30 de mai. de 2017

O pequeno livro

Lembro-me que era uma tarde fria de outono, dessas em que as árvores ganham tons amarelados, avermelhados, tons maravilhosos, quando as flores se desprendem delicadamente dos galhos, e caem de uma forma majestosa, sobre as calçadas.
Eu estava sentada em um banco de madeira, pintado de branco o qual, contrastava com as folhas caídas no chão.
Admirava as pessoas nos pedalinhos indo e vindo pelo enorme lago do parque, quando um senhor se sentou ao meu lado. Educadamente pediu licença, colocou seu chapéu no braço do banco, cruzou as pernas e abriu um pequeno livro.
Confesso que fiquei curiosa para saber o título do mesmo, mas a vergonha foi maior, não consegui ir além de um leve consentimento de “ pode sentar" com a cabeça.
Fiquei por ali mais uns cinco minutos e decidi ir para casa, o frio estava começando a congelar as pontas dos meus dedos.
No dia seguinte, o sol me acordara cedo, como era sábado, queria aproveitar para fazer algumas coisas que durante a semana não tivera tempo.
O parque cortava caminho e diminuía passos, além das belezas naturais que sempre tiravam o meu fôlego quando parava por alguns instantes para admirar.
Na volta, com algumas sacolas a mais, decidi me sentar um pouco, não havia calculado ao certo o peso de cada uma, e estava cansada.
Alguns minutos depois, enquanto meus olhos se entretinham com patos buscando comida sobre a água, uma voz familiar me cumprimenta pedindo licença para se sentar.
Prontamente trouxe as sacolas para perto do meu corpo, e o conhecido senhor sentou-se, colocando seu chapéu sobre o banco, cruzando as pernas abriu o pequeno livro. O mesmo de ontem.
Olhei de canto de olho, percebi que a capa era branca e o livro era pequeno e fino, pensei comigo: deve ter umas dez páginas.
Mas, minha olhada de canto foi percebida, e sem tirar os olhos do livro o senhor me perguntou: - Conhece o Pequeno Príncipe?
No momento corei, ele havia percebido minha indiscrição. Senti-me tola por não ter perguntado o nome e sim, esperado ele perceber minha curiosidade.
- Já ouvi falar, sim senhor. 

No momento da resposta, veio à tona minha infância, quando desenhos daquele pequeno menino, passava na TV. Eu sempre achei que era coisa de criança, o que me causou estranheza um senhor lendo um livro, supostamente infantil.
- Eu já li esse livro 156 vezes, ele continuou, e sempre que o leio, é uma nova surpresa para mim. Amadurecemos, a visão muda sobre muitas coisas, inclusive sobre uma obra tão rica como essa.
Analisei rapidamente aquele pequeno livro que o senhor tinha entre as mãos. Sem exageros, posso afirmar que as mãos dele eram quase maiores que o livro, que ele dizia ter lido tantas vezes.
- Desculpe-me, eu já ouvi falar, mas sempre pensei que fosse um livro infantil. Lembro-me até dos desenhos que passavam...
- Não, não... engana-se. Este livro é tão profundo que, após lê-lo, mesmo pela 157ª vez, ele causa mudanças em minha forma de analisar, agir e pensar.
Fiquei muda. Não podia crer no que aquele senhor, que me parecia tão culto e vivido falava: um pequeno livro mudar pensamentos de um senhor como ele?! Impossível acreditar.
- Percebo pela sua fisionomia que não acredita em mim. Façamos o seguinte: fique com o livro, daqui a uma semana, encontre-me neste mesmo local e voltamos a conversar.
No momento, eu me neguei a aceitar tal proposta, aquele senhor emprestando seu livro, tão precioso para ele. Mas ele insistiu, deixou-o sobre o banco e partiu.
Eu não sabia seu nome e nem ele o meu. Peguei o livro, abri em uma página qualquer, muitas marcações, palavras destacadas, pensei: - isso será interessante!
Desafio aceito.
Fui para casa, por incrível que pareça no caminho todo em pensava naquele pequeno livro, sem entender ainda como ele transformaria minha vida, ou pensamentos, ou forma de agir.
Arrumei as compras. Olhei o relógio, eram três da tarde. Pelo tamanho do livro, calculei que em meia hora já o teria lido e guardado na sacola para devolvê-lo, no sábado seguinte.
Fiz um pouco de chá, ajeitei-me na poltrona e lá fui eu para a primeira página... e a mágica foi acontecendo, página após página...
96 páginas depois, o livro chega ao fim. Olhei para os lados, a sensação foi de ter saído das profundezas do oceano dentro de mim mesma.
Turbilhão de sentimento, estrelas, rosa, planetas, esperança, amor, saudade... tudo misturado dentro de mim querendo explodir. Eu precisava encontrar aquele senhor, precisava lhe contar tudo isso, precisava mostrar ao mundo do que aquele pequeno livro era capaz!
Eu não queria que ele tivesse acabado, eu queria mais folhas, mais palavras bonitas, mais conselhos, mais verdades, eu queria mais do que o mundo oferecia naquelas poucas folhas.
Foi preciso um estranho se aproximar de mim, para eu conhecer algo tão precioso que estava acessível o tempo todo e nunca fora percebido por mim, talvez por preconceito ou ignorância.
A semana passou, voltei ao parque, voltei ao mesmo lugar para entregar o livro ao senhor desconhecido.
E lá estava ele, no mesmo banco, com o chapéu em suas mãos. Quando me aproximei ele sorriu.
- Não precisa dizer nada, seus olhos mudaram desde a última vez em que eu a vi. Seu rosto, seu semblante está iluminado. O livro funcionou para você.
- Funcionou?
- Eu sempre ando com um exemplar deste livro em busca de pessoas que precisam dele. Percebi que você era uma delas. Mas na primeira vez não teve coragem de se aproximar e, eu respeitei seu espaço. Na segunda vez, percebendo que você estava observando e tentando descobrir a capa, o nome, eu o aproximei de você. Esta é a magia do Pequeno Príncipe, ele convida as pessoas para lê-lo, e transformarem um pouco suas vidas como ele fez comigo e com você.
Fiquei admirada com aquelas palavras. Aquele senhor fazia uma corrente do bem, emprestando o livro para pessoas que, sem perceberem, estavam anestesiadas na vida. Sem a real e total perspectiva.
Estendi a mão para devolver o livro, mas ele recusou e disse:
- Passe-o para outra pessoa ou guarde-o para você. É seu.
Colocou o chapéu, apertou minha mão, sorriu e seguiu seu caminho.
Até hoje não sei o nome dele, mas ele sabe o bem que ele me fez ao me entregar aquele pequeno e tão grandioso livro.



18 de mai. de 2017

A existência de Deus

Antoine de Saint-Exupéry, notável escritor que se notabilizou pela sua grande paixão à aviação, sendo destacado para fazer a linha comercial do Correio Aéreo francês. Para Exupéry, tudo que se relacionava ao conceito de religião e divindade era de importância secundária.
Em um de seus voos, em companhia de seu mecânico de bordo, no deserto do Saara, o avião sofreu uma pane e caiu. A primeira noite foi aterrorizante, pois a temperatura no deserto, à noite é baixíssima,ao contrário, durante o dia, o calor é escaldante.
Quando amanheceu, Exupéry já estava conformado à espera da morte, porque não havia possibilidade de vida onde estavam.
De repente, ele viu passar correndo, nas dunas, um pequeno rato do deserto, logo pensou se há um animalzinho aqui, deve haver água e consequentemente vida.

Andou por muito tempo atrás do bichinho, e o encontrou em uma duna fixa, de um lado havia muita umidade e muitos gravetos, lugar e clima propicio para uma colônia de caracóis, junto à uma  comunidade de ratinhos. Exupéry permaneceu ali, o dia todo, e percebeu que os ratinhos se alimentavam dos caracóis velhos, deixando os jovens vivos, com isso, a alimentação não acabaria e assim a vida teria continuidade, no deserto do Saara.
O jovem gritou de alegria – Deus existe! Ao sair correndo avistou seu mecânico acenando com sua camisa, e disse a Exupéry que teve o instinto de girar a hélice e ao fazê-lo, o avião funcionou, disse o mecânico: - Parece um milagre. Chegaram a Dacar, são e salvos.
Deus existe! Basta olharmos para alguns animais ou bichinhos, seus instintos eles vão nos responder sim, Deus existe.
Qual foi o engenheiro que ensinou ao João de barro a construir sua casa de maneira que as intempéries não matem os seus filhotes?
Qual foi o farmacêutico que passou ensinamentos ao cão sobre as ervas para a cura de suas indisposições?
Qual arquiteto estabeleceu as linhas mestras aos pássaros para entrelaçarem seus ninhos com segurança?
Quem ministrou aulas de paciência à pantera para ter êxito em suas caças?
Qual maestro deu aulas de técnica vocal às aves?
Quem informou às tartarugas que nascem nas areias escaldantes, a procurarem se salvar nas águas do mar?
Qual aviador deu lições ao condor, à águia a planar, envergar as asas e fazer voos rasantes?
Deus que tudo faz. Deus que tudo provê!
Fotos: Google

10 de mai. de 2017

Ode às mães

Há tanta coisa bonita a ser dita, porém tudo se torna redundante, porque todos os poetas já proclamaram em verso e prosa o nome "Mãe".Palavras bonitas,versos rimados,mas será que em algum poema veremos registrado o dia em que a mamãe ficou sem almoçar porque o bebê chorou muito, a dor era grande e, ela chorou também, ou será que em algum lugar encontraremos a mamãe escondendo as lágrimas, para manter-se firme diante de uma posição tomada?
E, quando nos perguntarem:
Quem é aquela mulher ajoelhada aos pés da cruz de Jesus?
É uma Mãe que pede pelo seu filhinho que nasceu com paralisia cerebral.
Quem é aquela mulher com as mãos sujas de barro aos pés do morro?
É uma Mãe que procura pelo seu filho, sob os escombros do deslizamento , após as chuvas .
Quem é aquela mulher correndo pela rua, em meio à multidão?
É uma Mãe que saiu do trabalho, e se atrasou para pegar seu filho, na creche do bairro.
Quem é aquela mulher, sentada à beira da estrada?
É uma Mãe cansada do trabalho da roça, e que ainda vai trabalhar em casa.
Quem é aquela mulher  chorando,  à porta do hospital?
É uma Mãe que precisa que seu filho seja atendido pelo médico, mas não há vaga no hospital.
Quem é aquela mulher  desesperada  contando moedas?
É uma Mãe que conta seu dinheiro, para saber quantos pãezinhos poderá comprar para seus filhos, com o que ganhou  com seu trabalho, na feira.
Quem é aquela mulher  atrapalhando a fila, no mercado?
 É uma Mãe que está devolvendo mercadorias, porque seu dinheiro é pouco para pagar.
Quem é aquela mulher, à porta do colégio, olhando o relógio?
É uma Mãe que espera que seu filho se adapte ao primeiro dia de aula, para poder  deixá-lo e ir trabalhar.
Quem é aquela mulher, de salto alto, às pressas pela calçada?
É uma Mãe, advogada que vai enfrentar mais uma difícil jornada de seu trabalho, com a justiça.
Quem é aquela mulher  carregada de livros que caminha apressada?
É uma Mãe professora, que está indo cumprir mais uma jornada de trabalho, em outra Unidade Escolar. 

Quem é aquela  mulher  com vassoura, na rua?
É uma Mãe gari ,que faz seu trabalho na limpeza da cidade.
Quem é aquela mulher que está aguardando em frente à loja ?
É uma mãe que trabalha como balconista para auxiliar na renda de casa.
Quem é aquela mulher de boné com baldes e pás?
É uma Mãe servente de pedreiro, e também é  chefe de família.
Quem  é aquela mulher maravilhosa, de braços abertos  querendo abraçar a todos nós, como se fôssemos seus filhos?
Aquela é Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe, foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Mestre Divino, e Ele quando na cruz disse a todos nós:
- Eis aí, sua Mãe!
Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe.
 Maria Santíssima, nossa Mãe espiritual.

Fotos: Google

Que o Mestre Divino abençoe a todas as mães!


7 de mai. de 2017

Como deve ser

Certo dia, resolvi mudar de rota, voltei para casa por outro caminho, lembro-me que era um final de tarde lindo, daqueles em que o céu está rosa e os pássaros, com movimentos perfeitos de ballet, dançavam sobre minha cabeça.
Naquele momento ouvia uma música desses ritmos que nos deixam alegres, para cima, pois tudo se encaixava perfeitamente, sentia-me parte da natureza, como deve ser.
Foi quando observei ao lado, sentada sobre os trilhos do trem (que hoje não mais apita), uma mulher com as pernas contra o corpo, olhando para cima, sorria. 

Ela estava tão encantada que parei por alguns minutos.
Busquei com os meus olhos o que os olhos dela fitavam e a faziam sorrir, afinal sorrir faz bem e, eu também queria buscar um pouco daquela sensação.
Avistei, no céu, um casal de pássaros, pequenos, acredito serem sabiás.
Eles iam e vinham, suas asinhas desenhavam algo invisível no céu
e, naquele momento, meus lábios sorriram, mas foi algo tão espontâneo, tão puro, que a minha vontade era convidar a todos que passavam ali para, assim como ela e eu, parassem por alguns minutos e observassem como a natureza é perfeita em seu conjunto: animais, floresta e nós.
A harmonia, a boa convivência... Tudo poderia ser sempre assim
Tirei os fones do ouvido, precisava ouvir o canto daqueles seres tão pequenos e, ao mesmo tempo, tão grandes
Pensei comigo: corajosos, esses pequenos! Desde quando nascem têm que enfrentar este mundo todo, imenso, infindo...
Nós ainda temos auxilio, muitos de nós, até longa data... já, algumas espécies, nascem sozinhos e correm para o mar... tão pequenos e frágeis. Alguns não conseguem chegar ao seu destino final, outros chegam e têm que enfrentar outros desafios no fundo do mar...
E, me senti frágil diante de tais pensamentos.
Naquele momento, confesso, entendi o quão frágeis podemos ser... Muitos animais vivem só por anos e se defendem muito bem, e sobrevivem e vivem, porém nós sozinhos, não somos uma ilha, necessitamos uns dos outros para vivermos, pois sozinhos, não sei ao certo até onde aguentaríamos.
Se sobreviveríamos, o sol já dera espaço à lua.
Coloquei o fone, e continuei meu caminho para casa, pensando que tudo estava exatamente no seu devido lugar e, era como deveria ser.
Fotos: Google




2 de mai. de 2017

O que terá acontecido a Belchior ? ( Postado em 07/01/2014 )

Ele nasceu em Sobral, no Ceará. Seu nome: Antônio Carlos Belchior Fontenelle Fernandes, ou apenas Belchior.
Aos 67 anos, após inúmeros sucessos musicais, Belchior mantém um enigma à sua volta.
Tudo começou em 2005, quando o artista conheceu Edna Assunção de Araújo, produtora cultural e militante de organizações de extrema-esquerda.
Eles se apaixonaram, iniciaram um namoro e Belchior terminou seu casamento de 35 anos com Ângela, mãe dos dois dos quatro filhos que o cantor tem.
Afastou-se dos amigos, deixou de fazer shows e, em 2009, desapareceu sem deixar rastros.
Nem os amigos mais próximos esperavam tal atitude. Ele abriu mão de todo seu patrimônio ( quadros, roupas, documentos, carros, apartamentos ), além da agenda de shows. O sumiço transformou Belchior em uma figura “cult”. A pergunta “Onde está Belchior?” ecoou na internet e teve repercussão internacional. Campanhas pedindo a volta do músico. Suas músicas que antes tinham cerca de cinco mil acessos, hoje ultrapassam 500 mil.
Mas o sucesso virtual não trouxe nenhum benefício material ao cantor. Ele vive escondido em Porto Alegre com Edna, escondendo-se da polícia. Contra ele há dois mandatos de prisão pelo não pagamento de pensões alimentícias.
Além disso, Belchior abandonou todos os seus compromissos e não paga mais aos seus credores. O ex-secretário particular de Belchior, Célio Silva, ganhou um processo trabalhista contra ele no valor de R$ 1 milhão. Não há mais como recorrer. As contas de Belchior estão bloqueadas e os imóveis que tinha foram comprometidos. Sem dinheiro, ele já se abrigou numa instituição de caridade no Rio Grande do Sul e morou de favor na casa de fãs que nem conhecia.
O que intriga a todos, é que o cantor, aparentemente, não agiu movido por depressão, dívidas ou golpes publicitários, como todos acreditavam. Alguns amigos tentam justificar o comportamento do artista: “Edna não conseguiria sozinha virar a cabeça de alguém inteligente como Belchior. São dois sonhadores, juntaram suas utopias. Deixaram de acreditar neste mundo materialista, objetivo e mesquinho e partiram para um caminho de desapego”. Belchior é um artista com vasta cultura, domina cinco idiomas, conhece filosofia e gosta de física quântica. Até os anos 2000, lançava em média um disco por ano. “Ele era uma máquina, chegava a fazer três shows por noite. Era uma pessoa completamente dedicada à carreira”, diz o parceiro e ex-sócio Jorge Mello.
Depois que conheceu Edna, Belchior percorreu uma trajetória descendente em que, aos poucos, se despojou de todos os bens e obrigações. No final de 2006, ainda com a carreira aquecida, pediu que o empresário Jackson Martins parasse de agendar novos shows. Pretendia passar um tempo se dedicando à pintura e à tradução do poema Divina comédia, de Dante Alighieri, para uma linguagem popular. No início do ano seguinte, deixou o apartamento em que vivia com Ângela, mas continuou morando em São Paulo com Edna, num flat alugado. Desde então, a família diz não ter mais notícias dele.
Belchior continuou em São Paulo até 2009, quando deixou o flat sem quitar os últimos meses de aluguel.  Na garagem, ele largou um segundo carro e, em seu apartamento ficaram roupas, rascunhos de música, cartões de crédito e o passaporte. Belchior também abandonou tudo na casa alugada onde funcionava seu escritório: coleção de quadros, discos, documentos e o computador onde estava parte da tradução da Divina comédia, projeto que lhe consumira três anos. 


Belchior e Edna perambularam durante todo esse período de hotel em hotel – várias vezes, sem pagar a conta. Amigos culpam Edna pela iniciativa. O primeiro hotel em que isso aconteceu foi o Gran Marquise, em Fortaleza. Os dois ficaram hospedados ali ainda em 2006. Saíram sem pagar dois meses de estadia, no valor de R$ 8 mil. Depois, repetiram a prática em pelo menos quatro locais. No Icaraí Praia Hotel, em Niterói, deixaram uma conta de R$ 4 mil. “Alguns funcionários tiveram de arcar com parte da dívida, já que permitiram que ele ficasse hospedado mais de uma semana sem pagar a conta”, diz o atual gerente, Germano Lopes. No Royal Jardins Boutique, em São Paulo, a conta pendurada foi de R$ 12 mil. “Eles deixaram um cheque caução, mas não tinha fundos”, diz Elly Shimasaki, gerente na ocasião.
O caso mais recente foi no hotel Cassino, na cidade de Artigas, no Uruguai, onde o casal se hospedou entre julho de 2011 e novembro de 2012. Os últimos meses ficaram sem pagamento, restando uma dívida de R$ 35 mil. Lá, Belchior deixou para trás roupas e um laptop.
Em Porto Alegre, Belchior e Edna ficaram inicialmente hospedados num hotel simples no centro, pago com ajuda dos funcionários do Tribunal de Justiça, primeira porta em que o casal bateu quando chegou à capital gaúcha. Depois, foram abrigados no Centro Infanto juvenil Luiz Itamar, instituição de caridade na região metropolitana. Dali, foram levados ao advogado Aramis Nacif, ex-desembargador do Estado, que poderia ajudar Belchior com os processos. “Ele dizia que um agente apareceria, mas nunca apareceu”, diz Nacif. Durante um mês, o casal ficou abrigado na casa de praia do filho dele. “Eles não tinham dinheiro algum. Edna apresentava um sentimento de perseguição muito grande, parecia ter algum distúrbio psicológico”, diz. Foi nesse momento que Belchior conheceu o advogado Jorge Cabral, na casa de quem se hospedou por quatro meses.
Em julho deste ano, Cabral pediu que o casal saísse, dado que Belchior e Edna não davam sinal de acabar com aquela situação de total dependência.
Belchior foi visto pela última vez na entrada do prédio, um edifício moderno num bairro de classe média de Porto Alegre, em frente a uma avenida bastante movimentada. Carregava uma pequena mala nas mãos e material de pintura debaixo do braço. Estava, como sempre, ao lado de Edna.
Informações fornecidas pelo site da revista Época – Marcelo Bortoloti.
Resolvi publicar esta informação pois estou inconformada. Temos perdidos tantos artistas maravilhosos ao longo dos anos, não sei se Belchior tem o direito de nos privar de seu brilhantismo desta forma... mas, talvez, ele tenha encontrado o que tanto buscava ao lado de Edna...
Por enquanto o que me resta é o alento de suas letras já gravadas e regravadas. E, ao ouvi-las, penso que, talvez, ele já estivesse dando seu recado há muito tempo, e hoje colocou-o em prática.

“... e no escritório em que eu trabalho, e fico rico, e quanto mais eu multiplico, diminui o meu amor”...


 
Fotos: Google






A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...