12 de jul. de 2017

A robotização da massa

Vejo pessoas  robotizadas  pelas ruas, cabeças baixas, dedos deslizando sobre pequenas telas pretas.
Ando pelas calçadas com as mãos nos bolsos, sinto-me invisível,
confesso que até prefiro ser invisível, às vezes.
Pessoas  andam com as cabeças mais vazias, e a língua mais afiada para projetar a maldade, nas pessoas  que atravessam o seu caminho. 


No meu MP4, Zé Ramalho canta “ Admirável Gado Novo”
e penso que, pela primeira vez, prestei atenção nesta letra,
na profundidade e significado de suas palavras, a letra foi inspirada na obra de” Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, a qual foi composta em 1979, como consta em sua biografia, ela foi um protesto à época do governo militar, porém  fico a pensar: em que momento o Brasil saiu do marasmo de estar deitado no berço esplêndido?
Falemos aqui da descoberta do nosso país, quando portugueses, principalmente, tomaram e fizeram das nossas  terras seus celeiros, nos quais guardavam o que há de pior ,
usaram nosso país como cobaia, levaram nossas riquezas,
povoaram-no com pessoas que para eles nem serventia tinham mais, e estas mesmas pessoas que encontro de cabeça  baixa, olhos fixos nas pequenas  telas pretas são as que assumem que não gostam e não querem saber de política.
Como se algo maligno ela representasse.
Mas não é assim! 
A política, em si é boa, desde que feita da forma correta e que os políticos que a representam no momento, sejam cobrados de forma correta, porém, aqui dentro, sinto que,   cada vez que um brasileiro diz: não gosto e não quero saber!
Um político dá gargalhadas, com os bolsos e cueca cheias de dinheiro, cheias com o nosso dinheiro.
Este mesmo, tão suado, que Zé Ramalho canta, este que temos que trabalhar mais e mais para pagar mais e mais impostos.
Aquele que é prometido para a saúde e educação, mas quando nos damos conta ambos  os campos foram maquiados,  meus amigos, digam-me: qual político em sã consciência, hoje, quer um povo saudável e inteligente?
Um povo que não dependa mais deles? Um povo que saiba como decidir, interpretar e entender qual político realmente levará a política a sério?
As escolas  estão doutrinadas para ensinarem o básico, aquilo que convém ao governo,
prova disso foi o livro abolido há pouco tempo, ainda do governo anterior, em que o MEC ( sabendo sem saber ), liberou verba para ser impresso, o qual deixou famílias em polvorosa quanto ao seu conteúdo  sexual e explícito.
E os valores vão se perdendo pelo caminho... como as migalhas de pão do conto infantil de  João e Maria, e quando eles  tentam voltar  percebem que as migalhas já foram comidas, e não há outro final a não ser o enclausuramento.
É justamente isso que percebo em nosso sistema político hoje: vamos deixando migalhas pelo caminho, que são comidas por eles, políticos que são pagos com o nosso dinheiro,
para que assim, não possamos mais voltar e recomeçar.
Lembro um ano em que milhões de brasileiros foram às ruas, queriam  o Brasil de volta para nós...
Por um lado conseguiram, mas... sinto que os brasileiros de bem acordaram tarde demais...
Aquele berço do início, lembram-se? Pois é...
Talvez faça parte do Hino Nacional por um motivo verdadeiro, o gigante acordou por alguns dias, mas voltou a dormir.
Esta é a realidade.
O país está fragmentado por culpa do próprio brasileiro que decidiu escolher” lados”, e não o seu país, pois quando o povo escolhe um lado (esquerdo, direito, centro) para defender, que não seja o seu país, tudo começa a ficar perigoso...
Alguns brasileiros escolheram lados, e não a sua bandeira, símbolo máximo de representação da nação brasileira.
E não percebem que, nos bastidores, esses mesmos políticos que eles defendem, e até brigam por eles, estão sentados em restaurantes luxuosos, fazendo acordos contra estes mesmos brasileiros.
A música de Zé Ramalho, escrita em 79, não era alusiva ao período militar, ela é alusiva a todos os períodos políticos que vivemos, desde sempre.
Ouço muitos falarem: por favor, devolvam o Brasil aos índios!
Mas até eles perderam sua identidade.
Penso como é estranho um país com pessoas de bem, que quando é preciso dão-se as mãos e ajudam ao próximo, mas ser massa de manobra nas mãos de poucos...
O brasileiro provou, inúmeras  vezes, que é capaz de mudar o rumo da história, e talvez ela esteja mudando, mas  como sabemos  nosso país, é imenso... tudo acontece devagar.
A sensação é de nadar contra as ondas  todos  os  dias, e cada vez mais sentir a beira do mar, longe de ser alcançada.

... e elas continuam a andar com a cabeça baixa.
Fotos: Google


10 comentários:

  1. Um texto cheio de profundidade!

    Beijinhos

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  2. Gostei da mudança do blog.
    Realmente vivemos um tempo estranho, pessoas alienadas, muita gente dando palpites mas não fazendo nada.
    Torço por dias melhores.

    bjokas =)

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  3. Belo texto Marli!
    Realmente o nosso País anda muito devagar e com isso estamos caminhando sem rumo,mesmo sabendo que podemos mudá-lo,mas do jeito que está vai demorar.
    Bjs e obrigada pela visita.
    Carmen Lúcia.

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  4. Amiga, sua crônica está recheada de grandes verdades. Encontramos pessoas assim de todas as idades. O pior que o diálogo familiar está acabando. As pessoas já não falam olhando no olho, mas numa tecla. Por ai vai! Gosto da internet, mas não exagero.
    Querida, tenha uma noite de paz e um lindo amanhecer. Abraçoss

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  5. Olá, querida Marli!

    E quem assim fala, escreve, é uma mulher brasileira, culta e que sabe a História do seu "gigante". Não me quero pronunciar qto à politica brasileira, mas pergunto se há ainda uma meia dúzia de políticos brasileiros não corruptos e corrompidos?

    Qto à colonização do Brasil por portugueses, pois, teve seus erros, e alguns graves, mas é natural e normal que quem é colonizado, queira ser independente, mesmo que a "coisa" não dê, ao longo dos tempos, lá muito certa.

    Beijos e boa semana.

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  6. Somos carneiros sem dono numa planície árida!

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  7. Vi seu comentário no blog, que bom que testou e gostou da receita.

    bjokas =)

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  8. Marli concordo inteiramente com o que você diz nesta sua excelente crônica a respeito do nosso país e dos seus colonizadores. Vieram para cá os escravos, usaram e abusaram do seu trabalho escravo, depois deram-lhe liberdade esquecendo-se de educá-los e de dar a essa pobre gente profissões técnica, que era possível na época e em tempo que se seguiram. O resto da crítica dessa nossa "herança" está dito por você, magistralmente. Parabéns.
    Ótima semana.
    Um grande abraço.
    Pedro

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  9. Querida Marly, parabéns pela cronica e o tema abordado.
    Acredito que devagar como você lembrou, os brasileiros começam a acordar. a massa alienada por tanto tempo, de repente se percebeu numa avalanche de sujeiras que durante décadas estava debaixo dos mais ricos tapetes. Quem perdeu e com isso? nós. Não podemos deixar que a corrupção continue impune econtinuemos com os olhos vendados. Se desejamos um país melhor, devemos fazer a nossa parte. Parabéns!
    grata pela visita, abraços. Tenha uma semana de muita paz.

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  10. Excelente crônica, Marli! Esse país está aos frangalhos. Tamanha corrupção jamais fez parte do nosso cenário político. Mas veja só a escória que temos de políticos! Todos os dias saem corruptos da cartola. Claro, isso se deu com mais força de 14 anos para cá. Pessoas classe baixa ficaram milionários em poucos anos. Mas como? Pois é, grupos infindáveis que nem vou denominá-los aqui, se formaram e saquearam a nação. Você acredita que as coisas irão melhorar continuando assim? O DNA já se instalou no sangue de todas as classes interessadas no seu bem-estar. Com o aumento dos impostos, nós é que vamos pagar a roubalheira, como sempre. Depois de 2013, não houve uma manifestação de grande porte nas ruas. E precisa, urgente. Nenhum estrangeiro pode saber como está o Brasil, escutam qualquer coisa, mas sem sentido real. Só vivendo aqui para ter a exata noção.
    Parabéns pela sua crônica tão certeira.
    Beijo, amiga!

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