As duas
garotinhas com passos apressados, seguiam pela estrada barrenta, cada uma com
um pequeno embrulho em papel pardo, parecia que protegiam um tesouro, eram
muito pequenas para estarem com tão grande responsabilidade, eram irmãs com
pouca diferença de idade, 6 e 7 anos.
Vestiam
roupas rotas, calçados surrados, meias remendadas e um gorro, o pescoço enrolado
em um pedaço de manta surrada, o gelo estalava sob seus pezinhos gelados, a
neve cobria seus ombros, e suas roupas pouco ajudavam para proteger do frio,
eram tempos difíceis.
O pai foi
levado para o campo de batalha, a mãe fazia o possível para manter os filhos
fora de perigo, pois tudo era controlado.
O ruído das
bombas, mesmo distantes passavam o terror que todos viviam em tempo de guerra.
As pequenas, acostumadas a enfrentar o perigo em busca de comida, andavam
apressadas, levantavam muito cedo, ainda com a escuridão da noite e saiam como
se fossem garimpar tesouros escondidos, e assim que conseguiam algo, elas
voltavam esfuziantes, cheias de esperança de mais um dia de vitória. Entraram
correndo, a mãe precisou fazê-las fecharem
a boca.
-Mãe,
conseguimos comida.
-O que temos
hoje, vamos ver?
Ana, a mais
nova abriu o seu embrulho e com um largo sorriso, mostrou seu tesouro.
-Veja, mãe,
consegui duas batatas e a Marta um bom pedaço de toucinho, teremos uma ótima
refeição, não é mamãe?
A mãe esconde
as lágrimas, pois há dias tentam sobreviver com o mínimo.
-Como vocês
conseguiram tão boa comida, minhas filhas?
-Ah,mãe, o
padre estava distribuindo para algumas pessoas e quando nos viu, entregou estes
pacotes e nos pediu para guardá-los bem, até que chegássemos em casa, e aqui
estamos. A primeira refeição do dia foi excelente, mesmo sendo pouca foi a
melhor.
Cada uma
tinha suas tarefas e mesmo sem tempo de escola, tinham deveres já estipulados
pela mãe.
O bombardeio
continuava com seu barulho infernal, a luz era de um toco de vela, a lenha
acabara e o fogão estava gelado, assim como toda a humilde casa. Não havia
muito o que fazer para se aquecerem.
-Mãe, quando
a guerra vai acabar? Não sei, Ana.
-Por que a
guerra existe?
A mãe ficou
pensativa, pois nem ela sabia o porquê das guerras, sempre soube que existiam,
mas não sabia o real motivo de povos fazerem guerra para matar tanta gente, e
gente igual a todos, a pequena insistiu na pergunta, e a mãe teve a resposta.
-Filha, a
falta de amor, a falta de respeito com o próximo e a falta de igualdade é que
levam os povos a fazer a guerra, a matar as pessoas, porém, com certeza, um dia,
espero que esteja próximo, todos nós viveremos em paz, o amor reinará em todos
os lugares e não haverá lugar para o ódio e nem para a guerra.
Agora vamos
dormir, pois não temos como vencer o frio, e amanhã teremos um dia lindo.
Lindo de ler!!
ResponderExcluirBeijos. Bom fim de semana.
Constroem armas, bombas, material bélico de toda a espécie. Depois tem que se gastar não é mesmo? Por esse e outros motivos existe a guerra. A soberba do poder, e o ter que se gastar o supérfluo, a isso obriga.
ResponderExcluir.
* Doce paisagem do teu sorriso, qual azul do Mar *
.
Votos de um fim de semana muito feliz.
Boa tarde
Triste que tano e cada vez mais essas faltas vemos no mundo e mais e mais crescem as desuniões, guerras. beijos, chica
ResponderExcluirPassando para ler mais um belo texto. Adorei
ResponderExcluirHoje:- Sou terra e mar...Sou sol e lua
-
Bjos
Votos de um Domingo Feliz.
Um texto ao mesmo tempo inquietante e comovente.
ResponderExcluirA mãe tem razão. As guerras existem por falta de amor, de respeito e de solidariedade. Mas o que é que isso interessa aos donos das armas?
Uma boa semana.
Um beijo, Amiga.
Um dia, o amor, a gentileza e a caridade serão as tônicas das nossas vidas com certeza! Belo texto! ;)
ResponderExcluirbeijos!
https://ludantasmusica.blogspot.com.br
Graças a um dos seus comentários
ResponderExcluirno meu blog resolvi dar continuidade
ao assunto. Refiro-me a Roleta mais
do que Russa, e para isso eu peço
a sua permissão para usar o seu nome e
o nome do seu blog como referência de
inspiração. Nada que possa comprometer
você ou a sua página será dito por lá.
E então, posso ou não devo mexer com
o que está quieto? Sua resposta é o
meu documento.
Um beijo, obrigado e até dia cinco,
no Palhacopoeta.
silvioafonso
;
Cara, eu nunca fico depois das 18h na
ExcluirInternet, mas hoje, por motivos alheios
aos meus costumes fiquei e me dei muito
bem. Agora eu posso dormir como um menino
que mostrar o boletim escolar ao pai cheio
de nota dez.
Graças ao seu comentário, querida
Marli, minha amiga.
Beijos e boa noite.
silvioafonso
.
Maravilha de texto.
ResponderExcluirA guerra não leva
ninguém a lugar
nenhum que não seja
a destruição e a morte.
Que bom que a mãe ainda
teve coinsciência de
ensinar as filhas o que
é certo e o que não é.
Pena que não teve como
dizer o que fazer além
de mandá-las dormir na
esperança de acordar num
um dia mais bonito e melhor.
Um beijo e boa noite, amiga.
silvioafonso
.
Um texto profundo e sensível. Gostei muito de ler.
ResponderExcluir.
* Campos ondulando em flor, afectos infinitos *
.
Votos de um dia feliz.
Querida Marli, texto reflexivo, inspirado na pergunta sem resposta do "porquê" da existência das guerras, pois é, incompreensível, não só pelas crianças, mas também por muitos adultos que gostariam de nunca mais ouvir falar sobre tais!
ResponderExcluirAmei ler, abraços apertados!
Muito bonito, Marli, comove a narração das crianças chegando com aquela comida... que triste é uma guerra, teu conto está ótimo. E para que serve um estropício de guerra? É a ganancia do ser humano que cresce sem parar. Ter de ter cada vez mais! Concordo quando li num lugar que o ser humano é o pior dos animais.
ResponderExcluirParabéns, amiga.
Grande beijo!
Belo texto, Marli. Realmente guerra não deveria existir. Se os animais não fazem guerra e apenas travam batalhas para a sobrevivência, por que os humanos alimentam o rancor? Bela mensagem! Parabéns! Grande abraço. Laerte.
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