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Parei um tempo para olhar a chuva escorrendo pelo vidro da sala. Através dele, percebi um casal sob o guarda-chuva, que esperava para atravessar a rua. Ele, com o braço em torno da cintura dela, tentando protegê-la dos pingos incessantes. Peguei minha caneca com café, o dia estava frio, segurei com as duas mãos para esquentá-las um pouco. Comecei a divagar...
Será que o amor está fadado ao final, ao fracasso ? Quantos casais vivem juntos por 50 anos ou mais ? Quantos enfrentam a vida a dois, juntos ? Quantos tentam consertar ao invés de jogar fora ?
Os relacionamentos hoje me parecem tão superficiais. Talvez pela correria, ou pela frieza que as feridas da vida tornam nosso coração. Ou pelos tombos que levamos e deixamos, com isso, a desconfiança tomar nosso coração e pensamento. A superficialidade de uma transa e depois o adeus, apenas para contar pontos com os amigos. Não há mais o namoro, o conhecer, o mistério de descobrir, aos poucos, o sabor do beijo, se o abraço será capaz de aconchegar o outro corpo e protegê-lo. Hoje, a velocidade chegou nos relacionamentos também.Quando o ter, é mais importante que o descobrir. Talvez por isso, não dure... Primeiro a cama, depois a gente vê como fica. Mas aí, você começa a descobrir que ele ou ela não gosta de Neruda, tem pavor de andar de mãos dadas e adora filmes de terror. Tudo o que você não quer para a sua vida, ao seu lado, está ali, bem à sua frente, e você já não acha mais graça nas piadas sobre banalidades, e você não sente mais falta quando ele ou ela não manda mais mensagem, e você começa achar aquele perfume doce demais.
Então o encanto começa a desaparecer, e os detalhes começam a incomodar, e você já não deixa pra lá como antes ou, simplesmente, não liga se ele ou ela não aparecer no final de semana, com mais um filme da série Jogos Mortais. Pelo contrário, você respira com alívio. Já não se enfeita como antes, e coloca qualquer coisa só porque não pode andar sem roupa.
E o tempo passa... e o distanciamento é tão inevitável que, quando se dá conta, não há mais ninguém em sua vida. E você não sabe onde errou, onde começou a dar errado. E hoje, sob a chuva, segura o guarda-chuva, e está só. Sem um braço em torno do seu corpo, sem um sorriso quando seus olhares se cruzam e, estranhamente, você se sente bem, e está feliz. E tudo vai tomando novas cores, novos aromas. Retoma os contatos antes deixados de lado, os sonhos esquecidos.
Penso que não é o amor que está fadado ao fracasso mas, sim, aquele sentimento que não agrega valor ao seu... tomo um gole de café, sorrio sozinha. Abro meu Neruda: " Um homem só encontra a mulher ideal quando olhar no seu rosto e ver um anjo e, tendo-a nos braços, ter as tentações que só os demônios provocam..."
Linda imagem e tuas palavras! Adorei e creio que o amor não acaba...Eu aqui, estou há 51 anos casada com o mesmo marido, rs...e ainda nos amamos e nos cuidamos muito! Mas há que ter abertura pra isso, saber manter chama acesa, até mesmo na pandemia, rs...bjs, chica
ResponderExcluirOs relacionamentos hoje duram menos porque as mulheres, na sua maioria, trabalha, dependendo assim menos ou nado do homem.
ResponderExcluirO tempo em que uma mulher suportava tudo já lá vai. Depois acontece a violência, o assassinato, enfim... dizendo muitos que é por amor. Bonito, não é? Claro que não é isso que acontece.
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Saudações amigas
Cuide-se
Fantástico texto... Amei ler. Obrigada !
ResponderExcluir-
Enquanto a vida for vida tens a minha gratidão.
Beijos e uma excelente noite! :)
Marli, voltei pra dizer qu7e adorei tua participação lá no comentário! Muito legal! bjs, obrigadão! chica
ResponderExcluirMarli, querida, os tempos são outros, também vejo isso, a geração dos nossos filhos são diferentes, é melhor terminar o relacionamento do que lutar por ele. E é exatamente isso que sempre dei valor, os exemplos de nossas avós, de nossas mães. Dá trabalho arrumar a relação? Dá, mas o resultado é satisfatório, é baseado no amor, na dedicação, no querer o máximo para o outro. Essa de trocar facilmente depois de picuinhas... estão aí os resultados, muita infelicidade. Claro, se a outra pessoa é doente, violenta, ignorante e outras coisas mais... tem de sair desse relacionamento, sem dúvida. Há casos como você citou, um é água, o outro óleo, aí fica difícil. Ou quando um percebe que o outro não está nem aí... São situações incontroláveis. Mas caso contrário, vale a pena lutar.
ResponderExcluirBeijinho, amiga, adorei ver você lá!
Como estás nessa pandemia?
Bom dia de sábado, querida amiga Marli!
ResponderExcluirQue texto mais bem escrito!
Prende a atenção do início ao fim.
Grandes verdades se encontram aqui!
Entretanto creio no Amor e que possa haver restauração de todo tipo de situação.
Os demônios agem e Deus não fica atrás ...
Tenha um ótimo final de semana;
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Boa tarde Marli. Parabéns pelo seu texto. Aproveito a oportunidade para agradecer sua visita e comentário no meu blog. Nosso país passa por um momento complicado. Mais somos brasileiros e não desistimos nunca. Espero que esteja tudo bem com você e sua família. Se Deus quiser um dia quero conhecer o seu Estado.
ResponderExcluirOutros tempos! As pessoas não estão dispostas a lutar para manter um relacionamento e saem de um, entram noutro sem cerimônia e o pensamento é um só se não der certo eu separo
ResponderExcluirE aí vem a desilusão e a dor da separação pois nada foi feito para estreitar os laços. Havia amor? Talvez!!!!
Uma bela crônica Marli
Beijinhos
Um texto cheio de motivos de reflexão… Ainda há muitos casais que se amam. O segredo estará em nos aceitarmos uns aos outros como cada um é... Se queremos um amor à nossa imagem é difícil. Somos todos diferentes. O melhor é valorizarmos o lado bom de quem é capaz de partilhar a vida…
ResponderExcluirUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Subscrevo o seu texto, é tudo muito rápido e as pessoas mal se conhecem.
ResponderExcluirQuerida amiga Marli, continuação de boa semana.
Beijo.
Olá, Teresinha!
ResponderExcluirHá qto tempo eu não passo por aqui, mas a "menina" tb não me tem visitado. Enfim, estamos quites -rs.
O mundo mudou em todas as vertentes e no amor, logicamente, que sim, tb. Há ainda quem se ame de verdade, mas a maioria é usar e deitar fora.
Há pessoas que preferem viver sozinhas, embora tenham um namorado ou namorada, mas cada na sua (casa, entenda-se). São felizes, pke suas mentes já acompanham as mudanças do mundo.
Eu gosto de um amor atento, terno, mas não sufocador.
Como sempre, adorei esse "Naco de Prosa".
Aguardo sua visitinha, tá? Obrigada!
Beijos e se cuide.