24 de out. de 2018

Resgate a sua criança interior


     O mês de outubro registra muitas datas comemorativas, mesmo que o dia tenha passado,ainda é outubro e mês das crianças.
     Li uma mensagem que trazia como título: Procura-se criança desaparecida!!! Foi vista, pela última vez, dentro de nós mesmos, há muitos anos. Chamou-me a atenção ao refletir que realmente,ela está desaparecida.
     O que ela fazia?
Pulava amarelinha, brincava com bolinhas de gude, jogava peteca, dava vida a latinhas, tampinhas,soldadinhos de chumbo, bonecas, escrevia muitas cartinhas ao Papai Noel, brincava no riacho com as pedrinhas, procurava pelos ninhos de passarinhos para ver se tudo estava bem, brincava de escolinha, sendo a professora. As brincadeiras eram tantas que seria preciso escrever muito para registrar tudo, e nem há necessidade de dizer que a felicidade existia em todos os momentos, nos intervalos, na escola brincava- se muito, e a brincadeira de roda era a campeã.  
    A criança é um ser tão fascinante que leva consigo as mais diversas qualidades, se quisermos encontrar a humildade, a inocência, a beleza de alma, o sorriso farto, a sinceridade,que é seu ponto alto, basta-nos encontrar um pequenino que em poucos minutos,estaremos até quem sabe gargalhando e felizes.  
     "Um dia,uma criança chegou diante de um pensador e perguntou-lhe: - Que tamanho tem o universo? Acariciando a cabeça da criança, ele olhou para o infinito e respondeu: - O universo tem o tamanho do seu mundo.
Perturbada, ela novamente indagou: - Que tamanho tem meu mundo? O pensador respondeu: - Tem o tamanho dos seus sonhos".
    Lembrei-me da obra que li há uns dias "Minha vida de menina", um diário de Helena Morley (pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant), que foi traduzido pela poetisa americana Elizabeth Bishop. Foi publicado pela autora para mostrar "às meninas de hoje a diferença entre a vida atual e a existência simples que levávamos naquela época".
    Nem só nos livros vivem os exemplos e diferenças de épocas nas vidas das crianças.
  No interior,nos arredores da cidade ainda podemos ver as crianças brincando com seus carrinhos feitos com latas vazias,a bonequinha feita com a espiga de milho,toda embrulhadinha em um pedaço de pano,ainda causam a alegria em muitos pequenos, que não foram brindados com os“ditos” brinquedos modernos,e são felizes.
  Conheci há poucos dias três pequenos que brincavam em sua casinha, feita nos galhos de uma frondosa árvore. Senti saudades, e quem não recorda com carinho o tempo que foi criança e tudo era fantástico.
  Todos já fomos crianças, o Menino Jesus foi uma criança santa e o dia 12 de outubro, significa lembrar a todos que as crianças precisam brincar, sorrir, precisam de amor, sentir segurança e viver sua "criancice". Toda criança tem guardado um mistério, são mistérios que povoam as cabecinhas com força imensurável, ela vive em seu mundo misterioso, em um universo onírico.
   Estaremos amputando-a da sua infância se a privarmos do seu mergulho no universo de sonhos e fantasias.
Se um dia fomos crianças, hoje dentro de nós ainda existe uma,que jamais perecerá, pois, às vezes,é bom termos na alma uma criança,que sonha e que ainda guarda um brinquedo no fundo do baú.
  Antes brincávamos de roda,pega-pega,peteca,pular amarelinha, esconde-esconde,até com bilboquê,e tantas brincadeiras com muita criatividade,hoje as crianças continuam sendo crianças,apenas com outra maneira de brincar. A simplicidade deu vez e vida aos aparelhos sofisticados,porém, ela continua sendo a criança inocente que vai se adaptando ao mundo que a acolhe.
Oscar Wilde já dizia:
"A melhor maneira de tornar as crianças boas,é torná-las felizes".
   Na maioria das vezes elas são felizes e nem percebem, pois não há preocupação em ser feliz,ela é feliz, e tudo está bem.
  Vamos reviver a criança que ainda vive em nós!

9 de out. de 2018

Professor



     Professor, aquele que busca a sensibilidade para poder viver em meio a tanta insensibilidade, que vive o seu tempo com consciência da rudeza do mundo, do mal que afeta os pequenos a quem ele como educador dedica sua vida. Ensina, molda, lapida e procura dar sempre o seu melhor em sala de aula, mesmo sem as condições necessárias, que necessita para dar continuidade ao seu trabalho.
    Quem é o professor? Podemos afirmar que ele é um habitante assíduo da escola, onde ensina, pois dedica-se a ela sem perceber que a sua vida está sendo esquecida, mas que está paralelamente sendo aquecida pelos alunos que buscam-no para ouvi-lo, para admirá-lo, enfim para que o educador mostre sua magia, pois com certeza ele é um grande mágico e quem é educador vai entender o significado da palavra mágico. A velocidade da tecnologia não substitui o olhar carinhoso e compreensivo do professor que ao olhar seu aluno conhece o mal que o aflige.
    E, é na figura do professor que ainda hoje buscamos aprender o respeito, o valor das pessoas, o caráter, enfim o professor ainda é o maior.
O professor Nei Alberto Pies em seu texto, abençoada seja a paixão de ensinar, disse:
  Vivemos tempos em que é permitido pisotear flores, ignorar pérolas, subjugar pessoas e a mãe natureza. Mas, em especial, também é um tempo em que é permitido menosprezar aquelas e aqueles que, heroicamente, tecem histórias suas, e de outros, construindo o mundo da vida e da sabedoria. Estes são tempos em que aqueles que cuidam, não são cuidados. Aqueles que educam, não são valorizados. Aqueles que amam, sofrem com o deboche e o desprezo daqueles que não acreditam mais no amor.
A vida daqueles que denominamos mestres, educadores, professores, infelizmente, também é triste e desmotivada. Sim, logo aqueles e aquelas dos quais a sociedade ainda espera muito (saber, sabor e sabedoria). Pouco valorizados e feridos em sua dignidade, estes resistem bravamente. Os educadores e educadoras, como os demais humanos, são movidos por suas utopias e paixões. Mas a realidade cotidiana é sempre dura, reveladora e cheia de contradições. A escola tornou-se um lugar de onde se espera muitas soluções; muitas delas estão muito além das demandas de ensino-aprendizagem e das competências a partir das quais a mesma se organiza.
Os professores não deveriam, mas já acostumaram. Acostumaram a ganhar baixos salários. Acostumaram a ter de trabalhar 60 horas semanais para garantir mais dignidade à sua família. Acostumaram a aceitar todo o tipo de pressão que a sociedade e os governos exercem sobre seu ofício e sobre a escola. E agora, pasmem, alguns já estão se acostumando com a desesperança, que pode ser lida na expressão de seus rostos e de seus olhares. Uma constatação triste, pois sempre foram e são vistos pelos adolescentes e jovens como um alento da esperança.
    Nossos professores e nossas professoras estão doentes e estressados. Cuidaram, encaminharam e salvaram vidas alheias, mas não dedicaram o devido tempo para cuidar de sua própria vida. Como contemporiza a escritora Marina Colasanti, “eu sei que a gente se acostuma, mas não devia. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos que precisa. A gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma”. Apesar de já terem se acostumado com tantas coisas, a maioria mantém firme sua missão de semear esperanças.
“Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça” (Geraldo Estáquio de Souza). Ainda que tomados por uma imensa paixão de ensinar e por uma coragem que nem sempre sabem de onde vem, desejam compreensão e apoio para dar conta de grande missão de educar para a vida, para a cidadania, para o conhecimento.
Parabéns a todos os educadores!

A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...