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O
final do intervalo das aulas era anunciado pelo sinal, ainda do tempo da
sineta, que era grande, pesada e dourada, feita de bronze, fora doada à escola.
Começaria a aula de biologia, disciplina que a maioria gostava, principalmente,
na parte em que o professor explicava sobre o aparelho reprodutor humano. Havia
um aluno que sempre se atrasava, o professor era austero na observância das
normas e não aceitava atraso de ninguém, principalmente em suas aulas.Era um
colégio particular, onde os alunos vinham de famílias abastadas, ele estudava
ali, graças a uma bolsa integral, que lhe fora ofertada pelo diretor, pois era
um aluno inteligente, estudioso, pesquisador, questionador, possuía tudo que um
professor aprecia em um aluno promissor.
O problema é
que Lucas, normalmente chegava com atraso em suas aulas, e o mestre
disfarçadamente o deixava entrar, não questionava nada para não despertar a
atenção dos demais.
Lucas
rapidamente se inteirava do assunto da aula e começavam os seus
questionamentos, o professor tinha admiração pelas suas dúvidas, pois com elas
ele acabava tendo assunto para várias aulas. Alguns alunos, não davam a mínima
atenção às aulas, mas Lucas o fazia por todos. Trazia em seu caderno dúvidas de
estudo feito fora do horário, com livros da biblioteca, tinha satisfação em
poder aprender sempre mais.
Seu
professor o observava, sentia orgulho e o incentivava a ir além, porém o
problema do atraso continuava, e o preocupava. Tinha medo de saber o motivo e
perder seu melhor pupilo.
Assim, seguiam as aulas e o atraso do
aluno, certa tarde, o professor foi à biblioteca para registrar uns documentos
e percebeu que Lucas estava em uma mesa, no final da biblioteca, fazia questão
de não ser visto por ninguém, enquanto se dedicava arduamente ao estudo. O
professor se aproximou lentamente, e percebeu que o menino não havia saído para
almoçar, pois havia uma fatia de pão atrás dos livros. Seu Luciano, o professor
ficou por um longo tempo refletindo sobre o mistério que Lucas guardava para
si, porém, tinha receio de que se perguntasse algo, o menino que já era
reservado escapasse de seus olhos.
Virou-se
lentamente e foi embora, mas pensou melhor e voltou para falar com a bibliotecária.
- A senhora sabe me informar se aquele
menino, frequenta assiduamente a biblioteca?
- Sim, o Lucas lê tudo que há sobre biologia,
faz pesquisa, anota, registra, mas nunca ultrapassa às 16horas, também não faz
as refeições, como os demais, sinto pena dele, penso em oferecer comida a ele,
mas percebo que ele não deixa chance para eu me aproximar.
O professor
ficou mais intrigado, pensou em uma maneira de se aproximar do garoto para
saber mais sobre ele.
Programou-se para forçar um encontro, e na
tarde seguinte foi ao encontro do garoto. Lucas estava no mesmo cantinho,
absorto em seus estudos, nem percebeu a chegada do mestre.
-Boa tarde, Lucas? Podemos conversar?
O menino fez
que sim, com um aceno de cabeça, o professor sentou-se e fitou com carinho,
aquele menino que parecia tão necessitado de tudo.
-Lucas, pode me contar o porquê de seus
atrasos em minhas aulas?
O menino
mudou de cor, quis levantar-se e correr, mas por respeito ficou calado,
pensando como falar, sobre algo tão pessoal.
Virou o
rosto para o professor e despejou o que há muito tempo o entristecia. Contou
que tinha um irmão deficiente, e que ele se revezava para atendê-lo, chegava
atrasado porque tinha que esperar sua mãe chegar do hospital, onde trabalhava à
noite como enfermeira, e que ele não voltava para casa para almoçar, porque era
o único tempo que tinha para estudar, pois em sua casa não havia nem espaço.
O professor,
segurou as lágrimas e prometeu a si mesmo, ajudá-lo a se formar e seguir em
frente. As dificuldades não diminuíram, ao contrário, aumentaram, mas Lucas
seguiu em frente, tendo um aliado ao seu lado.
Atualmente, Lucas leciona bioquímica e presta
consultoria a empresas com ações de recuperação de áreas degradadas.
Casado com uma bióloga, pai de duas filhas,
continua estudando, mas hoje tem o seu cantinho à luz do sol, em sua casa.
Professor Luciano, tem como afilhadas as
duas pequenas de Lucas, as famílias são unidas, a gratidão está sempre presente
no coração e atitudes ao nobre e idoso professor. Todos moram no interior de
São Paulo.
Linda e comovente história.Que bom que o professor ajudou e estava bem atento e que Lucas nele confiou! Lindo! bjs, chica
ResponderExcluirQue texto maravilhoso!! Amei! :)
ResponderExcluirBeijinhos
Bom dia, é uma historia de vida que serve de lição para quem entende que a solidariedade não é importante, parabéns pelo belo texto.
ResponderExcluirFeliz fim de semana,
AG
OI MARLI!
ResponderExcluirQUE HISTÓRIA LINDA. SUPERAÇÃO E MAIS QUE TUDO SOBRE UM MESTRE QUE TEVE A SENSIBILIDADE DE VER ALÉM DAS APARÊNCIAS.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Que história bonita e comovente. Que mais alunos valorizem o aprendizado que têm a disposição.
ResponderExcluirBom fim de semana!
Que história bonita, Marli! Ótima semana! ;)
ResponderExcluirbeijos!
https://ludantasmusica.blogspot.com.br
Uma história maravilhosa. A narrativa deixou-me presa e a tentar desvendar o mistério do Lucas. Exemplar o comportamento do professor que pressentiu que algo de importante se passava.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Belo post, Marli! Não sei se é real ou ficcional, mas a verdade é que esforço e competência sempre dão certo, principalmente qd encontramos alguém de bom coração, que nos ajuda! Boa semana, amiga.
ResponderExcluirOlá, Marli, estou fazendo teste no seu blog para ver se o comentário entra. Agora vou ler seu post e comentá-lo. Avise!!
ResponderExcluirbjs
Uf... amiga, esse seu conto deixou-me com um nó na garganta, muito emocionante e bem triste, embora mostre a força de carácter e a perseverança para ir além. Emociona quando vemos, na real, casos assim. Se o ser humano não tivesse essas qualidades maravilhosas, pobre de nós.
ResponderExcluirMaravilhoso, amiga, parabéns!
Uma boa semana, se der para ser boa, né?
beijo!
Olá, Marli, muitas vezes julgamos as pessoas sem conhecer seus dramas, suas dificuldades. Esse professor foi humano e sensível. Seu conto é emocionante, mostra humanidade de um lado e gratidão de outro, sentimentos meio em baixa atualmente. Belo conto, Marli, meus parabéns por trazer uma história tão bonita.
ResponderExcluirUm bom domingo. Um abraço.
Pedro
Não tenho culta Marli, li a magnifica crónica e me emocionei, como sempre me emocionam, as histórias de pessoas que se entregam ao trabalho, sem as devidas condições que a sociedade, deviam conceder a todas as pessoas trabalhadoras e de elevado ou razoável QI - Quoeficiente de inteligência. São esses que, elevando-se a si, elevam a sociedade.
ResponderExcluirBeijos
Testando seu blog, amiga, para resolveres aquele problema...
ResponderExcluirbeijo