Domingos são típicos para aproveitarmos ao lado da família,
regados com bom papo e filmes. Principalmente, domingos cinza e frios, como estão
sendo ultimamente em minha cidade.
No final do dia, aproveito para ver o que está passando no
canal aberto. SBT, programa Eliana, um quadro me chamou a atenção.
Claro que o efeito de programas assim é utilizar-se ao máximo
do recurso que os apresentadores, já escolados, têm em suas mãos: o
sensacionalismo.
Mas, dessa vez, o apelo foi baixo.
Uma personagem, com os braços abaixados e mãos cruzadas,
narrava sua juventude sofrida no interior da Bahia.
Parei para prestar atenção. Sempre aprendemos um pouco.
Num determinado momento, revelou-se o que aquela senhora,
cujos olhos demonstravam toda tristeza, e um vazio imenso, buscava no programa:
o reencontro com seus quatro filhos.
Devido a um marido machista, ele a expulsou. Mandou-a
embora, sem nada, sem seus filhos.
E os anos passaram, ela voltou à Bahia algumas vezes atrás
de informações, mas foi como se eles virassem fumaça.
30 anos depois, Eliana, consegue ajudá-la, e encontra seus
filhos. Porém, um deles não quis ir ao programa e conhecer sua mãe.
Claro, é aceitável, só Deus sabe o que o pai falou sobre a mãe
biológica a eles.
Mas, pensei comigo... e se fosse o inverso? Eu tenho certeza,de que a mãe não pensaria duas vezes para tomar seus rebentos em seus braços, perdoá-los
e viverem todos juntos, em harmonia, retomando a vida que lhes fora negada por
terceiros.
Aí surge a dúvida: Por que para os filhos é mais difícil
perdoar às suas mães? Já que o oposto não ocorre?
Mistérios divinos?
Uma vez li que mãe é um anjo que Deus manda à Terra para
proteger Seus filhos.
Pois bem, se assim for, justifica-se que toda mãe perdoa. Que
toda mãe ama incondicionalmente “seu pedacinho”.
Acredito que seja esse o papel principal: amar, amar e amar.
Quantos machucados já foram curados através do abraço de uma
mãe, ou um beijo, ou apenas um afago?
Mãe nasce com essa fagulha a mais, com esse toque divino,
porque deve ser assim.
Por isso, a poucas é dado tal privilégio.
Muitas colocam filhos no mundo ( vezes por um descuido ),
mas poucas são mães.
Mas, voltado ao programa, no final, os três filhos que foram
ao encontro daquela senhora, apenas uma, a filha caçula a abraçou com carinho
e saudade. Os outros dois, ainda machucados, abraçaram aquela mulher como
abraçariam a outra senhora qualquer, por educação.
O que também me fez pensar: que direito aquele pai teve em
fazer isso com seus filhos? Que amor é esse que, por vaidade, pune a seus
rebentos?
Ele construiu uma imagem monstruosa, que fez com que os
corações dos seus filhos congelassem em relação à mãe biológica. E como
reverter isso?
A mãe deles já sabe e demonstrou: amando-os
incondicionalmente.
No momento certo, o amor os unirá, e dissipará toda mágoa e
angústia que há ali. E os danos serão reparados.
O amor sempre dá um jeito de refazer, remontar e curar. Principalmente
o de uma mãe.