Bateu-me uma saudade imensa da minha infância. A máquina do
tempo em meu cérebro começou a retroceder...
Parou por volta dos meus cinco ou seis anos, tenho certeza,
pois eu ainda não estava na escola, naquele tempo o Berçário ficava no quarto
dos meus pais, o Maternal e a Pré-Escola era ao lado dos meus avós. Ah! Tempo
bom. A minha rua ficava na localidade de Tócos, hoje é um bairro populoso
denominado Bairro São Pedro e a minha rua hoje, chama-se Avenida João Pessoa.
Minha rua não era asfaltada, não tinha iluminação pública,
recolhimento de lixo, entulho, nada de telefone, tudo que pudermos enumerar nos
dias atuais, naquela época eram inexistentes, portanto posso contar tudo o que
havia nela.
Ela era ornamentada por rica vegetação: Havia muita Mamona, Inhapindá
(conhecida vugarmente por Unha de Gato) e sobre toda essa vegetação havia
muito cipó o qual era carregado de pente de macaco, eu conhecia por este nome,
e bem em frente da minha casa, do outro lado da rua, havia um imenso pinheiro
(araucária), lindo e sob ele o gado descansava e mais, junto a ele e, escondido
pela vegetação, havia um campinho de futebol, onde os meninos passavam as horas
sem correr perigo algum.
Voltando o olhar para a minha rua, havia uma grande valeta,
misteriosa até, era descomunal em comparação às que conhecemos. Ela tinha uma
metragem de mais de um metro de largura, mais parecia ser um lago, suas águas
desciam limpíssimas, ela vinha do morro e passava ao lado da minha rua. Algumas
crianças, poucas, na época, brincavam ali tranquilamente, e aproveitavam para
colher e comer amorinhas. Eu só podia olhar de longe, pois o Papai Noel me
proibira de sair para brincar na rua. Eu obedecia, pois sabia que ele me
cobraria no dia de Natal.
Junto a minha casa havia um grande campo, meu pai na época,
comprou uma grande parte de terreno do seu Ângelo Schwab e mais tarde foi
repassado para meus tios que também construíram suas casas.
A minha rua era de terra batida e quando chovia o areial
virava num atoleiro, cenas de filme. Muitos atolavam ali e ninguém conseguia
sair limpo. Na época havia o uso de galochas, eram calçados de borracha que se
usava sobre o calçado, mantendo-o limpo e seco.Na minha rua havia muitos
pedaços de madeira, troncos de árvores e galhos para ajudar na compactação da
terra. Era um caos quando chovia.
Volto à minha memória e vejo com muita lucidez o morro da
minha rua, no qual, meu pai e meus dois tios subiam para ir ao trabalho. Eu
gritava:
-Mãe, eles estão “subindo a subida,” e estão pedalando
(risos) eu gostava de ficar olhando para ver se meu pai conseguia pedalar morro
acima, (foi ciclista ganhador de muitos troféus) e todos conseguiam. Ao lado direito da minha rua, no topezinho próximo à
linha do trem, ficava o “ Salão Poeirinha,” ou “Poeira,” o nome é devido à
poeira que levantava no momento da dança, para mim cada dia tinha outro gosto,
outro valor. Imagino hoje, os que iam dançar levavam muito barro em seus
sapatos ou botas para dentro do salão e quando secava, tudo virava pó. E o salão
tremia, como eu sei?
Do meu quarto eu ouvia o som, e nas noites de carnaval era
mais forte, e eu morava longe do Salão.
Bem na esquina, no lado oposto do salão havia cerca de
arame que cercava a propriedade dos
Wolf.
Os moradores da minha rua eram poucos. Ao lado da minha
casa, mas do outro lado da rua era a residência dos Schwab, dona Helena, mãe do
seu Schwab, morou por muitos anos no mesmo lugar, era um terreno com metragem
enorme, havia nele estrebaria, galinheiro, potreiro e muitas árvores frutíferas,
que ficavam juntas a muitas flores.
Acima do lado direito, morava a família
dos Jolly .
A minha rua ainda está lá, mas como eu ela mudou de
aparência e hoje, ela é uma bela Avenida com muitos moradores ao seu redor. Eu
ainda a vejo como era no meu tempo de criança.
Eu posso contar nos dedos às vezes, que vira agitação, na
rua ou seja movimento ou barulho maior
ou diferente dos dias rotineiros.
Toda a poesia de minha vida poderia resumir-se naquele
instante que jamais foi passageiro, o olhar apaixonado que eu tinha em meu
rosto, reflete hoje, na saudade agradável que sinto em mim.
Limerique
ResponderExcluirAs vezes, assoma-nos a nostalgia
Que traz coisas para o dia-a-dia
São fantasmas do passado
Pretérito bem-assombrado
Com tudo de bom que então havia.
Olá Jair,o bom do passado é quando podemos afirmar que é bem assombrado.Minha infância foi muito rica em relação ao que existia na época. Obrigada pela visita. Abraço!
ExcluirBom demais da conta. Saudosista ao extremo, denota infância feliz. Parabéns!
ResponderExcluirOlá, realmente eu sou e estou saudosista, e tem razão mais um vez tive uma infância maravilhosa.
ExcluirObrigada! Abraço!
Vc tem uma facilidade muito grande para escrever e consegue traduzir coisas boas demais em texto, parabéns.
ResponderExcluirEstou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
Abraços
http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/
Olá Fernando, obrigada pela sua ótima avaliação dos meus escritos.Volte sempre, pois és bem vindo a este espaço que também é seu. Abraços!
ExcluirVoltar ao passado é uma viagem que faz bem. Principalmente, quando as lembranças são boas.
ResponderExcluirAbraços,
Furtado.
Olá Rosemildo, obrigada por sua visita e comentário.Minhas lembranças são ótimas, pois tive uma infância muito feliz. Abraços!
ExcluirBelíssimo texto, a sensação boa que a infância provocava e que hoje não encontramos mais.
ResponderExcluirAbraços do amiguinho camarada.
Olá Gasparzinho, obrigada pela avaliação do meu texto,pois sempre fico insegura quando escrevo algo sobre a minha vida.Gosto muito de escrever sobre esta sensação maravilhosa. A minha infância foi recheada de momentos doces. Grande abraço!
Excluireu conheço essa rua, a rua da minha casa...
ResponderExcluirna minha infância ainda dava-se para aproveitá-la, o movimento era menor, lembro-me de sentar no meio fio com uma senhora conhecida como "cuca" e tomar sorvete, sob os olhos atentos dos meus avós, que achavam que ela ia me sequestrar por ser andarilha. bons tempos, ótimos tempos, que não voltam mais...
Olá Any,bom saber que a minha rua também teve influência na sua infância.Bons tempo, hein!
ExcluirHoje, a rua tornou-se uma bela avenida, rodeada de moradores e belas casas. Saudades!
Grande beijo!
Que bem contada essa tua história da tua infância! Vi que você conta com extremo carinho e saudades. Essas são as preciosidades que não se apagam, nossa memória preserva. Há muito que pretendo voltar na rua em que vivi, preciso saber como ela está, as transformações que passou ao longo de todo esse tempo. Agora você me deixou com mais vontade de ir...
ResponderExcluirLindo texto, Marli! Narrado com coração de criança.
Beijos pra você!
Passando só para avisar:
ResponderExcluirDia de gincana literária no meu blog, não deixe de participar.
http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/
Eu tive duas ruas importante na minha infância, eram onde moravam meus avós. Eu morei boa parte da vida em avenina ai não tinha como brincar livremente. Já nas ruas da minha infância dava para jogar bola no meio da rua.
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