro sabiá querendo entrar, ela ergueu o vidro e ele sem cerimônia voou até o
local do ninho.
Deduziu que
estavam se revezando para alimentar os filhos, a surpresa foi maior ainda
quando sua mãe veio e lhe perguntou por que ela estava com ar de assustada.
Ela contou e percebeu que a mãe não mostrou
surpresa e curiosa quis saber o motivo.
Então a mãe lhe contou que há tempos cuida do casal de sabiá, e que havia
acostumado em deixar um pequeno pedaço de madeira na janela para que o vidro
não se fechasse totalmente.
-Por que não
me contou, mamãe?
-Porque você está sempre no trabalho e quando
está em casa, tem a companhia de seus livros.
-Mamãe,
temos que cuidar para que as crianças não encontrem o ninho.
-Filha,
todos aqui, em casa sabem e cuidam.
-Ah!!! Mamãe...
Parou de
falar ao perceber que o pequeno pássaro estava de saída, encontrou o vidro
aberto e foi sem reclamar.
Então
descobriu que estava diante de um fato inimaginável, dentro de sua própria casa.