3 de out. de 2020

Momentos de inseguranças

 

Imagem do Google

 

       Ainda em época de pandemia parei para analisar o que já passamos nesses meses de isolamento. Jamais esperava que fosse durar tanto tempo, mesmo conhecendo um pouco da história das pandemias, que aconteceram no passado, não tinha a mínima ideia de como seria essa, que vivemos. De repente, me vi confinada, distante dos meus filhos, o que ainda está sendo um desafio, porém, há pessoas em situações piores, há muitos que passaram por demissões, outros estão com o emocional abalado, lutos profissionais, luto por morte de pessoas, luto pela morte na família, a dor de não poder velar ou ao menos dizer seu último adeus a quem morreu.  Porém, subitamente nos vem o pensamento: “Ah! Agora terei tempo”. Vou escrever muito, vou ler os livros que estão à espera, vou fazer curso de inglês, espanhol e aí, percebemos que a nossa aspiração e as ideias foram embora ou quem sabe também se isolaram, e nos perguntamos: para quem vou escrever para quem vou ler? Porque, infelizmente não aprendemos a viver com nós mesmos.

   Aí vêm todos os tipos de cobrança da nossa consciência e lembramo-nos de Drummond de Andrade dizia: -“Amanhã eu recomeço”.

Sabemos que tudo vai passar, mas também que vai ser difícil se estruturar, pois dentro disso tudo, além da pandemia, há o momento caótico da política, saúde, educação e demais áreas importantes a cada cidadão.

    Ouvimos muito a pergunta: sairemos melhor dessa Pandemia? Melhor não, mas com certeza, diferente, pois muita coisa mudou.

    Quanto tempo perdemos em nossas vidas esperando para sermos felizes apenas nos finais de semana, com certeza, você já ouviu um colega de trabalho, um amigo, ou até um estranho na fila do mercado dizendo, com o tom de resmungo, num final de domingo: “ah, amanhã já é segunda-feira?” E quando lhe perguntam: O que você fez no final de semana?

   -Ah! Aproveitei para dormir. Pois é, não é este o assunto desta crônica, mas se formos refletir nós dormimos um terço de nosso dia, o que dará no final dos setenta e cinco anos, por exemplo, teremos dormido por vinte e cinco anos. E agora em época de pandemia ouvimos muito: estou tendo insônia com muita frequência e vivo ansioso. Podemos dizer que há um trauma coletivo, muitos não conseguem dormir.

  Estamos sempre esperando um determinado tempo para sermos felizes, o problema é que não pensamos que esse tempo pode não chegar, é nítido, num ambiente de trabalho, o humor mudar conforme a semana corre. Na sexta-feira, o clima de festa contagia a todos. Sorrisos, brincadeiras, músicas e até colegas dançando na cozinha, enquanto esperam o café ficar pronto. Porém, e se esta for a sua última sexta-feira, que poderá sair livremente, ir à balada, ir à praia, viajar com a família ou amigos, última sexta-feira que poderá sair de casa, pegar condução para ir ao trabalho, sair para assistir a uma peça de teatro, comer livremente um cachorro-quente?  E você sempre espera pelo próximo final de semana, esquecendo que todos os dias devem ser vividos, sentidos ao máximo. E se, na próxima sexta-feira, você se encontrar acamado, em um hospital, a sexta-feira ainda será mágica? Devemos ter a consciência de que não somos eternos aqui na Terra e que, de pronto, sem esperarmos, somos levados daqui para o plano espiritual. E, nos é arrancado lar, família, posses e aquele café que tomávamos na cozinha sexta-feira, passada. Não sei se é algo cultural, mas o final de domingo e a segunda-feira sempre foram vistos como tediosos, deixando as pessoas mais caladas, mais introspectivas e menos “felizes”. Interessante que hoje, com a pandemia para muitas pessoas, todos os dias são sextas-feiras e domingos. Cantemos, dancemos todos os dias. Celebremos algo que nos foi emprestado e que será tomado de volta a qualquer momento: a vida terrena. Não deixemos de sonhar e ansiar o futuro bom, mas vivamos a realidade do agora, que para muitos, não existe mais. Glorifiquemos as horas, os instantes e todos os dias, sejam segundas, terças ou sextas-feiras. Todos têm sua magia, pois ela depende apenas de nós mesmos. Devemos reverenciar a vida a todo o momento, pois Deus nos dá novas chances todos os dias.

“Acreditar no impossível é uma forma de renovar a fé”.

13 comentários:

  1. Oi, Marli! Tantas verdades trazes aqui no teu texto.Nós em casa, nos cuidando, longe da família por tanto tempo... Tanto perdemos nesse tempo. Aqui, perdi já quase 7 meses da Marina ao vivo e isso é irrecuperável..tanto ela aprendeu e fez... Mas...Fazer o quê? E assim vamos, esperando a hora certa! Esperemos o melhor! Lindo domingo! beijos, chica

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  2. Marli, nossa atual realidade nos fez perceber nossa finitude, nos fez estabelecer prioridades, nos trouxe maior consciência. As perdas são, muitas vezes, irrecuperáveis, mas estamos vivos e precisamos agradecer a Deus por isso e por tudo o mais que nos concede. Não há um dia especial para alguém ser feliz. Se soubermos utilizar os minutos de cada dia com sabedoria, teremos muito a comemorar. belo texto! Bjs.

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  3. Boa tarde de domingo, querida amiga Marli!
    Muito interessante tudo que aborda aqui.
    Gostei de algo em particular que e muito real: cuide bem da vida que nos foi "emprestada" ...
    A qualquer momento pode ser tomada de volta.
    Deus tenha piedade de nós!
    Tenha dias abençoados!
    Bjm carinhoso e fraterno

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  4. Boa tarde de domingo, querida amiga Marli!
    Muito interessante tudo que aborda aqui.
    Gostei de algo em particular que e muito real: cuide bem da vida que nos foi "emprestada" ...
    A qualquer momento pode ser tomada de volta.
    Deus tenha piedade de nós!
    Tenha dias abençoados!
    Bjm carinhoso e fraterno

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  5. Reflexivo, este seu texto. Mas precisamos de continuar a acreditar com esperança que um destes dias a tragédia que estamos a viver tem um fim...
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  6. pois nao é facil desejo tudo de bom bjs saude

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  7. Olá, querida Marly!

    Como sempre, você aborda em seus textos assuntos mto relevantes e de interesse público e esse não é exceção.

    Pois é, o mundo mudou desde o Coronavírus e estamos todos nos habituando ao "Novo Normal", se assim lhe podemos chamar. Não estávamos preparados(as) para um vírus tão contagioso e mortal. Qdo refilávamos por isso e mais aquilo, singularidades, jamais nos passou pela cabeça tudo aquilo porque estamos passando. Vida confinada, apertada, distante da família e dos amigos, enfim … mantém-se a esperança.

    Os Portugueses são dados ao fado, destino e não somos alegres, em geral, e sei k há pessoas k não saem de casa há mtos meses. Falam com os familiares pelas redes sociais, a alimentação chega através do supermercado e até a farmácia vem entregar os medicamentos a casa. Evidente que não estão bem, psicologicamente, mas vão levando a "coisa", mas para os povos mais alegres e com samba no pé, o caso do brasileiro, k ama sair, se encontrar, se abraçar, deve estar sendo mto, mto difícil.

    Continuemos apegados à esperança, embora não saibamos o que daqui vai resultar.

    Beijos, abraços e boa semana.

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  8. Como dizia o Drummond

    amanhã recomeçaremos!

    Saudações poéticas, para si!

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  9. Querida Marli, que belo texto, amiga. É verdade, a coisa não está nada fácil. Não sabemos se é bom sair, dar umas voltas obedecendo os protocolos ou não sair, pois quando se dá a flexibilização e começam a abrir tudo, os índices de óbitos e infectados sobem rapidamente. Então é aquela coisa: se corre o cachorro pega, se fica o cachorro morde. Eu não sei mais. Porém, estou em quarentena, raras saídas. Aos poucos. Nunca pensamos, nunca imaginamos viver uma pandemia. Pois aí está, e vamos indo como dá. Não penso o que fazer de pois, penso como sair dela sem nos engolir...
    Beijo, querida, cuide-se muito!
    Um bom fim de semana na medida do possível!

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  10. Triste, Marli Terezinha,
    Esta louca pandemia
    Que não termina. Diria
    Que é como erva daninha:
    Se arranca tudo que tinha
    Mas ainda sobra a semente
    E quando se vê, de repente
    Lá está ela soberana
    Com sua garra tirana
    Qual novo inço, infelizmente!

    Belo texto, amiga! Só nos veremos livres desse maldito bichinho quando a vacina vier - o que creio demorará muito ainda a uma vacina segura! Abraço cordial. Laerte.

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  11. Com a pandemia, muitos dos nossos hábitos e rotinas mudaram radicalmente. E nem todos têm capacidade para se adaptarem às novas circunstâncias. Melhores dias virão, mas talvez só com as vacinas fiquemos livres desta praga...
    Gostei do seu texto, bom para fazer uma oportuna reflexão.
    Bom fim de semana, querida amiga Marli.
    Beijo.

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  12. Ora, volto ao teu espaço,
    Prezada amiga Marli,
    Porque, na alma, eu senti
    A existência de um laço
    De luz entre nós e passo
    De novo aqui para ser
    Grato por teu parecer
    No meu espaço, querida!
    Minha gratidão! A vida
    Com amor nos dá mais prazer!

    Prezada confreira irmã, tua luz me alumia pela tua maestria em postar texto tão belo em meu blog. Meu respeito e abraço fraterno. Laerte.

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  13. Fiquei trancado três meses dentro
    de casa e como moro sozinho, tinha
    medo até da minha sombra. Hoje,
    acreditem ou não, tudo mudou por aqui.
    O povo já se beija, se abraça e até
    fala com a boca próxima a cara do
    outro e o contágio continua caindo,
    pelo menos é o que reza o índice
    local.
    Eu não beijo na boca faz tempo
    e talvez nem me lembre mais como
    fazê-lo. Do resto vamos remando
    pro barco não adernar.
    Um beijo e muito obrigado por
    suas gostosas e amáveis palavras.

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