28 de out. de 2020

Hoje

Hoje, eu precisava apenas sair

Andar por aí, sem rumo, sem direção

Olhando as paisagens, o verde, o azul...

Sentindo o vento emaranhando meus cabelos

A brisa beijando meu rosto

O sol esquentando meu corpo

Só por hoje, eu gostaria de apenas caminhar

Sem dizer bom dia ou olá!

Dar um meio sorriso, colocar as mãos nos bolsos e andar

Ouvir Deus conversando comigo,

 Através do barulho das águas do rio

Do canto dos pássaros, ou do som

Que o vento produz no catavento

 Hoje, eu precisava apenas sentir,

 Apenas crer, apenas agradecer,

Sem expectativas, sem esperas, sem tempo...

Andar até meus pés, cansados, pedirem para voltar

Dar meia volta, mesmo sem saber para onde voltar.



17 de out. de 2020

Aos Poetas

Imagem do Google
  

    Graças ao movimento Poético Nacional, que aconteceu no dia 20 de outubro de 1976, em São Paulo, na casa do brasileiro Paulo Menotti Del Picchia, que era jornalista, romancista, advogado e cronista, escolheu-se esta data para comemorar “O Dia Nacional do Poeta”, apesar de não haver uma lei que oficialize esta data a nível extraoficial, ela é comemorada no Brasil.

  Ele foi um escritor brasileiro da primeira geração do Modernismo foi um dos mais combativos militantes da estética modernista.

  Às vezes, há uma pequena confusão com as datas, pois alguns calendários trazem a data 14 de março como “O Dia do Poeta”, porém é o Dia Nacional da Poesia, que é uma homenagem ao poeta brasileiro do romantismo, Castro Alves, que nasceu em 14 de março de 1847.

 


Podemos verificar em diversas matérias, que falam sobre “O Dia do Poeta”, a data trocada e a homenagem feita ao poeta passa a ser para o “ Dia da Poesia” ou vice-versa, pois há semelhança no assunto, porém com datas distintas. Voltemos aos poetas.

   Fenando Pessoa em seu poema: O Poeta é um Fingidor diz que,

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

Eu gosto de afirmar que o poeta não é um fingidor, mas é um grande mágico, que garimpa as palavras adequadas, e vai com elas construindo versos com os quais nos dá um lindo e magnífico poema, além disso, ele tem o poder de com a sua magia mexer com a fome, a pobreza, os políticos, a educação, e até com a própria poesia, ele luta com as palavras que estão à sua disposição. O poeta também sente a solidão lhe congelar a alma quando nada lhe vem à mente para escrever seu poema, tem a poesia em seu âmago, porém não consegue apresentá-la, aí se sente no exílio, faz expatriação forçada, sente que a solidão lhe força uma retirada para que seus versos não incorporem a tristeza da solidão em seus ledores mais apaixonados pelos seus poemas.

Exemplos de alguns versos repletos de tristeza, do poema: “Solidão”.

Às vezes vem cantando um passarinho

Mas passa. E eu vou seguindo o meu caminho

Na tristeza sem fim de uma alma morta. (Vinicius de Moraes)

Como definir um poeta? O dicionário nos dá esta definição simplista:

    Poeta é autor cuja obra é impregnada de poesia.

Sabemos que ser poeta é muito mais, apesar de que sua obra é impregnada de poesia, “ele é um ser que vê o que os outros não conseguem enxergar. É aquele que exterioriza sua alma, seus sentimentos, expondo sua sensibilidade. É aquele que toca os sentimentos alheios com sua poesia. É o ser sensível que consegue sentir os mínimos toques do Universo e transmitir os seus sentimentos”.

Sem explicações aqui, para o termo “Poeta” para as mulheres, nada melhor que a própria poeta com seus versos e magia nos explicar.

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta. Cecília Meireles

Somando com mais um exemplo da professora e poeta Lupe Cotrim, com uma estrofe de seu poema "O dúplice".

Ser poeta

é meu resíduo

de tristeza

ao não ser triste.

  O motivo de possuirmos uma data para comemorar “O Dia do Poeta” é o escritor Paulo Menotti del Picchia como vimos acima, nada mais justo 

 que registrarmos um poema dele aqui.

Noite

“As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem.

Todos os rumores são postos em surdina,

todas as luzes se apagam.

Há um grande aparato de câmara funerária

na paisagem do mundo.

Os homens ficam rígidos,

tomam a posição horizontal

e ensaiam o próprio cadáver.

Cada leito é a maquete de um túmulo.

Cada sono em ensaio de morte.

No cemitério da treva

tudo morre provisoriamente”.

   Machado de Assis dá uma bela definição de ser poeta:

“Você é aquilo que ninguém vê. Uma coleção de histórias, estórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos e pensamentos. Se definir é se limitar. Você é um eterno parênteses em aberto, enquanto sua eternidade durar”.

  Parabéns a todos os poetas!

3 de out. de 2020

Momentos de inseguranças

 

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       Ainda em época de pandemia parei para analisar o que já passamos nesses meses de isolamento. Jamais esperava que fosse durar tanto tempo, mesmo conhecendo um pouco da história das pandemias, que aconteceram no passado, não tinha a mínima ideia de como seria essa, que vivemos. De repente, me vi confinada, distante dos meus filhos, o que ainda está sendo um desafio, porém, há pessoas em situações piores, há muitos que passaram por demissões, outros estão com o emocional abalado, lutos profissionais, luto por morte de pessoas, luto pela morte na família, a dor de não poder velar ou ao menos dizer seu último adeus a quem morreu.  Porém, subitamente nos vem o pensamento: “Ah! Agora terei tempo”. Vou escrever muito, vou ler os livros que estão à espera, vou fazer curso de inglês, espanhol e aí, percebemos que a nossa aspiração e as ideias foram embora ou quem sabe também se isolaram, e nos perguntamos: para quem vou escrever para quem vou ler? Porque, infelizmente não aprendemos a viver com nós mesmos.

   Aí vêm todos os tipos de cobrança da nossa consciência e lembramo-nos de Drummond de Andrade dizia: -“Amanhã eu recomeço”.

Sabemos que tudo vai passar, mas também que vai ser difícil se estruturar, pois dentro disso tudo, além da pandemia, há o momento caótico da política, saúde, educação e demais áreas importantes a cada cidadão.

    Ouvimos muito a pergunta: sairemos melhor dessa Pandemia? Melhor não, mas com certeza, diferente, pois muita coisa mudou.

    Quanto tempo perdemos em nossas vidas esperando para sermos felizes apenas nos finais de semana, com certeza, você já ouviu um colega de trabalho, um amigo, ou até um estranho na fila do mercado dizendo, com o tom de resmungo, num final de domingo: “ah, amanhã já é segunda-feira?” E quando lhe perguntam: O que você fez no final de semana?

   -Ah! Aproveitei para dormir. Pois é, não é este o assunto desta crônica, mas se formos refletir nós dormimos um terço de nosso dia, o que dará no final dos setenta e cinco anos, por exemplo, teremos dormido por vinte e cinco anos. E agora em época de pandemia ouvimos muito: estou tendo insônia com muita frequência e vivo ansioso. Podemos dizer que há um trauma coletivo, muitos não conseguem dormir.

  Estamos sempre esperando um determinado tempo para sermos felizes, o problema é que não pensamos que esse tempo pode não chegar, é nítido, num ambiente de trabalho, o humor mudar conforme a semana corre. Na sexta-feira, o clima de festa contagia a todos. Sorrisos, brincadeiras, músicas e até colegas dançando na cozinha, enquanto esperam o café ficar pronto. Porém, e se esta for a sua última sexta-feira, que poderá sair livremente, ir à balada, ir à praia, viajar com a família ou amigos, última sexta-feira que poderá sair de casa, pegar condução para ir ao trabalho, sair para assistir a uma peça de teatro, comer livremente um cachorro-quente?  E você sempre espera pelo próximo final de semana, esquecendo que todos os dias devem ser vividos, sentidos ao máximo. E se, na próxima sexta-feira, você se encontrar acamado, em um hospital, a sexta-feira ainda será mágica? Devemos ter a consciência de que não somos eternos aqui na Terra e que, de pronto, sem esperarmos, somos levados daqui para o plano espiritual. E, nos é arrancado lar, família, posses e aquele café que tomávamos na cozinha sexta-feira, passada. Não sei se é algo cultural, mas o final de domingo e a segunda-feira sempre foram vistos como tediosos, deixando as pessoas mais caladas, mais introspectivas e menos “felizes”. Interessante que hoje, com a pandemia para muitas pessoas, todos os dias são sextas-feiras e domingos. Cantemos, dancemos todos os dias. Celebremos algo que nos foi emprestado e que será tomado de volta a qualquer momento: a vida terrena. Não deixemos de sonhar e ansiar o futuro bom, mas vivamos a realidade do agora, que para muitos, não existe mais. Glorifiquemos as horas, os instantes e todos os dias, sejam segundas, terças ou sextas-feiras. Todos têm sua magia, pois ela depende apenas de nós mesmos. Devemos reverenciar a vida a todo o momento, pois Deus nos dá novas chances todos os dias.

“Acreditar no impossível é uma forma de renovar a fé”.

A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...