24 de dez. de 2015

Tempo de se renovar...

Meus Amigos do Naco de Prosa!
Mais um ano se finda, e estivemos juntos. 
Temos muito a agradecer e celebrar, principalmente: a vida que nos é dada todos os dias. O direito de recomeçar e tentar, sempre, o acerto. 
Dia 25 de Dezembro... o Natal vem para nos lembrar do nascimento de um dos nossos  irmãos, que tentou nos ensinar o bem. 
Ainda engatinhamos perante Seus ensinamentos, mas nunca é tarde para recomeçarmos e irmos pelo caminho do bem e do amor. 
Que neste dia 25, celebremos a Família, o Amor e a Paz... celebremos, com alegria, o nascimento Daquele que veio para mudar a história mundial e de toda uma geração. 
Indifere sua crença, o bem deve ser colocado em prática, sempre!
Muito obrigada a cada um de vocês pela amizade e por fazer parte do Naco de Prosa. Que nossos laços continuem firmes em 2016!
E que seja um ano muito bom, ameno e com muito amor para todos nós!
Feliz Natal, Feliz Ano Novo e SEJAMOS FELIZES, SEMPRE!!



15 de dez. de 2015

Depressão ou tristeza

Hoje, soube de mais uma morte por suicídio, um jovem, recém
saído da adolescência, deu um tiro em seu ouvido. Triste, pois nos perguntamos : Por quê? Ele tinha tudo ,família, bom colégio, era jovem e bonito, nada lhe faltava. Fiquei analisando as conversas, e agora, resolvi registrar alguma coisa sobre o assunto. Com certeza, ele estava em um quadro depressivo muito forte, a irmã confirmou que ele estava em tratamento, mas que estava melhor. Talvez, foi neste momento que mais faltou tudo a ele, o amor da família, a fé, o apoio espiritual. Estava em tratamento, isso quer dizer, a cura foi entregue em uma caixa de comprimidos, que talvez foi deixada de lado, quando sentiu melhora. 
Dizem algumas pessoas que a depressão não existe e se existe não deve ser tratada com medicamentos. Por que não?
É claro que não se deve confundir, uma grande tristeza com a depressão, todos em alguma altura da vida, vamos perder alguém que amamos, perder emprego, perder amigos e tantos outros fatos que nos deixarão sem chão.  Aí, a tristeza vem e devemos passar por ela, só assim poderemos fazer a comparação de quando estamos bem e felizes.
Sob a perspectiva médica, a depressão é um conjunto de sintomas que merecem atenção profissional (médica e psicológica ), sem esquecer da parte espiritual.
Há ainda muito preconceito com esta doença, e muitos substituem o tratamento médico pelo religioso devido ao preconceito e por falta de informação, esquecem que a medicina é uma bênção do Senhor Jesus. 
ELE usou o figo para curar a ferida do rei Esequias, com isso, Jesus mostrou que a medicação precisa ser usada.
O Evangelho nos traz diversos relatos sobre doenças e nos fala sobre depressão e tristezas, vejamos alguns exemplos: o Profeta Elias, o apóstolo Paulo sofria com tremores e tristezas, Jó, Jeremias amaldiçoou o dia, e muitos líderes e vultos do Velho Testamento passaram por isso.
A oração tem poder que é imensurável, a vigília deve ser constante, por isso: Vigiai e orai!
Para a cura deve haver o tripé: Deus (Fé) , família e medicação. 


"A preocupação deveria levar-nos à ação e não à depressão."

30 de nov. de 2015

Lançamento livro Pensando a Vida


E o lançamento foi um sucesso, meus amigos!
E a emoção correu solta e atingiu a todos.
Meu primeiro livro, não há palavras que possam exprimir o que sinto no momento, a não ser o meu muito obrigada a todos vocês, que fazem parte do Naco de Prosa e da minha vida literária! 

Coral da Universidade do Contestado, UnC, Porto União, abrilhantando ainda mais a noite... 







Para assistir a um pedaço da apresentação, basta clicar UMA VEZ na frase abaixo, que está em destaque, na sequência aparecerá o link que fará o direcionamento para o endereço do Face em que está postado o vídeo: CLIQUE AQUI

22 de nov. de 2015

Lançamento: Pensando a Vida

Meus queridos amigos!
Encontro-me ausente dos Blogs e do Naco de Prosa por um bom motivo: o lançamento do meu livro "Pensando a Vida".
O momento é de ansiedade, muita felicidade e gratidão, que eu não posso deixar de dividir com vocês.
Como eu gostaria de tê-los lá, comigo.
Logo, estarei de volta!
Um abraço apertado em cada um de vocês!



4 de nov. de 2015

Morrer e nascer

Morte, assunto difícil de ser abordado, mesmo sabendo que a qualquer minuto, hora, dia ou mês ela virá nos levar. Podemos fazer uma analogia com o nosso nascimento, quando ficamos por nove meses no útero de nossa mãe, que é um lugar quietinho, quentinho, literalmente, um ninho onde recebemos alimento na hora certa e cuidados necessários para a nossa sobrevivência futura.É o nosso mundo, o único que conhecemos, é repleto de boas e únicas experiências. Passado o tempo, o corpo da mamãe se prepara e nos ajuda a sairmos ou melhor somos expulsos, levados para fora sem ao menos sermos questionados sobre a nossa vontade em  ali,permanecer, no aconchego do nosso único e conhecido mundo.De repente, nos vemos em um lugar barulhento, repleto de luz, dor pelas palmadas, e o choro é o que nos resta.
Passado algum tempo nos sentimos acarinhados pelo papai e mamãe, que nos dá o seio e nos descortina aos poucos todas as surpresas que prepararam para nos receber. Claro, que estamos falando em uma família estruturada, e um lar, então aquele mundo que foi só nosso, (útero),o qual pensávamos ser o único , onde tínhamos tudo acaba sendo esquecido, nem cogitamos para lá voltar.Semelhante, a morte nos leva sem nos questionar, ela ainda é tida como um tabu, muitos já foram vencidos, porém a "Morte", ainda traz grande mistério e medo. As crianças são poupadas em velórios, os pais as querem longe dos que morrem, nem conseguem dizer seu adeus, porém se elas fossem acostumadas aos velórios, entenderiam melhor o significado de " está junto de Jesus".
Certamente, se fôssemos questionados, indagados, na hora da morte, provavelmente, não deixaríamos esta vida, por pensar ou não saber o que encontraremos do outro lado, mas se papai e mamãe, aqui, na Terra,nos proporcionaram um mundo bom, (dentro de suas possibilidades), não há dúvidas de que Deus Criador, nos dará no mundo espiritual,todas as dádivas de que somos merecedores, pois o Mestre Divino, nos prometeu uma vida de acordo com nossas obras , por isso, o nascer é uma analogia do morrer.

22 de out. de 2015

Hoje

Hoje, eu precisava apenas sair
Andar por aí, sem rumo, sem direção
Olhando as paisagens, o verde, o azul...
Sentindo o vento emaranhando meus cabelos
A brisa beijando meu rosto
O sol esquentando meu corpo
Só por hoje, eu gostaria de apenas andar
Sem dizer bom dia, ou olá!
Dar um meio sorriso, colocar as mãos nos bolsos e andar
Ouvir Deus conversando comigo, através do barulho 
das águas do rio
Do canto dos pássaros, ou do som que o vento produz no cata-vento
Hoje, eu precisava apenas sentir, apenas crer, apenas agradecer
Sem expectativas, sem esperas, sem tempo...
Andar até meus pés, cansados, pedirem para voltar
Dar meia volta, mesmo sem saber para onde voltar.

10 de out. de 2015

A consciência do bem e do mal.

   
     Hoje, em uma roda de amigos, o assunto foi sobre as decisões erradas que tomamos, e o mal que causamos às pessoas, muitas vezes inconscientemente,pois nem sempre temos consciência para diferenciar se é bem ou mal.
Estamos em luta pessoal diariamente, o  que nos mostra que há dois exércitos, o do mal e, o do bem. Será que fazemos o mal?
Então vem a pergunta :- o que é considerado errado, o que é considerado como o mal, o qual nos leva para o lado sombrio?
Há infinitos atos  que praticamos e, sequer imaginamos ser algo que cause o mal às pessoas.
A manipulação emocional,a acusação fútil, a injúria, a maledicência, a inveja, humilhação, luta pelo poder, preconceito, discriminação,impaciência, preguiça e tantos atos que praticamos como se fossem normais, esquecemos dos ensinamentos de Jesus.
Atualmente, percebemos que muitas pessoas sentem vergonha em falar sobre Jesus, mas se dizem cristãos,  há aqueles que vão à igreja com frequência, mas apenas por uma questão social, pois não praticam o que  foi ensinado por ELE.
Muitos estão cegos, igualmente como ficou o apóstolo Paulo, cujo nome original, era Saulo de Tarso, escritor do cristianismo primitivo, foi o maior perseguidor dos cristãos. Certa vez,  quando Saulo fazia a sua perseguição, caiu do cavalo e ficou cego. ( Discute-se muito se ele caiu do cavalo, mas o que nos interessa é que ele caiu, e teve uma visão de Jesus, envolto numa luz incandescente.)
Foi conivente com o assassinato do protomártir, Estêvão, que morreu por apedrejamento.
Protomátir =Primeiro mártir de uma religião ou de um ideal político.
Jesus lhe perguntou: - Por que me persegues? Após o acontecido,Saulo se converteu ao cristianismo e passou a seguir com Jesus.
Também podemos cair, porém não devemos ficar de rosto colado ao chão, sem enxergar nada, às vezes não sabemos como agir,  basta nos perguntar:- Jesus, qual seria o seu jeito?
No início do século XX, nos Estados Unidos, foi lançado um livro com o título :
"Em meu lugar o que Jesus faria?" Devemos aprender a  ouvir, no silêncio da alma, a resposta que está em nossa consciência. 
Temos aulas de oratória para nos ensinar a falar melhor, a convencer e a persuadir, mas não aprendemos a ouvir, não nos ensinaram . Então como podemos ouvir Jesus?
Quando aprendermos a ouvi-LO, saberemos ouvir o outro,( nosso próximo).Só nós, podemos fazer isso por nós mesmos, eu até posso pedir que rezem por mim , portanto somente cada um de nós, vai aprender "de" Jesus, porque sobre Jesus aprendemos nos livros, nos filmes, nas palestras, mas só aprendemos "de" Jesus, com ELE. Ninguém aprende, vive ou sofre em nosso lugar.
Vamos aprender a ouvir, a enxergar, para sabermos distinguir em qual exército devemos permanecer para lutarmos ativamente.

"A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento."   Platão



30 de set. de 2015

Sem mais

Amo-te agora no silêncio da noite

Meus lábios não mais  lhe dirão palavras de um amor maior

Os poemas se desbotaram nas prateleiras do tempo

Tempo passado de um amor inconcluso.

Inconcebível  visão escarlate

Que a noite se aconchega em outros braços

Leva de mim essa tristeza

Do absurdo engano fez-se o sonho...

Como que de areia o vento desmanchou e as ondas do mar levou

Vás ! Seja feliz e me abandone aqui

Não mais precisarei me esquivar entre as esquinas lamosas

não mais precisarei repetir o mantra que grita em meus ouvidos

a carne foi fraca e o coração se quebrou.  


19 de set. de 2015

Exemplos valem mais que palavras

O Tema  bullying, já foi diversas vezes discutido em verso e prosa. Até já escrevi sobre o ele, em meu blog, nem pensava em voltar ao assunto. Porém, hoje ao ler uma notícia, no Yahoo! fiquei chocada.
Falamos sobre crueldade, massacre, injustiça e tantas atitudes que ferem, não apenas homens e mulheres, mas todas as criaturas de Deus.
Ficamos espantados com tanta barbárie, parece que tais acontecimentos retrocederam e voltamos ao tempo das cavernas, apenas com a diferença das palavras, das armas, da mídia. No tempo das cavernas, no tempo dos duelos, no tempo dos massacres, no tempo das fogueiras, no tempo dos leões e arenas, no tempo da inquisição, enfim... O tempo está de volta ou nem mudou, continua o mesmo,apenas travestido.  Mahatma Gandhi, já dizia: “ A não-violência absoluta é a ausência absoluta de danos provocados a todo o ser vivo. A não-violência, na sua forma activa, é uma boa disposição para tudo o que vive. É o amor na sua perfeição.” 


Voltando ao bullying, o ator Jonny Depp, de 52 anos, contou em uma entrevista, que sofreu muito quando estudava, tinha uns 6 anos, quando resolveu contar  para a sua mãe, o que estava acontecendo com ele, na escola. Sua mãe, o aconselhou a dar uma tijolada no agressor. Sabe que fiquei um tempo pensando em quem era o agressor?
Até parece uma analogia à pena de morte, condena-se à morte, quem matou. Então, Jonny Depp, que tem dois filhos, ensinou-os a se defender como ele aprendeu com a mãe, acertar um tijolo no agressor.
E disse mais:
“-Se eles não destruírem o causador, eu vou.”

Tenho razão de estar assustada, com tal conselho e exemplo de pai aos seus filhos?

6 de set. de 2015

O lado mau do homem bom

Final de semana para ser completo tem que vir acompanhado por um bom filme, e neste sábado, não foi diferente, a nova versão que narra a história da arca de Noé, foi o escolhido.
Um filme repleto de reflexões, mensagens já nossas conhecidas, através da Bíblia.O filme, nos mostra  cenas fantasiosas, mas que se  encaixam com a mensagem profunda que ele nos  traz. Em um determinado ponto, Noé relembra o momento da criação do mundo, tudo tão minucioso, perfeito, tudo em seu lugar, até a criação do homem e da mulher, quando eles sucumbem à tentação, comem o fruto proibido e são expulsos do paraíso, neste momento é despertado o lado sanguinário, traiçoeiro e menos humano do ser. Depois 
disso, a perfeição deixou de existir... e será necessário recomeçar a vida novamente, para limpar o mundo de tanta podridão causada pelo homem. Aí, vem à mente, a cena daquele pequeno, morto, na praia. O menino sírio, de três anos, que escapava , das guerras, junto com os pais e o irmão de cinco anos. Eles só queriam uma vida digna, um lugar para viver, e não sobreviver, que pudessem acordar, levar os filhos à escola e trabalhar, e que, no final do dia, houvesse o reencontro de  todos em volta da mesa com momentos simples em família, como colocar seus rebentos para dormir, contando-lhes uma história e que, no dia seguinte, houvesse o recomeço de tudo e com toda a família. Assim como é para a maioria das famílias, pergunto :- Por que não para todas ? Como o homem chegou a este ponto ? Como ele se deixou levar pelo poder, pelo capitalismo de uma forma tão voraz, pois nem sabe mais, o que é estender a mão para o próximo e permitir-lhe a vida ? Em meio disso tudo,  há pessoas que ainda guardam um bom pedaço de si para fazer o bem. Mas o mal torna-se, a cada dia, mais forte e adentra até mesmo em lugares santificados. Pessoas boas, travam lutas constantes para dizimar o mal e plantar o bem, porém, o número parece ínfimo diante do que vemos noticiados todos os dias, nas mídias. Fomos criados com livre arbítrio, mas penso que se aproxima o momento em que, por não respeitarmos mais nada, por não sermos gratos e causarmos tantos danos à natureza e ao próximo, a arca será mesmo necessária.

22 de ago. de 2015

A desinformante


O que pode acontecer quando o que falamos não é entendido como deveria ser ? Há inúmeros prejuízos que ocorrem quando a comunicação é falha. Lembrei de um fato extremamente interessante, que aconteceu na época da grande enchente de 83, em nossas cidades. Meu tio, trabalhava como gerente em uma firma local, o rio transbordou, e a água cobriu as ruas, deixando todos sem ter como ir ou voltar, por elas. Então, ele e alguns funcionários que moravam em outras áreas,usavam o meio de transporte que lhes era oferecido, uma draga de puxar areia, e assim atravessavam o rio Iguaçu.

Certa manhã, ele ligou para minha casa ( morávamos ao lado ) e pediu para que a moça que trabalhava em minha casa, desse um recado à minha tia ( esposa dele ).

Ela deu o seguinte recado:

- Dona Iraci, seu marido ligou avisando que quebrou a perna.

Foi um reboliço total, meu pai tentou entrar em contato com meu tio, e com os demais funcionários, ligou para o escritório da firma, para o dono ( amigo dele ), mas não conseguiu obter resposta. A preocupação aumentava, pois meu tio já não era um garotinho e, ficar sem atendimento só poderia causar maiores problemas.

E, assim foi passando o dia, sem informação. O hospital mais próximo da firma também estava sem acesso, devido as águas. Meu pai e tios foram ao outro hospital para ver se havia alguma notícia do tio, com a perna quebrada.

Tornou-se um caos, pois estava anoitecendo, águas escuras, casas alagadas, gente sem teto e meu tio sem dar notícias. E, justamente nesta noite, todos iriam ficar na firma, pois era perigoso voltar com o rio enchendo e, sem saber onde estava o leito do rio. Como estaria meu tio ? Quanta dor, sem ter o que fazer e sem poder voltar para casa. Eu já disse aqui, que acredito em milagres e, à noitinha, conseguiram voltar para casa. Vimos meu tio estacionar o caminhão da firma, ficamos sem saber o que dizer, apenas corremos para saber como ele estava. Meu pai, foi o primeiro:

- Como você está ? E a sua perna quebrada ?

- Perna quebrada ?! Não quebrei nada.

 Aí, a história foi desvendada. Ele disse que havia quebrado a garrafa térmica e, como só voltaria na noite  seguinte, avisou para que minha tia providenciasse outra.

A ligação estava péssima, e aí a confusão de: - Eu quebrei a térmica, para eu quebrei a perna.

William James já dizia:

“ Não existe mentira pior que uma verdade mal-interpretada pelos que a ouvem.”


10 de ago. de 2015

Quando o espetáculo finda...

E a luz apagou.
A passos lentos, dirigiu-se ao camarim.
Margaridas brancas em um pequeno vaso, faziam-lhe companhia.
Sentou-se em frente ao espelho.
Abriu a pequena gaveta.
Em meio a maquiagens e ilusão, pegou um pequeno pedaço de pano.
Aos poucos, a maquiagem foi dando lugar às rugas e marcas do tempo.
Olhou para o relógio, faltavam dez minutos para daqui a pouco.
Depois daquela noite, nunca mais.
De repente, ao se dar conta, percebeu seus olhos marejados
Mas, dessa vez, não pela alergia que a maquiagem causava
Apenas porque o tempo passou
Apenas porque o mundo se tornara mais frio
E as crianças de hoje, já não queriam mais aplaudi-lo no picadeiro
Já não o consideravam mais.
Mas seus olhos brilharam ainda que mais uma vez, ainda que pela última vez
Ao perceber, atrás da coluna de concreto
Um pequenino, com uma bola de plástico vermelha no nariz,

Reverenciando o público imaginário.  

8 de ago. de 2015

Pelo Dia dos Pais

Desejo a todos os pais,  um feliz Dia dos Pais!
Não tenho mais o meu,  mas seus ensinamentos, a lembrança do seu abraço, do seu beijo estalado na bochecha e suas frases em ucraniano me acompanham e são fortes aqui dentro.
E acho que é isso, que vale a pena a vida de alguém, as coisas boas que a pessoa deixa em nós.
Meu querido pai, mais um dia se vai e não posso ouvir suas histórias ou ter a sua presença no almoço e nas tardes de outono.
Quero que saiba, através desse humilde espaço, que a saudade ainda perdura, e continuará porque não tem como não sentirmos saudades, não sentirmos falta do que nos fez bem, e do amor que trouxe para a nossa vida.
Obrigada por tudo!
E que hoje, seja um dia feliz para todos nós, mesmo para os que não têm mais seus pais presentes, como eu, porque a felicidade deve existir pelo simples fato de que eu tive um dos melhores pais do mundo, que fez de mim a mulher de fibra, guerreira, honesta e trabalhadora que sou.
Só tenho a agradecer pelo tempo que passamos juntos, pelas experiências que o senhor me trouxe, pelas  histórias que o senhor atravessava a madrugada me contando.
Obrigada, pelas noites de risadas, pela mesa sempre farta, pela proteção constante, pelo seu amor incondicional e por ser, simplesmente, o meu pai.

Hilário Andrucho

29 de jul. de 2015

O amor está fadado ao fracasso?

Parei um tempo para olhar a chuva escorrendo pelo vidro da sala. Através dele, percebi um casal sob o guarda-chuva, esperava para atravessar a rua. Ele, com o braço entorno da cintura dela, tentando protegê-la dos pingos incessantes. Peguei minha caneca de chá, o dia estava frio, segurei com as duas mãos para esquentá-las um pouco. Comecei a divagar... 
Será que o amor está fadado ao final, ao fracasso ? Quantos casais vivem juntos por 50 anos ou mais ? Quantos enfrentam a vida a dois juntos ? Quantos tentam consertar ao invés de jogar fora ? 

Os relacionamentos hoje me parecem tão superficiais. Talvez pela correria, ou pela frieza que as feridas da vida tornam nosso coração. Ou pelos tombos que levamos e deixamos, com isso, a desconfiança toma nosso coração e pensamento. A superficialidade de uma transa e depois o adeus. Apenas para contar pontos com os amigos. Não há mais o namoro, o conhecer, o mistério de descobrir, aos poucos, o sabor do beijo, se o abraço será capaz de aconchegar o outro corpo e protegê-lo. Hoje, a velocidade chegou nos relacionamentos também. Onde o ter, é mais importante que o descobrir. Talvez por isso não dure... Primeiro a cama depois a gente vê como fica. Mas aí, você começa a descobrir que ele ou ela não gosta de Neruda, tem pavor de andar de mãos dadas e adora filmes de terror. Tudo o que você não quer para a sua vida, ao seu lado, está ali, bem na sua frente, e você já não acha mais graça nas piadas sobre banalidades, e você não sente mais falta quando ele ou ela não manda mais mensagem, e você começa achar aquele perfume doce demais. 
E o encanto começa a desaparecer, e os detalhes começam a incomodar, e você já não deixa pra lá como antes ou, simplesmente, não liga se ele ou ela não aparecer no final de semana com mais um filme da série Jogos Mortais. Pelo contrário, você respira com alívio. Já não se enfeita como antes, e coloca qualquer coisa só porque não pode andar sem roupa. 
E o tempo passa... e o distanciamento é tão inevitável que, quando se dá conta, não há mais ninguém em sua vida. E você não sabe onde errou, onde começou a dar errado. E hoje, sob a chuva, segura o guarda-chuva só. Sem um braço entorno do seu corpo, sem um sorriso quando seus olhares se cruzam e, estranhamente, você se sente bem, feliz. E tudo vai tomando novas cores, novos aromas. Retoma os contatos antes deixados de lado, os sonhos esquecidos. 
Acho que não é o amor que está fadado ao fracasso mas, sim, aquele sentimento que não agrega valor ao seu... tomo um gole de chá, sorrio sozinha. Abro meu Neruda: " Um homem só encontra a mulher ideal quando olhar no seu rosto e ver um anjo e, tendo-a nos braços, ter as tentações que só os demônios provocam..."

15 de jul. de 2015

Por Tudo



O dia estava cinza, chuvoso...
Eu havia me perdido de mim mesma inúmeras vezes
Eu havia perdido tudo, antes da última chance
Agora estava só
Tentei ser forte, tentei não chorar
Foi quando você apareceu
E você olhou para mim
De uma forma que ninguém jamais olhara antes
E você apareceu
Segurou minha mão
E não se foi após o nascer do sol
Eu olhei em seus olhos e me reconheci neles
Sem mover os lábios, você me prometeu nunca mais me deixar
Que nasceria ali algo que seria para sempre, além do além
E, pela primeira vez, eu não quis correr
Eu apenas apertei sua mão contra a minha
E pedi para que você ficasse
E você acenou
E sorriu com o olhar, tão terno...
E eu acreditei num futuro
E as sombras foram embora
Você foi o presente que eu tanto pedira
E eu sei, eu tenho certeza, ninguém irá nos separar
As sombras foram dissipadas
A dor se foi
Tudo porque você segurou a minha mão quando eu mais precisei
Tudo porque você aceitou ficar

... até a eternidade. 

30 de jun. de 2015

Em tempo de São João

Cresci vendo a fogueira ser montada, ser acesa e queimada, espetáculo que se repete todos os anos com a festa do Padroeiro do bairro São Pedro. Neste ano, será a 80ª. fogueira a ser acesa. Aproximadamente na década de 60, meu pai tinha um caminhão Chevrolet e o Sílvio Melo, filho do seu Romualdo, possuía outro.Os dois dirigiam até o Trabuco, onde meus avós tinham um sítio, havia uma equipe de voluntários que ia junto, para lá cortarem a lenha para a fogueira, eles saiam de casa bem cedinho, levavam comida e passavam o dia no mato trabalhando, tudo acontecia nos finais de semana. Meu avô, Estácio,  fez  a doação de lenha por muitos anos. No domingo, as crianças podiam assistir de longe o trabalho, que era extremamente árduo, porém, recompensador. Meu pai tinha um armazém e ainda trabalhava como marceneiro, sua profissão, entalhava móveis com muita perfeição o que o fez, por vinte e três anos. Na época da fogueira, ele às vezes, não podia estar  junto com a equipe, pois precisava ajudar a minha mãe, no armazém, então ele mandava a comida para todos que estavam trabalhando para erguer a fogueira. As varas de eucaliptos eram compradas, mas não eram varas eram troncos enormes, como deviam ser para sustentar tão grande " Colosso". Em certa ocasião, um senhor doou as varas, eram muitas e grossas também, como o tempo estava muito chuvoso as varas ficaram por alguns dias à beira da estrada , no meio do barro. Em um sábado de muito frio e com geada, conseguiram emprestar o trator do Seu Madureira ( gerente do banco INCO), foi colocado um reboque engatado no trator, as varas( muito grossas) estavam cobertas de gelo, o trabalho durou muitas horas e quando tudo estava pronto, o dono do trator chegou e recolheu-o, porque  ele só admitia que o seu motorista usasse a máquina. É claro que tudo foi desfeito, e meu tio ( Ihor Andrukiu) me contou que a fome era desesperadora, tiveram que arrumar um caminhão e carregar tudo de novo. Já era noite, pois no inverno, o sol vai dormir mais cedo, e todos da equipe sabiam que ainda tinham que descarregar no pátio da igreja, dizem que São Pedro é muito bom, pois quando chegaram, o motorista fez uma manobra rápida,mas no lugar certo, sem ninguém mais sobre o caminhão, aí, arrebentaram-se sozinhas todas as cordas e, num segundo todas as varas estavam no chão.Contaram que todos aplaudiram agradecendo a São Pedro.
A equipe era composta por seu Osni Meyer, Seu Friedrich, Sílvio Melo,Ihor-Ivo Andrukiu, Seu Valdemar( conhecido como Piratuba), Levanir Fagundes, Pedro Celestino,Adelmo Menegasso , Carlos Drosdoski, Seu Ângelo Shwab, e meu querido pai. Tentei não esquecer nomes.
foto da fogueira do bairro São Pedro.
A fogueira começava a ser erguida e quando já estava em uma altura que não dava para alcançar, era passado uma roldana e assim puxada a madeira para cima, ela era toda reforçada com muitos arames, hoje são cabos de aço.O guindaste do batalhão sempre dava uma ajuda, certa vez foi colocado no guindaste uma vara enorme, foi fechado o gancho e começou a subir, a vara era tão alta que se tombasse pegaria muitas casas. De repente, todos perceberam que o gancho abriu, a vara ficou suspensa, o soldado que manobrava não mexeu em nada,ficou paralisado e todos pediram a São Pedro aos brados para que os ajudassem, e quando a vara começou a balançar o gancho se fechou sozinho, agradeceram de joelhos, eu acredito em milagres, mas este eu não presenciei, porém houve muitas testemunhas, até o soldado que manobrava o guindaste ficou sem fala.
Nesta época, a fogueira ganhava altura e chegou a 60 metros, dizem que passou um pouco, foi notícia no Jornal Nacional e no Fantástico.
Ah! Agora vem a peça chave, como acender a fogueira tão alta, o seu Schwab ( meu pai sempre dizia que ele sabia fazer de tudo), hoje seria o Magayver, ele criou uma peça com dois fios elétricos que ia até o topo da fogueira colocava uma resistência rodeada de místico ( não é pólvora, seria como o pó do palito de fósforo) e estopa embebida em gasolina, embaixo uma mesa com um interruptor, que era acionado pelo convidado a acender a fogueira, assim ela era acesa.
As lembranças trazem saudades, hoje por medida de segurança ela fica entre 38 e 40 metros.
Era uma grande equipe e fazia sucesso, como nos dizia Murillo Cintra de Oliveira :-" O segredo de um grande sucesso está no trabalho de uma grande equipe".
A foto tirada à noite, no exato momento em que foi acesa.


21 de jun. de 2015

O mal necessário

Ontem constatei o que muitos já me falaram , filmes bons passam na madrugada, e foi o que aconteceu na madrugada de ontem. 
Assisti a um filme que nos mostra como seriam as pessoas e suas rotinas caso a mentira não existisse. Todas as personagens falam apenas a verdade, e muitas vezes, são sinceras até demais. Observando diálogos e atitudes, fiquei pensando até onde a verdade, a sinceridade faz bem às pessoas. Percebi o que a verdade causava às pessoas, digo que ela não faz tão bem assim... já me perguntei sobre a sinceridade, muitas vezes ela chega a magoar a pessoa a quem é dirigida. No filme, isso ficou explícito, quando um dos personagens, não aguentando mais as verdades ditas sobre a sua vida frustrada, comunica a um vizinho que tentará se matar até o fim do dia. É perceptível que, num primeiro momento, o vizinho cheio de problemas, não se importou muito com o que acabara de ouvir, mas por um momento, num click de consciência, ele mentiu. Disse àquele estranho que ele era muito importante sim. E o futuro daquele rapaz sem esperança foi reescrito. Quando a mentira vem para ajudar, vem para fazer o bem, vem para evitar um ato desesperado, ela vale a pena, e no filme foi feita a dosagem correta. A mentira, no filme não veio para denegrir, humilhar ou prejudicar alguém. Ela foi usada no momento certo, nem sempre a pessoa precisa ouvir a verdade, há situações que a omissão dessa verdade fará bem a ela. É preciso saber a dose, é preciso saber quando usar. Há pessoas que simplesmente não estão prontas para ouvir, ou não querem ouvir. Na maioria das vezes, sabemos qual a real situação em que nos encontramos e perguntamos algo justamente para ouvir o contrário, algo que maquie um pouco, para que nos sintamos melhores, menos desconfortáveis, para que, de uma forma estranha, a coragem apareça para enfrentarmos a vida. 
Sim, às vezes, mentir faz bem!

Segue um trecho do filme ( O primeiro mentiroso ): 


17 de mai. de 2015

Tempo, tempo

Hoje, visitei um armazém, bem no interior, também conhecido pelo nome de bodegão, bodega, lugar onde antigamente podíamos encontrar de tudo, desde o querosene até o fumo em corda. Lembro com muita saudade do armazém que meus pais tinham no bairro São Pedro. Quem precisasse corda para amarrar o gado, fumo em corda, banha solta, bacias de todos os tamanhos, baldes, doces e margarina para o pão que  vinham em latas grandes, ia até o armazém.No teto ficavam pendurados os baldes, as vassouras, linguiça, toucinho, eram muitos produtos. O cheiro de tudo era muito bom. Era muito sofrido trabalhar ali, mas eu trabalhava, filha mais velha é bem assim. Eu era magrinha, mas fazia todo o serviço que me era destinado. Como eu não alcançava a balança ( que era de colocar pesos em um prato e no outro o alimento ), meu pai colocava uma caixa de velas ( era de madeira ) para eu subir e conseguir pesar. Havia muita rigidez no trabalho. Eu, com meus poucos anos, já conhecia quais os alimentos que deveriam ser vendidos antes, como o feijão, fubá,banana e outros produtos.
Lembro que um dia precisei medir e cortar um metro de corda para um freguês, ninguém me ajudou, penso que meu pai queria me ver aprender e me arranjar sozinha e consegui. 
Aos sábados, eu aprontava quase todos os pedidos que deviam ser entregues em casa. Não havia mercado, nem condução para entregar as compras.
Meu pai tinha uma bicicleta daquelas que levavam carga na frente e atrás, era enorme, mas eu conseguia fazer todas as entregas.
Pela manhã, eu já deixava muitos alimentos prontos, pesados e marcados com um lápis de carpinteiro do meu pai.
Eu pesava muitos quilos de arroz, feijão, sal, trigo, fubá em pacotes de papel grosso e de cor marrom. Posso dizer que eu fui vanguardista, pois naquela época eu já fazia como hoje é nos mercados, bastava pegar o pacote pronto na prateleira. 
Ah! Nós tínhamos uma linda cadela da raça buldogue a qual meu pai fazia-me acompanhar. Sendo assim, eu podia deixar a bicicleta onde o acesso era ruim e ela tomava conta de tudo, até eu voltar com o dono das compras.
Voltando às minhas lembranças vi que, no interior ainda existe a cadernetinha para marcar o que se compra a prazo. Duas, uma para freguês e outra para o dono da bodega. 
Lembro com tristeza, a caixa de cadernetas que ficou na casa dos meus pais, cadernetas cujos donos compraram mas nunca pagaram. 


8 de mai. de 2015

Ser Mãe

Hoje, pela manhã, à espera na fila do banco, ouvi duas amigas que falavam sobre os filhos. Elas os enalteciam tanto que quase interrompi a conversa para falar a respeito dos meus filhos, os quais são maravilhosos. Percebi que não há mãe no Universo que não encontre todas as qualidades para descrever o seu rebento.
Pensei logo, no Dia das Mães, domingo dia 10 de maio. Falar ou escrever sobre elas é repetir frases lindas, feitas e portanto já conhecidas, pois filósofos da antiguidade já falavam sobre as mães.O que mais nos resta repetir?
Uma mãe só passa a existir no momento em que um filho nasce, pois antes era mulher, filha, esposa, mas não mãe. Li em algum lugar algo semelhante ao que escrevi.
São pelos filhos que nos tornamos mães.E tenho a certeza de que todas sofreram, sofrem e sofrerão pelos seus filhotes.Transformam-se em lobas para defender sua cria.
Mas as mães morrem...., não deviam pois são nosso esteio, nosso aconchego nas horas tristes. 
Já dizia Carlos Drummond de Andrade:- 
-Por que Deus permite que as mães vão-se embora?
Elas deveriam ser eternas, pois com elas não há nada de ruim que nos ameace e ela sem medir esforços retira forças do invisível para proteger a sua prole. Todas as mães sabem disso. Nossa Mãe é um presente caríssimo que Deus nos deu.
Percebi que é muito difícil falar sobre as mães, pois elas representam o tudo em nossas vidas e quando ela nos falta nos sentimos sem chão, sem orientação e sem amor, aquele amor incondicional .
Elas são nosso porto seguro em todas as etapas da nossa vida, seremos sempre crianças para ela. 
Já ouviram uma mãe dizer sobre uma filha, que já é casada e tem filhos também?
- Esta é minha menina mais velha.É assim que somos para as mães, crianças crescidas.
Eu ainda continuava na fila do banco e ouvia o quanto as mães falavam a respeito de seus filhos. Percebi que ali, elas estavam falando como todas as mães fariam, pois todas são iguais, só mudam de endereço.





26 de abr. de 2015

Ser Mulher

E ela nasceu mulher Com data e horário premeditados Concebida sob a luz do holofote vermelho Não conhecera seu pai Nem seus avós Tinha apenas o braço de sua mãe para aquecê-la nas noites frias de inverno Naquele pequeno casebre Dividindo espaço com ratazanas e incertezas E ela cresceu de um jeito desengonçado e estapafúrdio Seu físico não a permitiu muitos namorados Seu intelecto não lhe permitiu anos de estudo E pras ruas seguiu seu rumo Entre salto alto, blush e batom barato Cabelos desgrenhados e manchas de lápis sob os olhos E ela se fez mulher Entre travesseiros e lençóis Entre decepções e deleites imperfeitos E nunca mais se olhara no espelho E nunca reconhecera seu reflexo E nunca se amara E suas perspectivas foram se apagando... Junto aos tocos de cigarros arremessados ao mar E sua vida nunca pode ser vivida E a sombra do seu passado ainda estaria presente, Em cada lágrima, em cada olhar, em cada macha de batom em seus lábios.






14 de abr. de 2015

Olhe para o lado


Era um sábado de sol, o azul do céu cobria a cidade de Curitiba. Um dia propício para almoçar com amigos e compartilhar histórias e risadas.
O almoço em questão fora um pão francês cortado ao meio, com um suculento pedaço de carne. À mesa, uma tigela com diversas frutas à nossa disposição. Pronto, ali estava o nosso banquete.
O dia transcorria, escolhi uma pequena mesa no canto. Sentei-me, e me preparava para degustar meu almoço quando ele se aproximou, pedindo para sentar-se comigo.
Com um aceno na cabeça, respondi positivamente, pois naquele exato momento mordia um pedaço do meu pão com carne.
Foi quando ele, chamando seu amigo, pediu que ele levasse algumas frutas e um pão com carne a um jovem rapaz que, do outro lado da rua, buscava algum alimento nas latas de lixo.
O senhor, gentilmente, levou pedaços de melancia até o rapaz. Ao voltar, ele sorriu e disse:
- Ele quase levou minha mão junto!
O homem que estava ali sentado ao meu lado, sorriu e seus olhos encheram-se de lágrimas.
Perguntei se estava tudo bem, ele disse:
- Está sim. Sou muito coração mole. Não posso ver pessoas com fome ou com frio. E saber que talvez, esses pedaços de melancia sejam o único alimento que ele tenha o dia todo, me traz desconforto.
Começava ali uma conversa que duraria 4 horas, com frases de otimismo, revelações do passado e volta às origens. Tanto dele quanto minha.
Ele me contou muitas histórias, não para se elevar a nível de santo, nada disso... tenho certeza de que Deus manda pessoas para nós, com as palavras e frases certas, quando estamos fragilizados. E foi o que aconteceu.
Aquele senhor me contando seu passado pobre, as perdas que teve e que, mesmo assim, jamais perdera a fé. Que a ajuda deve sempre existir, seja material, seja em palavras, seja em abraços ou apenas em olhares compadecidos.
Quantas vezes apenas passamos pela vida sem deixar marcas positivas? Quantas vezes apenas levantamos e não agradecemos a Deus por mais um dia de vida? Quantas vezes observamos seres vivos nas ruas, com frio, com fome, mendigando por algo, qualquer coisa, e simplesmente passamos reto, com olhar de desdém?
Aquele senhor, com os olhos marejados, sentado ao meu lado, não precisava fazer coisas assim. Ajudar pessoas a quem ele não conhece e que, provável, jamais receberá um “muito obrigado”. Mas ele aprendeu que a vida é um ciclo. E o fazer o bem sem olhar a quem tem o seu retorno positivo, leve o tempo que levar, mas o retorno virá.
Quantas vezes eu me doei a outra pessoa, nesses anos de vida? Quantas vezes deixei meus afazeres, ou pequenos prazeres para socorrer um amigo? Quantas vezes separei um pouco da minha comida e dei a outra pessoa? Quantos abraços de carinho, olhares de afeto ou sorrisos eu dei às pessoas?
E Deus coloca pessoas em nossas vidas com suas histórias, com seus exemplos para abrir nossos olhos e ouvidos.

E a sensação daquela conversa ainda perdura e, com certeza, algo se modificou dentro de mim. 

24 de mar. de 2015

Homenagem aos 125 anos de União da Vitória - PR

Ode a União da Vitória


União da Vitória, cidade onde nasci,
Festejamos 125 anos junto a ti.
Cidade sem praia ou mar,
Com cachoeiras imensas,
Com um rio caudaloso
Que parece virar prata,
Que embora belo, também chora.
Quando se sente ansioso transborda...
Tua marca também é o pinheiro
Que é o símbolo do Paraná
Como o pinhão plantado pela gralha azul
Aqui minhas raízes foram fincadas
Pelos trilhos é cortada
Porém não sente dor
Porque é muito amada
Tua catedral, uma mansão de luz
Onde teus fieis vão em busca de paz.
Espreita em silêncio a praça que fica à tua frente
A qual guarda os segredos
Do povo que por ela passa
Estou um pouco em tudo
Que faz parte de ti
No céu que te cobre
No sol que te aquece
No rio que te sacia
No povo que te ama
Mas também estou
Nos lenhadores,
Nos estudantes,
Nas pessoas pobres,
Nos abandonados,
Nos professores,
Nos que salvam,
Nos que rezam e também nos ingratos
Estou em ti,

Querida cidade de União da Vitória.

15 de mar. de 2015

Luto: Gêmeas do Iguaçu

Alguns de vocês eu não cheguei a conhecer, mas muitos eu conhecia, vizinhos em ruas próximas, outros eu troquei acenos e abraços pelas ruas das cidades irmãs. Hoje o céu ficou cinza, a sensação é estranha. Não perdi nenhum parente ou amigo próximo neste acidente, mas as pessoas que foram embora, levaram consigo um pedaço meu. Hoje estou triste. Algumas fotos vão aparecendo no face, vejo ali sorrisos e olhares serenos. Todos com expectativas e anseios que neste sábado foram podados. Deus sabe a hora de agir, não cabe a nós julgarmos. Apenas rezo e peço para que todos encontrem o caminho de luz e descansem em paz. Na certeza, de que ficarão bem e amparando a quem aqui ficou. A dor é pungente.

Homenagem do Blog Naco de Prosa às vítimas do acidente ocorrido neste sábado, 14 de Março, na Serra Dona Francisca, Santa Catarina. 




9 de mar. de 2015

Singela Homenagem: Inezita Barroso


Ela partiu num domingo, 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Talvez não tenha sido apenas uma coincidência essa grande mulher despedir-se de nós em um dia cujo foco é voltado à mulher, à força, à coragem, à competência...
Dona de uma das vozes mais lindas do meio sertanejo, respeitada, aclamada e aplaudida por todos. Inezita Barroso fez história, deixou um legado e uma legião de fãs, de todas as idades.
Defensora do sertanejo raiz, seu programa era palco de cantores renomados ou não, mas nem por isso com menos valor. Seu programa era uma das poucas garantias de que o sertanejo puro, simples, do mato, da raiz, continuaria sendo perpetuado pela TV. Hoje, não sei mais como será. Não há outra Inezita. 
Vai com Deus, grande mulher!

8 de mar. de 2015

Dia Internacional da Mulher

Apenas Mulher - Pelo dia Internacional da Mulher


 Sabemos que as mídias, imprensa falada e escrita, irão registrar muitos temas sobre “MULHER”, porém em todos os escritos haverá um ponto em comum: a ideia da mudança.
Infelizmente, não há receitas prontas a serem seguidas para que haja 100% de acertos.
Ainda existe a angústia da mulher que se percebe viva, mas, às vezes vive na morte espiritual. E, nós mulheres precisamos descobrir todas as possibilidades de viver bem, de descobrir a nossa essência e, para isso há a necessidade de percorrer todo o caminho.
- Será que todas as mulheres têm acesso ao caminho almejado?
Sabemos que há muitas rotas, as quais levam ao destino proposto de “SER MULHER”. Quem sabe, como definiu Carl Gustav  Jung:
“  ..uma rota só, entrecruzada por todas as demais.”
Hoje, em pleno século XXI, mulheres que não conseguem ”SER”.
Muito já caminhamos, porém a situação da mulher está aquém do que esperávamos que estivesse hoje. Sabemos que nem sempre foi assim, foi pior.
Ainda vivemos muito, as amarras do passado, sempre desejando mudanças para um futuro próximo. Ela ainda hoje, tem muitos deveres e poucos direitos, pois vive a diferença que se faz entre ser mulher.
Há esperança de que mesmo a passos lentos, as mudanças para melhor vão acontecendo, pois as coisas acabam somente quando não há mais esperança – e todos sabemos que ela é a última que morre.
A vida deve ser vivida em todos os seus momentos por que toda a vida não vivida ficará latejando infiltrada em todo o ser e invivida por toda a eternidade. Viver sim, mas uma vida que valha a pena.

E ser Mulher é ter valor para o mundo. 

2 de mar. de 2015

Ode ao Capitão Kirk, primeiro oficial aviador .

Ontem, domingo, primeiro de março de 2015, foi realizada em nome da aviação do Exército Brasileiro, uma homenagem, ao patrono, capitão João Ricardo kirk pela passagem de cem anos de sua morte.
Ele nasceu na cidade de Campos Goitacazes, no Rio de Janeiro, no ano de 1874. Foi o primeiro oficial aviador do Exército Brasileiro.Declarado Alferes ao terminar a Escola Militar, em 1891, e capitão post - mortem, em 1915.
Um dos primeiros oficiais a brevetar-se na França, na Escola de Aviação d' Etampes em 22 de outubro de 1912, após 6 anos do histórico voo do 14 bis.
Regressando ao Brasil, o tenente Ricardo Kirk, além das atribuições militares na Escola de Aviação do Exército , contribuiu com a Aviação Civil como Diretor Técnico e instrutor de voo, do Aeroclube Brasileiro.
Marco com busto do Capitão Kirk.
Por ocasião dos conflitos gerados na região do Contestado, no acerto dos limites entre Paraná e Santa Catarina, Kirk foi designado para apoiar com a aviação as operações de reconhecimento da região. Substituiria a tropa de cavalaria devido às dificuldades então existentes no terreno.
Caberia a ele, inaugurar nas Américas o emprego da Aviação em operações de combate.
Em 19 de setembro, de 1914 partiu do Rio de Janeiro, via ferroviária com destino a União da Vitória.
Era seu companheiro, o piloto italiano Ernesto Darioli. Eram cinco aviões cedidos pelo Aeroclube Brasileiro, dois foram destruídos por um incêndio, causados por fagulhas da locomotiva.
Em União da Vitória, com o apoio do Coronel Amazonas, Kirk iniciou a construção de um hangar e pista de pouso.
Do primeiro voo de treinamento, em 4 de janeiro de 1915, os pilotos relataram dificuldades causadas por ventos fortes, nebulosidade e frio intenso.
Uma região montanhosa coberta por mata fechada dificultava a localização dos focos de revoltosos. No dia primeiro de março, data escolhida pelo General Setembrino de Carvalho para chegarem a Santa Maria, Darioli pilotando o " Guarani", mesmo orientado por panos brancos colocados nas copas de alguns pinheiros, inesperadamente, viu-se desorientado e com o motor falhando. Com auxílio da bússola retornou a União da Vitória, porém Ricardo Kirk prosseguiu na missão, pilotando o avião 
"Iguaçu".
Acredita-se que tentando pousar no antigo Caminho das Tropas, na estrada de Palmas, próximo à Colônia de General Carneiro, bateu com a asa na copa de um pinheiro e foi arremessado para fora do aparelho.
Perdia o Exército Brasileiro o seu melhor piloto e dirigente pessoal de construção de outros campos de aviação, como o de Rio Negro e Canoinhas.
Um morador da região, senhor Ricardo Pohl, prestou a primeira homenagem ao aviador, colocando dois dormentes em forma de cruz e escreveu com a ponta de uma faca;" Aqui faleceu de desastre o aviador Ricardo Kirk, 1º de março de 1915".
Seu corpo foi transportado em carroça pelo senhor Miguel Chaicoski até a igreja Matriz de União da Vitória, hoje Porto União, e daí para o Cemitério do mesmo local.
Em outubro de 1943 os restos mortais de Ricardo Kirk foram transladados para o Rio de Janeiro, onde repousa no Mausoléu do Cemitério São João Batista. Também, no Rio de Janeiro, no campo dos Afonsos, em sua homenagem, uma das colinas no vértice nordeste do campo de pouso, recebeu o seu nome.
Nos jardins do Cemitério Municipal de Porto União, local onde seus restos mortais repousaram desde 03 de março de 1915 até outubro de 1943, a Prefeitura Municipal de Porto União e a Academia de Letras do Vale do Iguaçu construíram um Marco contendo placa alusiva à sua missão no Contestado.



Este texto me foi permitido publicar com algumas pequenas mudanças, pela professora Therezinha Wolff, a qual também retirou dados do livro" Pegadas Amigas".(2007)  

A homenagem aconteceu no próprio local do acidente.

A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...