29 de mar. de 2014

Liberdade ou libertinagem

Acredito que muitos não sabem utilizar a liberdade de imprensa que ainda existe em muitos países.

Este mês, o jornal belga De Morgen, publicou em suas páginas a foto do casal Obama caricaturados como macacos.

O mais irônico, é que a própria primeira dama, Michelle, esteve na China defendendo a liberdade de expressão.

A liberdade de expressão é perigosa em mãos de pessoas que trabalham em jornais como o De Morgen. Aqui no Brasil tivemos punições jurídicas contra o pseudo-humorista “Rafinha Bastos”, quando ( conforme definido pelo próprio ) fez uma piada que não foi entendida após comentário a respeito de uma foto em que Wanessa Camargo está grávida: “eu comeria ela e o bebê”.

Nos dias de hoje, não há como não ter uma interpretação dúbia dessa frase de péssimo gosto.

Quero entender porquê, alguns humoristas, têm que citar cor da pele, peso, altura e outros aspectos nas pessoas para fazerem graça. Como se os cabelos loiros, a cor da pele, seu peso, sua altura, fossem castigos de Deus e os seus algozes estão prontos para mostrarem ao mundo, e ganharem dinheiro às custas alheias.

A foto no jornal belga foi de imenso mau gosto. Não há como achar graça, ou acreditar nas desculpas pedidas após o estrago feito: “O De Morgen já emitu um pedido de desculpas admitindo que foi culpado pelo mau gosto
e que apenas pretendia ironizar sobre a relação entre Obama e Vladimir Putin, o presidente da Rússia."

Rafinha foi suspenso da Bandeirante, na época, afastado do programa CQC ( utilizado para fazer o comentário ), e condenado a pagar cerca de 100 mil reais à cantora pela inteligente piada.

O mais polêmico é ler comentários de internautas que são coniventes com atitudes como essa.

O que significa que os valores estão invertidos. Que o bom hoje é ser ruim. 


Há milhares de apoio a Rafinha, assim como ao jornal belga.
Incrédulo, mas é a realidade mundial hoje.

Os que defendem o comediante, afirmam que o Brasil é “o país que leva os humoristas a sério e os políticos na brincadeira”. Ou seja, para eles, devemos aplaudir o Sr. comediante, permitir que ele faça piadas de mau gosto porque a classe política está uma baderna? 

Os anos passam, e a humanidade vai perdendo a visçosidade.

O ser humano, como a palavra sugere, deixa a cada dia um pouco de lado a beleza da sua essência.

E não falo apenas por estas atitudes isoladas, falo num âmbito geral: animais abandonados e mal tratados, crianças jogadas nos lixos, idosos sendo espancados e jogados em asilos, pessoas matando umas as outras por uns trocados. 
Morei no Rio de Janeiro, por pouco tempo, justamente no ano em que o filme Tropa de Elite ia ser lançado, e nas barraquinhas de venda de DVDs era incrível o número de filmes de terror e policial que eram vendidos. Se você quisesse algo mais “leve” teria que encomendar pois não tinha procura.

Estava exposto ali a realidade dos dias de hoje: as pessoas apreciam e levam para casa uma violência gratuita e mórbida.

Quando algo de ruim ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, os brasileiros ficam atiçados e publicam “tinha que ser no país desses “loucos””. Como se aqui não vivêssemos todos os dias histórias mórbidas, como da ex-esposa que matou e esquartejou seu marido, colocando seus pedaços em sacos plásticos. 

A violência gratuita está crescendo nos Estados Unidos, no Japão, no Egito, no México, na Argentina, na Grécia, e no Brasil, sim senhor.

E vocês podem achar besteira o que vou dizer, mas uma frase mal dita, ou uma foto caricaturando seja um presidente, ou alguém que você ama ou admira, pode se tornar o estopim para essa violência, sim.

Existe uma frase que diz mais ou menos assim: quem fala o que quer, ouve o que não quer. A liberdade de expressão é importante, mas ela deve ser controlada, avaliada. Não é necessário ofender, humilhar, magoar ou incitar a violência e o ódio para sermos lidos ou ouvidos. Pessoas que o fazem, não merecem ter seus espaços reconhecidos. 











22 de mar. de 2014

50 anos de Mafalda


Nascida há 50 anos, recebeu o nome de Mafalda. Ela foi criada em 1964, pelo cartunista argentino, Joaquim Salvador Lavado, o Quino.
Menina inteligente, vanguardista, era de classe média e viveu intensamente tudo que foi idealizado para ela, pois foi e continua sendo conhecida e, às vezes, até odiada pelo seu senso crítico.
Ela enfrentou com galhardia a ditadura militar para falar de censura, feminismo, crises econômicas e sociais, as desigualdades, a injustiça, a corrupção, a guerra e o meio ambiente.
Mafalda não foi censurada, pois considerava-se na época, a "Arte das tiras" um gênero menor, portanto ela não representava ameaça.
Mafalda era um símbolo dos anos 70. Porém havia um problema, ela, aos seis anos, odiava sopa, mas em compensação adorava os Beatles e o desenho do Pica-Pau.

Mafalda foi criada para ser personagem de uma marca de eletrodomésticos. No entanto, o projeto não deu certo. Devido ao fracasso, Quino adaptou-a para uma tira que foi publicada pela revista semanal "Primeira Plana", de Buenos Aires.
Seus questionamentos era a respeito dos problemas do seu país e também do mundo. Logo veio o sucesso. 
E Mafalda ficou famosa, era igual às outras meninas, mas possuía uma visão aguçada a respeito da humanidade.
As tirinhas ainda mantém o mesmo sucesso do inicio, pois são extremamente interessantes por serem atemporais, pois os problemas que ela abordava até 1973, estão presentes nos dias de hoje.
É triste pensar que os questionamentos dela continuam atuais, meio século depois, não apenas na Argentina, mas no mundo.
As tiras já foram traduzidas para mais de vinte línguas.
A menina de cabelo preto e fita vermelha foi e continuará sendo uma heroína que rejeita o mundo assim como ele é.



16 de mar. de 2014

Lembranças de alguns valores.

Há duas Marli convivendo na mesma persona, porém o conflito é constante um cobrando o outro, um lembrando ao outro, um tentando entender o que o outro viveu na infância, na juventude e vive hoje. Intensas crises, serão existenciais?
A minha infância, a qual está muito distante, foi muito feliz, porém havia as dificuldades, é claro.

As brincadeiras eram muito simples, porém saudáveis. Brincávamos de casinha, fazer comidinha, casinha nos galhos robustos de um pé de araçá, no fundo do quintal. Logo que comecei a frequentar a escola, tínhamos que estar de acordo com as normas, uniforme, cabelo preso e o que eu gostava muito era quando formávamos fila para assistirmos o hasteamento do pavilhão nacional. Confesso que ainda hoje, conforme lugares e solenidades, as lágrimas teimam em aparecer.
O hino nacional é muito lindo e representa o meu país. Quando chegava em casa, era sagrado trocar a roupa, porque o uniforme tinha que estar impecável.
Havia um horário estipulado para fazer a lição de casa. Eu sempre tinha por perto ou meu pai ou minha mãe para esclarecer as dúvidas, penso que ficavam me vigiando para eu não deixar a lição sem completar.
Naquela época, eu e minha irmã tínhamos permissão para ouvir estorinhas que eram contadas, através do rádio. Eram sempre nos finais de tarde. Então tínhamos que estar com nossos deveres todos prontos.
Eu lia muito gibi. Hoje chamam de Histórias em Quadrinhos ( HQ ).
Quando veio a televisão em nossa casa assistíamos a muitos desenhos hoje, são animações.

Ah! Lembram do Sonho de Valsa? Era uma emoção sentir o seu aroma, a sua textura, era comparado a uma joia, mas possuía sabor. Até quando o desembrulhávamos o barulhinho do papel causava uma sensação incrível. E, ao comê-lo então, pedacinho por pedacinho para que o deleite fosse mais duradouro. Hoje, ganha-se Sonho de Valsa como troco no mercado. Hoje, é muito fácil conseguir um bombom destes, mas não tem mais aquele sabor divino.
Aos sábados, meu pai fazia as compras, não havia mercado, mas ele trazia algumas coisas boas: gasosa de framboesa, até o cachinho das frutas eram lindos, no rótulo. Havia a laranjinha, a colinha e outros refrigerantes dos quais nem temos lembranças.
Hoje, a Coca-Cola toma seu lugar à mesa.
Lembro das músicas com letras maravilhosas que, com frequência, nos faziam chorar, pois contavam belas histórias.
E, hoje, nos CDs dos nossos jovens, "músicas chicletes" pipocam em seus aparelhos eletrônicos, deixando ainda mais o gosto da saudade de um tempo que não voltará mais...

11 de mar. de 2014

Saudades



Ao longe vejo o azul do céu
Tão juntos parecem
Ser horizonte apenas
Meus olhos buscam algo
O que será que procuram ?
As lágrimas insistem em descer
Quero escondê-las, mas tarde demais
A saudade já me encontrou.
Ah! dizem que a ela não mata
Porém ela faz doer e muito.
Não há nada que a faça ficar menor,
Nada a faz encolher.
E, hoje, ela veio com força total
Parece que quer ficar
Ah! saudade de tanta coisa
De tantas emoções
De tantas vivências
Saudade de ajoelhar-me
E pedir ao Pai Criador a chance de voltar...
A ser criança e não saber o que é a saudade.
E, também não saber a razão porque ela faz meu coração doer.






7 de mar. de 2014

Apenas Mulher - Pelo dia Internacional da Mulher


 Sabemos que as mídias, imprensa falada e escrita, irão registrar muitos temas sobre “MULHER”, porém em todos os escritos haverá um ponto em comum: a ideia da mudança.
Infelizmente, não há receitas prontas a serem seguidas para que haja 100% de acertos.
Ainda existe a angústia da mulher que se percebe viva, mas, às vezes vive na morte espiritual. E, nós mulheres precisamos descobrir todas as possibilidades de viver bem, de descobrir a nossa essência e, para isso há a necessidade de percorrer todo o caminho.
- Será que todas as mulheres têm acesso ao caminho almejado?
Sabemos que há muitas rotas, as quais levam ao destino proposto de “SER MULHER”. Quem sabe, como definiu Carl Gustav  Jung:
“  ..uma rota só, entrecruzada por todas as demais.”
Hoje, em pleno século XXI, mulheres que não conseguem ”SER”.
Muito já caminhamos, porém a situação da mulher está aquém do que esperávamos que estivesse hoje. Sabemos que nem sempre foi assim, foi pior.
Ainda vivemos muito, as amarras do passado, sempre desejando mudanças para um futuro próximo. Ela ainda hoje, tem muitos deveres e poucos direitos, pois vive a diferença que se faz entre ser mulher.
Há esperança de que mesmo a passos lentos, as mudanças para melhor vão acontecendo, pois as coisas acabam somente quando não há mais esperança – e todos sabemos que ela é a última que morre.
A vida deve ser vivida em todos os seus momentos por que toda a vida não vivida ficará latejando infiltrada em todo o ser e invivida por toda a eternidade. Viver sim, mas uma vida que valha a pena.

E ser Mulher é ter valor para o mundo. 


Abaixo, vídeo com a música Uma Nova Mulher, interpretada pela cantora Simone: 


5 de mar. de 2014

Todos merecem perdão (?)


 Inicio com umas das frases mais batidas: quem sou eu para julgar alguém?
Pois bem, esta semana assisti ao filme Longford.
Conta a história de Myra Hindley, condenada à prisão perpétua pela morte de várias crianças com requinte de crueldade ( filme baseado em fatos reais ).
Fiquei aqui pensando se todas as pessoas merecem perdão, seja ele vindo de Deus, seja ele vindo do homem, consideremos que o homem é quem julga e dá a sentença aqui na terra.
Temos muitos exemplos no mundo, não apenas de Myra. Aqui no Brasil, Francisco de Assis ( o maníaco do parque ), estuprou e matou muitas mulheres.
Ele é um recordista de cartas de amor recebidas no presídio, incluindo muitas propostas de casamento.
Suzane Von Richthofen mandou matar os pais. Guilherme de Pádua matou a atriz Daniella Perez. Alexandre Nardoni jogou sua filha, Isabella, da janela do seu apartamento.
Cito casos de pessoas famosas para que todos possam “visualizar” os crimes cometidos.
Esta semana, li que o goleiro Bruno, acusado de mandar matar sua ex namorada, Eliza Samudio, assinou contrato com um time da segunda divisão de MG.
E essas vidas que foram ceifadas?
Eu não consigo notar em momento algum remorso nestas pessoas. Ao assistir entrevistas, ou ler notícias a respeito, nunca observei uma lágrima de remorso pela “besteira” cometida. Nunca ouvi um pedido de perdão sincero.
Seja a explicação que eles queiram dar, geralmente apelam para “vozes do mal que os obrigou, e eles não conseguiam parar”.
Penso no sofrimento que essas pessoas passaram nas mãos ou a mando desses criminosos, e por motivos tão fúteis, tão banais, que haveria outras formas de serem resolvidos.
Decidiram ir para o caminho mais prático, mais covarde, e ceifaram vidas, como se eles fossem perfeitos, anjos puros enviados por Deus ou por uma força maior divina para dar um ponto final em suas trajetórias.
Talvez se eu fosse psiquiatra forense eu conseguiria entendê-los.
A cada dia, a violência cresce no mundo, crimes absurdos, barbáries que antes só eram presenciadas nos cinemas, eclodem a todo instante em cada esquina, seja de grandes ou pequenas cidades, não há limites.
Neste filme, Longford, a personagem Frank Packenham, fervoroso católico que visita presidiários, e acredita veemente no arrependimento do criminoso, e que todos merecem uma segunda chance, até ter suas crenças colocadas à prova quando conhece a Serial Killer, Myra. 

Como perdoar alguém que, enquanto seus pais, seus mantenedores, estão sendo mortos com requintes de crueldade, está sentada na sala do andar de baixo esperando tranquilamente o “serviço” acabar, e fazer uma festa na piscina no dia seguinte?
Ou que corta a tela de proteção do quarto, pega sua filha de cinco anos, e a joga seis andares?
Ou que dá voz de assalto para um jovem trabalhador, que entrega seu celular no valor de cem reais, e mesmo assim leva um tiro a sangue frio?
Eu ficaria aqui citando exemplos, e preencheríamos várias laudas com eles.
Independe o motivo, eu acredito que sempre há soluções mais plausíveis do que a morte. E quem apela para esta prática, deve pagar sim,há a justiça na terra e acima dela a justiça divina.
Caso contrário ficaria muito fácil: mata-se e segue sua vida sendo perdoado, como se nada tivesse acontecido, como um aval para outros crimes.
Há casos e casos, sim. Citei estes, pois se relacionam com o teor do filme.
Eu acredito que muitos que estão na prisão entraram lá por motivos torpes, e são obrigados a conviver no mesmo espaço que estupradores, serial Killers, estripadores... e sabemos também que os presídios, principalmente do Brasil, não regeneram ninguém, pelo contrário: alguns são presos por roubarem comida
por estarem com fome, e saem de lá mestres em outros crimes “mais pesados”.
Todos merecem uma segunda chance?
Depende o caso.
Todos merecem perdão?
É uma dúvida que tenho dentro de mim. Nunca passei por uma situação em que esse meu lado fosse posto à prova. E admiro quando vejo pessoas que perderam seus filhos, perdoando os assassinos.
Fala-se que o perdão faz bem, e que a mágoa traz problemas sérios à saúde.O perdão deve ser praticado,pois é um ato muito penoso,mas perdoar é preciso.

Mas acredito que o caminho para chegar ao perdão é árduo, e só para alguns este mérito é concebido.

A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...