29 de nov. de 2013

Ponto de Vista

É de conhecimento público que o sertão nordestino sofre todos os anos com estiagem e descaso dos políticos deste País.
Este ano tivemos novamente animais morrendo de sede e os homens sertanejos sem perspectiva de como farão para sustentar as suas famílias. 
 Desde que me entendo por gente eu ouço falar dos problemas sérios que o Nordeste e Norte enfrentam, e muitos estudiosos afirmam que sim, há como salvá-los da seca.
Muitas regiões e cidades são esquecidas por completo pelo poder público.
São tratadas como se não fizessem parte do mesmo país, como se fossem um estorvo, um mau agouro.
Muitos documentários já foram feitos e exibidos, muitas músicas, muitas crônicas e poemas.
Não há interesse, não há comprometimento, não há auxílio, não há mão estendida para parte do nosso povo.
Como se eles tivessem cometido o pecado de terem nascido.
O homem sertanejo não quer esmola, não quer migrar para São Paulo, ele quer ficar na sua terra, cuidar da sua família e tirar seu sustento.
Um mesmo país, mas tão diferente...!
Luiz Gonzaga foi um dos responsáveis por trazer, em forma de canção, as mazelas do sertão. Além das suas músicas que alegram as festas juninas e as danças típicas do nordeste, ele conta como é a vida do homem sertanejo, suas dificuldades, e como ele tenta, a todo custo, trazer de volta sua dignidade há tempos rachada junto ao solo do sertão.
Este capitalismo selvagem que faz das pessoas robôs sem interesse nos problemas de seus semelhantes, principalmente quando esses problemas estão no outro lado do País.
Este capitalismo que constrói estádios dignos de primeiro mundo em Recife, e na cidade ao lado as crianças tomam água com barro misturadas com açúcar.
E os irmãos sertanejos vão definhando e os que sobrevivem mantém a esperança de que o próximo governante olhará para eles com respeito e fará valer sua posição política.
Luiz Gonzaga é conhecido como o rei do baião, mas com sua sanfona ele foi muito além das músicas festivas, trazendo à tona um pedaço do Brasil que precisa ser olhado com respeito e com hombridade pelos políticos. 

Vozes da Seca

Luiz Gonzaga

Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos 



20 de nov. de 2013

Doris Lessing

No domingo,próximo passado dia 17, morreu em Londres a escritora Doris Lessing aos 94 anos.
Quando li a notícia pensei : preciso escrever algo sobre ela, mesmo que seja uma pequena homenagem, porém como é difícil falar sobre uma pessoa tão importante no mundo literário!
Doris Lessing foi a pessoa mais velha na área da Literatura a receber um Nobel.
Sua reação foi de aborrecimento e crítica explícita quando foi agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura, autora de mais de 50 livros, ela não esperava mais receber tão grande homenagem em uma época tão tardia da vida. Ela afirmou que tinha certeza de que já havia produzido o que havia de melhor décadas antes, e só em 2007 foi premiada.
Ela nasceu na Pérsia, hoje Irã. Mais tarde, foi para Rodésia, hoje o Zimbábue.
Sua maior popularidade aconteceu em 1970 e 1980, quando as obras como: Verão antes da Queda, O Carne Dourado ou a série de ficção científica, Canopus em Argos, alcançaram muitos leitores e foram traduzidos para dezenas de idiomas, inclusive o português.
Ela foi editada no Brasil durante esse período, e suas obras foram republicadas pela Companhia das Letras, nos anos 2000, após a concessão do Nobel.
O Carnê Dourado é tradução para o título da obra com o nome: The Gold Notebook.
Minha opinião: penso que não houve sintonia da tradução, pois O Carnê Dourado, poderia ser “O Livro Dourado”, ou quem sabe “O Caderno Dourado”, ou até “A caderneta Dourada”. Ah!... deixa reivindicar.
O Carnê Dourado faz uma análise da personalidade e da criatividade da mulher, com tom autobiográfico. Podemos considerá-lo como um clássico da literatura feminina.
É uma obra muito emblemática de 1962 e serve como ponto de referência para as feministas.
Doris Lessing foi definida pela academia sueca como uma “narradora épica da experiência feminina”, que com ceticismo e ardor colocou na transparência uma civilização dividida. Sua obra é uma mistura das tensões políticas e sociais do século XX.
Retrata as transformações político e comportamentais, com o papel da mulher na sociedade. O enredo de suas obras como: O Rumo da Esquerda, O Comunismo, O Colonialismo Africano levam a nós, leitores, a experimentar uma mistura de sentimentos a cada página lida.
Doris escrevia muito sobre a vida que teve na África,  foi uma das escritoras  mais influentes do século XX. Participava de muitas campanhas e uma delas foi contra armas nucleares.
Quando há emoção humana, o sucesso é garantido e Doris mexia com as emoções humanas.
Teve grande influência de Charles Dickens e Leon Tolstoy.
Doris Lessing deixou um legado, que jamais morrerá.                                    

16 de nov. de 2013

Imagem do ano


Não, nesta foto José Dirceu não está em campanha eleitoral, está se dirigindo à Polícia Federal para ser preso.
A comemoração se deve a quê, então? ( sabemos )
Nós, o povo (honesto) brasileiro, é quem deveria estar comemorando, mas não estamos pois, com certeza, isso tudo não passará de um embrolho.
Joaquim Barbosa fez a parte que lhe cabia, e o Lula já está fazendo a dele.
Lamentável.

8 de nov. de 2013

Politicamente Correto?


Há pouco li um desabafo de um humorista,disse que fazer humor hoje, é uma das coisas mais perigosas e que, além  disso muito impede a sua criatividade, pelo medo de dizer algo que não é tão” Politicamente Correto” e ter mais um processo para responder.Finalizou a entrevista afirmando ter medo de se expressar em público e quando o faz fica divagando atrás de palavras, analisando-as antes de verbalizá-las. Se há medo há empobrecimento pode-se afirmar :-Há censura.
Lembrei que nem Monteiro Lobato escapou do “Politicamente Correto”. Sua obra de 1933, “As Caçadas de Pedrinho” foi classificada como racista. Será que Monteiro Lobato era racista em 1933? 
Voltando ao texto penso que “NEGRO” não é ofensa. Só vê preconceito nessa palavra quem a lê  preconceituosamente .Vale aqui, uma brincadeirinha : como chamar nossa saborosa nega maluca? –Bolo afrodescendente? Há tantos fatos que não consigo entender, vou citar um exemplo. Não podemos mais usar a palavra “Favela” foi substituída por “Comunidade”,  eu não percebi nada de significativo na mudança de nome, penso que seria mais valioso que se pensasse em melhorias para a favela, o que iria favorecer a todos os moradores. Portanto , viver mal sem infraestrutura, sem organização é politicamente correto e válido?
A expressão “politicamente correto” se firmou na língua inglesa.Nos Estados Unidos tem uma força tremenda.
No Brasil, o politicamente correto recebeu uma resistência maior devido a famosa cordialidade brasileira.
Será que podemos afirmar que ser politicamente correto se transformou em um jogo de poder de certos grupos para atrapalhar ou lançar medo? Ou até baratear um debate, uma conversa, uma palestra? Pessoas envolvidas  necessitam de mais tempo para pensar no que vão falar, pois hoje, a maioria das pessoas se ofende por qualquer bobagem  e há ainda o medo de ferir algum grupo e a seguir o medo de ser processado.E, hoje, processa-se por qualquer banalidade.Existe também o risco do politicamente correto na mídia,pois diminui o impulso de se pensar livremente, e isso agride a liberdade das pessoas .Parece que temos que ter o tempo todo, permissão para pensar .
Será que ser “Politicamente Correto” é só dizer o que o outro quer ouvir?
Ser politicamente correto ou ser alienado?
Jô Soares disse:
-“Só quem tem que ser Politicamente Correto, no Brasil são os políticos.” 

A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...