14 de abr. de 2021

Bem-vindo à Holanda


 

 


Há muitas pessoas que em certa altura da vida planejam casar e constituir uma família.

Quando o casamento acontece, vem a necessidade dos filhos.

A alegria de preparar tudo para a chegada do grande dia, uma criança saudável é esperada, nada foi diagnosticado de errado com o bebê, durante a gestação. Porém, no hospital, os pais já têm conhecimento de que sua filha é especial. Especial, termo que atinge diversas síndromes infantis. Crianças são especiais por natureza, no entanto há algumas que necessitam de acompanhamento especial, e muito amor por parte de toda a família e sociedade.

Percebemos suas necessidades quando vivemos próximo a elas, convivi por vinte e três anos acompanhando a vida de uma criança especial, e que nos deixou há pouco tempo, em idade adulta.

Ela viveria apenas por um ano mais ou menos, palavras do médico, quando ela nasceu tinha o rostinho mais lindo do mundo, como não se encantar e tentar dar o melhor a uma criança especial. No entanto, havia muitas complicações relacionadas à sua saúde e seu futuro, um ano de vida apenas, porém, o amor e cuidado dos pais e avó materna foram relevantes para todos estes anos de vida. A mãe da Aninha, como a chamávamos deixou o emprego para dedicar todo seu tempo à filhinha. Percebíamos a alegria dos pais ao cuidarem dela, jamais houve nenhuma lamentação. Logo após a notícia dada pelos médicos de como seria a vida dela, houve momentos de culpas, e a pergunta: quem é o culpado?  Ela nunca falou, nem andou, mas viveu com muito amor.

É muito interessante fazer uma analogia da história, dessa garotinha especial com o texto: Bem -vindo à Holanda, autoria da escritora americana Emily Perl Kingsley, a qual nos conta sobre uma pessoa, que tendo comprado uma passagem à Itália acaba desembarcando na Holanda.

Houve muitos preparativos para a viagem, preparo das mínimas coisas da melhor maneira, estudou locais para conhecer, comprou guias turísticos, roupas adequadas para cada fase do passeio. No dia da viagem faz uma revisão em tudo para ter certeza de que está tudo certinho. Chega o grande e esperado dia, pega as malas, ansiedade misturada com emoção, embarca.

Após algumas horas, o avião aterrissa, ouve a voz do comissário:

-Bem-vindos à Holanda!

 Susto, como Holanda, minha viagem era para a Itália? Porém, é aí que deve ficar. A dor que isso causa, nunca irá embora porque a perda desse sonho é uma perda extremamente significativa. No entanto, se você passar a vida toda remoendo o fato de não ter chegado à Itália, nunca estará livre para apreciar as coisas belas e muito especiais existentes na Holanda. Foram meses de preparação e espera para a famosa viagem.

Ao descer e conhecer um pouco deste lugar percebe que não é tão ruim, há muita coisa para ver e aprender. O mais importante é saber que o lugar é limpo, sem doenças ou fome. Deve aprender um pouco da nova língua para facilitar a convivência.

Percebe que é um lugar mais baixo, menos ensolarado que a Itália, aos poucos vai percebendo que não há : O Coliseu, o Davi de Michelangelo, As Gôndolas de Veneza, portanto, há tulipas, moinhos de vento, é uma grande perda, no entanto, se analisar bem você teve condições belíssimas de conhecer e apreciar coisas muito especiais, que só existem na Holanda.

Na família ficou registrada a vida maravilhosa que teve a nossa Aninha, que nos mostrou como Holanda é um país lindo.

10 comentários:

  1. Emocionante texto e graças à Deus ,sempre e cada vez mais tenho visto que as família, como no texto com a família da Aninha, podem levar un susto ao ver que desembarcaram em lugar errado, mas curtem, aprendem, conhecem cada vez mais a "Holanda" que receberam...ADOREI! beijos, tudo de bom,chica

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  2. Querida Marli, mas que história linda, que exemplo!
    Sem dúvida que foi uma criança muito feliz e muito amada.
    Espero que estejas bem e tua família também.
    Está indo longe essa pandemia mas uma hora isso acaba!
    Um beijo, feliz fim de semana, amiga!
    Saudades!

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  3. Que coisa bonita, Marli. Ora, os acasos vêm nos mostrar horizontes também. E sobre a Aninha, deve ser linda. Já trqabalhei em pastoral de igreja com crianças especiais, uma das melhores fases de minha vida, eu amava estar com elas, brincar com elas, ganhar abraços, jogar bola. dançar.

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  4. Um texto muito sensível. Gostei da história da Aninha e da analogia que faz com a viagem à Holanda. Há que aproveitar tudo o que a vida nos proporciona. Muita saúde, Amiga.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  5. Na vida, nem sempre aterramos onde queremos...
    Uma analogia muito bem conseguida. A diferença não pode (ou não deve) impedir a felicidade.
    Continuação de boa semana, querida amiga Marli.
    Beijo.

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  6. Thanks and praise be at all times to the most holy and most holy sacrament of amen

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  7. Marli, a vida é assim:
    Se a gente faz um plano,
    E Deus outro, o engano
    Nunca seria ruim,
    Pois se Deus achou afim
    A nós, é o que deve ser
    Melhor. Nosso parecer
    Não fará sentido algum
    Porque se é incomum
    Teremos maior prezer.

    Linda e comovente história. Abraço fraterno. Lerte.

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  8. Olá, Marli Terezinha, uma história triste dessa criança especial. Os pais, certamente, viveram dias muito difícil, pois aceitar um filho assim, não é obra para poucos dias. Conheci aqui, onde moro, um médico, cirurgião plástico que tinha vários filhos e não se conformou quando o caçula nasceu especial. O pai levou um par de anos para aceitar a criança. Na segunda parte dessa crônica vimo um pouco da Holanda, um lugar cheio de encanto e de uma cultura muito avançada. Uma excelente postagem, minha amiga!
    Parabéns! Uma boa semana, com saúde e paz.
    Um abraço

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