9 de dez. de 2012

Gosto quando te calas

O poeta tem o poder. Tem magia, pois faz mágica com o poder das palavras.
O poeta nos encanta e diz tudo o que quer que nós, meros mortais, entendamos com seus poemas e canções.
Para vocês: Pablo Neruda...




Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.


5 comentários:

  1. Gasparzinho9/12/12 23:12

    Pablo Neruda terá sempre meu respeito.
    Simplesmente sensacional, ótima escolha do poema! Lindo.
    Abraços do amiguinho camarada.

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  2. Olá Gasparzinho,gosto de poemas que me falam direto à alma, e com este belo poema, Pablo Neruda conquistou o direito de ser postado.Há várias poesias dele, mas na leitura, optei por este.Sensacional, copiando você.Um grande abraço!

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  3. Marli,
    Aproveitando a noite para ir visitando os amigos, encontrei-a no regresso. Confesso que não reconheci imediatamente. Mas agora sim! E quero confessar que poucas vezes me sinto tão irmanada.
    A poesia de Neruda diz-me tanto! "Gosto quando te calas"... O silêncio fala demais. Para mim é urgente porque preciso de me ouvir. É uma voz que nunca me cansa!
    Obrigada por este naco! Que foi tanto.
    Beijinho

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  4. Um belíssimo poema, num fantástico blogue, vejo que tenho muito para ler. Parabéns e grato por me seguir também.

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  5. Gosto quanto falas
    dos dias d'agora
    das horas, da Thora
    dos milagres d'outrora
    da noite lá fora
    da urgência e do nela mora
    do que seria se não fosse agora
    gosto quando falas
    e quando m'ebraças
    como outrora
    com urgência...

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