27 de set. de 2010

As consequências de um voto comprado

 Tempo de eleições, tempo que deveria ser para a conscientização do povo, tempo para conhecer realmente a função do político.Tempo de nos perguntar o porquê de votar no Sr.Sicrano ou Sr.Beltrano. No entanto, o que vemos é um abuso de cores, o aspecto visual se torna mais atraente e nos faz esquecer deliberadamente de saber detalhes sobre o candidato e suas propostas. Deveríamos ser obrigados pela nossa consciência a conhecer minuciosamente o plano de governo do candidato, sua experiência de vida relacionada à política.
Às vezes, só vemos no político sua maquiagem, sua imagem melhorada com planos mirabolantes, que sabemos serem impossíveis concretizá-los. Também não exigimos nada dele, nenhum preparo, nenhuma qualificação. Damos a ele através do nosso sagrado voto, o poder de legislar, governar.
Pior é que nem sabemos se possui a famosa ficha limpa, pois na propaganda política nem seu nome precisa usar, sendo assim, podemos votar no Tiririu, no Tonhão, no Galinha, no Dotô, no Mandioca, no Leitão, no Cara de  Pau, e assim vão desviando-nos de uma séria e necessária apresentação.
Nosso voto deve ser livre e consciente.

Raquel de Queiroz e sua consciência político-social.
Texto que segue foi escrito em 1947 , com ortografia original da época(Fonte:Memória Viva-O Cruzeiro)
“Não sei se vocês têm meditado como devem no funcionamento do complexo maquinismo político que se chama govêrno democrático, ou govêrno do povo. Em política a gente se desabitua de tomar as palavras no seu sentido imediato. No entanto, talvez não exista, mais do que  esta, expressão nenhuma nas línguas vivas que deva ser tomada no seu sentido mais literal: govêrno do povo. Porque, numa democracia, o ato de votar representa o ato de FAZER O GOVÊRNO.
Pelo voto não se serve a um amigo, não se combate um inimigo, não se presta ato de obediência a um chefe, não se satisfaz uma simpatia. Pelo voto a gente escolhe, de maneira definitiva e irrecorrível, o indivíduo ou grupo de indivíduos que nos vão governar por determinado prazo de tempo.
Escolhem-se pelo voto aquêles que vão modificar as leis velhas e fazer leis novas - e quão profundamente nos interessa essa manufatura de leis! A lei nos pode dar e nos pode tirar tudo, até o ar que se respira e a luz que nos alumia, até os sete palmos de terra da derradeira moradia.
Escolhemos igualmente pelo voto aquêles que nos vão cobrar impostos e, pior ainda, aquêles que irão estipular a quantidade dêsses impostos. Vejam como é grave a escolha dêsses “cobradores”. Uma vez lá em cima podem nos arrastar à penúria, nos chupar a última gôta de sangue do corpo, nos arrancar o último vintém do bôlso.
E, por falar em dinheiro, pelo voto escolhem-se não só aquêles que vão receber, guardar e gerir a fazenda pública, mas também se escolhem aquêles que vão “fabricar” o dinheiro. Esta é uma das missões mais delicadas que os votantes confiam aos seus escolhidos. Pois se a função emissora cai em mãos desonestas, é o mesmo que ficar o país entregue a uma quadrilha de falsários. Êles desandam a emitir sem conta nem limite, o dinheiro se multiplica tanto que vira papel sujo, e o que ontem valia mil, hoje não vale mais zero.
Não preciso explicar muito êste capítulo, já que nós ainda nadamos em plena inflação e sabemos à custa da nossa fome o que é ter moedeiros falsos no poder.
Escolhem-se nas eleições aquêles que têm direito de demitir e nomear funcionários, e presidir a existência de todo o organismo burocrático.
E, circunstância mais grave e digna de todo o interêsse: dá-se aos representantes do povo que exercem o poder executivo o comando de tôdas as fôrças armadas: o exército, a marinha, a aviação, as polícias.
E assim, amigos, quando vocês forem levianamente levar um voto para o Sr. Fulaninho que lhes fêz um favor, ou para o Sr. Sicrano que tem tanta vontade de ser governador, coitadinho, ou para Beltrano que é tão amável, parou o automóvel, lhes deu uma carona e depois solicitou o seu sufrágio - lembrem-se de que não vão proporcionar a êsses sujeitos um simples emprêgo bem remunerado. Vâo lhes entregar um poder enorme e temeroso, vão fazê-los reis; vão lhes dar soldados para êles comandarem - e soldados são homens cuja principal virtude é a cega obediência às ordens dos chefes que lhe dá o povo. Votando, fazemos dos votados nossos representantes legítimos, passando-lhes procuração para agirem em nosso lugar, como se nós próprios fôssem. Entregamos a êsses homens tanques, metralhadoras, canhões, granadas, aviões, submarinos, navios de guerra - e a flor da nossa mocidade, a êles prêsa por um juramento de fidelidade. E tudo isso pode se virar contra nós e nos destruir, como o mostro Frankenstein se virou contra o seu amo e criador.
Votem, irmãos, votem. Mas pensem bem antes. Votar não é assunto indiferente, é questão pessoal, e quanto! Escolham com calma, pesem e meçam os candidatos, com muito mais paciência e desconfiança do que se estivessem escolhendo uma noiva. Porque, afinal, a mulher quando é ruim, dá-se uma surra, devolve-se ao pai, pede-se desquite. E o govêrno, quando é ruim, êle é que nos dá a surra, êle é que nos põe na rua, tira o último pedaço de pão da bôca dos nossos filhos e nos faz aprodecer na cadeia. E quando a gente não se conforma, nos intitula de revoltoso e dá cabo de nós a ferro e fogo.
E agora um conselho final, que pode parecer um mau conselho, mas no fundo é muito honesto. Meu amigo e leitor, se você estiver comprometido a votar com alguém, se sofrer pressão de algum poderoso para sufragar êste ou aquêle candidato, não se preocupe. Não se prenda infantilmente a uma promessa arrancada à sua pobreza, à sua dependência ou à sua timidez. Lembre-se de que o voto é secreto.
Se o obrigam a prometer, prometa. Se tem mêdo de dizer não, diga sim. O crime não é seu, mas de quem tenta violar a sua livre escolha. Se, do lado de fora da seção eleitoral, você depende e tem mêdo, não se esqueça de que DENTRO DA CABINE INDEVASSÁVEL VOCÊ É UM HOMEM LIVRE. Falte com a palavra dada à fôrça, e escute apenas a sua consciência. Palavras o vento leva, mas a consciência não muda nunca, acompanha a gente até o inferno”.
"Sou pela liberdade.Pelas concessões ideológicas.Eu acho que o voto do analfabeto foi um dos maiores erros políticos,um instrumento de demagogia,de rebaixamento político, o voto dos analfabetos". Raquel de Queiroz

26 de set. de 2010

Vergonha de ser honesto


"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude, 
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto."
Rui Barbosa

"...mas somos muitas vezes péssimos administradores e políticos fajutos, em lugar de investir, roubamos; em lugar do cuidar, negligenciamos; em lugar de curtir, botamos fora, o bem da nossa alma."Lya Luft. Revista Veja, 9 de maio,2007 .
 Se pudesse ter um Naco de Prosa com Rui Barbosa, eu diria ao nosso ilustre escritor que roubar não é ser esperto. Quando a verdade e principalmente a transparência forem concretas, nós brasileiros também seremos um povo feliz e tranquilo, vivendo na igualdade.
  Há muitos de nós que são céticos, não acreditam que há esperança para o nosso Brasil, porém não somos eternos ("até os canalhas envelhecem e morrem") e com certeza, as futuras gerações terão paz e tranquilidade.
  Talvez estejamos impacientes pela pela melhora, precisamos ser mais tolerantes, acreditarmos que nem  todos são corruptos. Vamos trabalhar unidos para consolidarmos a verdade. E, hoje, mais do que nunca ser um brasileiro com honra e,  jamais sentir vergonha de ser honesto.

25 de set. de 2010

Clássico da época da Segunda Guerra Mundial continua vivo e atual...

O clássico A Revolução dos Bichos já foi por muitos leitores, críticos literários, estudiosos, universitários e curiosos analisada, esmiuçada, até talvez a exaustão, porém, com certeza, podemos ainda fazer vários estudos sobre o assunto, pois em nossos dias, continua grande seu valor para novas reflexões.
Na Granja Solar , o Major, um porco com a idade de doze anos, sonhava com a liberdade de todos os bichos, pois eram escravos dos humanos. No entanto, com a morte do Major, Bola-de Neve e Napoleão, dois porcos que colocam em prática as ideias dele. O conjunto das ideias recebeu o nome de ANIMALISMO, uma analogia ao COMUNISMO.

Certo dia, os animais não receberam alimentos. Houve revolta entre eles e expulsaram (Jones e esposa) os donos da Granja Solar.
Os bichos resolveram ir para o campo trabalhar e o resultado do mesmo seria dividido entre eles, e cada bicho tinha o tempo igual de jornada de trabalho.
Os porcos ficaram responsáveis por toda a administração e organização da comunidade, porque eram os únicos bichos  letrados da Granja, sabiam ler, por isso, os mais ou únicos inteligentes.
Mudaram o nome do local para Granja dos Bichos, criaram uma bandeira verde com um chifre e uma ferradura, representando o ANIMALISMO.
Napoleão expulsa Bola-de Neve, pois discordava de suas ideias.
A escravidão começa seu retorno, pois os animais deixaram de trabalhar para os humanos e passam a ser subordinados aos porcos.
Surge a desigualdade social, cães (cachorros adestrados sob o comando de Napoleão) e porcos transformaram-se em BURGUESES e, os demais bichos , escravos.
Os sete mandamentos criado pelos porcos são modificados por ordem de Napoleão.Bola-de-Neve foi apresentado aos demais como  heroi da luta pela revolução, porém os  porcos fazem com que Bola-de Neve seja visto como traidor dos animais.
Esta FÁBULA é uma crítica ao TOTALITARISMO de Stalin, não ao COMUNISMO.
Vejamos a comparação:
Major como Lênin;
Bola -de -Neve como Trotsky (iludido pela revolução e posteriormente enganado);
Napoleão como Stalin;
Animalismo como Revolução Russa.
A crítica da Revolução Russa nos é passada de maneira soberba, através desta obra extremamente interessante e valiosa.
Finalmente, nos vem a tristeza por entender que podemos mudar tudo em uma sociedade, porém o ser humano, não. Os letrados porcos nos mostram o fato tornando-se iguais na degradação do ser humano.


Opinião:- A obra nos mostra claramente o que houve com a URSS sob as ordens de Stalin. Leva-nos a uma reflexão sobre democracia, totalitarismo, assassinatos e também a um socialismo irreal.
Mostra-nos também, o resultado e consequência de uma mente dominada pelo poder , nos faz pensar em como a manipulação das opiniões acontece em favor de apenas um grupo de pessoas.


Tanto é verdade que os "porcos"ainda existem em nosso meio e, mais verdade ainda, que esta obra clássica e satírica da época da Segunda Guerra Mundial continua viva e atualíssima.
"No meu dicionário "socialista" é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio e prega igualdade social mas, se considera mais igual que os outros ..."Roberto Campos.
Lembremos também que é uma história de corrupção e traição. A obra nos mostra que os animais tentam criar uma sociedade utópica.

 
Sugestão:
Leia também Os Dez Dias que Abalaram o Mundo, escrito pelo jornalista John Red. A leitura  nos dá condições de fazermos parâmetros das visões do socialismo de Lênin, Stalin e Trotsky.

Curiosidade:


Eric Arthur Blair (Motihari, 25/07/1903- Londres, 21/01/1950 foi um jornalista, ensaísta e romancista britânico, que escreveu sob o pseudônimo George Orwell.
Orwell morreu vítima de tuberculose, aos 46 anos de idade.Tendo solicitado um funeral de acordo com os ritos anglicanos, enterrado na All Saints' Churchyard, Sutton Courtenay, Oxfordshire, com o simples epitáfio: "Here lies Eric Arthur Blair, born June 25, 1903, died January 21, 1950" ("Aqui jaz Eric Arthur Blair, nascido em 25 de junho de 1903, falecido em 21 de janeiro de 1950"); nenhuma menção é feita a seu célebre pseudônimo.
Lápide de George Orwell

20 de set. de 2010

Formas de olhar

Mundo De Dentro

"Cego é aquele que vê
Somente o que enxergam os seus olhos
Passa, por isso, a viver
Com vendas, bitolas e antolhos
Cego é quem olha pro mundo
E no mundo se põe como centro
Sem enxergar um segundo
O mundo do mundo de dentro
Cego só vê a medida
Do que alcança a visão
Não olha nunca pra vida
Com o olho do coração
Cego que só perde a vista
Não fica nunca incapaz
Pois, no que faz vira artista
Passa a enxergar muito mais"

Dori Caymmi

Novo olhar ... outra realidade se mostra


"Para fazer mudanças não é preciso buscar novas paisagens. Basta apenas olhar com novos olhos."

Marcel Proust

19 de set. de 2010

Um lugar ... bonito e tranquilo ...para sonhar ...sonhos nos movem para infinitas possibilidades


Além do Horizonte
Roberto Carlos e Erasmo Carlos
Além do horizonte deve ter
Algum lugar bonito pra viver em paz
Onde eu possa encontrar a natureza
Alegria e felicidade com certeza


Lá nesse lugar o amanhecer é lindo
Com flores festejando mais um dia que vem vindo
Onde a gente pode se deitar no campo
Se amar na relva escutando o canto dos pássaros

Aproveitar a tarde sem pensar na vida
Andar despreocupado sem saber a hora de voltar
Bronzear o corpo todo sem censura
Gozar a liberdade de uma vida sem frescura

Se você não vem comigo nada disso tem valor
De que vale o paraíso sem o amor
Se você não vem comigo tudo isso vai ficar
No horizonte esperando por nós dois

Além do horizonte existe um lugar
Bonito e tranqüilo
Pra gente se amar

Se você não vem comigo nada disso tem valor
De que vale o paraíso sem amor
Se você não vem comigo tudo isso vai ficar
No horizonte esperando por nós dois

Além do horizonte existe um lugar
Bonito e tranqüilo
Pra gente se amar

12 de set. de 2010

Reinvenção



A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... – mais nada.


Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios de tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só – no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só – na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.


CECÍLIA MEIRELES

Desejo a você...

Desejos



Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.
Carlos Drumond de Andrade

Sou incapaz de imaginar um mundo sem livros

"Há aqueles que não podem imaginar um mundo sem pássaros; há aqueles que não podem imaginar um mundo sem água; ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros."
Jorge Luís Borges




Jorge Luis Borges
Saramago

 

A gente não faz amigos, reconhece-os

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários,de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer.
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado,morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente, os que só desconfiam - ou talvez nunca vão saber -que são meus amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os.

Vinicius de Moraes

O Caminho da Vida


O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.


(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)
Charles Chaplin

Biografia reúne documentação rara sobre Frida Kahlo

Estudante audaciosa, andrógina, militante comunista, índia tehuana, mulher apaixonada, mulher ferida, sedutora e deusa. E Frida. Frida Kahlo, uma mexicana que aprendeu muito cedo sobre o sofrimento.
A biografia "Frida Kahlo: Pinto Minha Realidade", de Christina Burrus, lançada  pela editora Objetiva, não só pincela, mas aprofunda os diversos tons que compunham a personalidade da artista.
Por meio de 120 fotografias, pinturas, desenhos e cartas, a autora esmiúça a vida e a carreira de Frida. Em uma mistura de crueldade e humor, de candura e ousadia, a mexicana notabilizou-se como uma mulher livre e corajosa, que escondia suas dores.
Amiga de Leon Trótski e admirada pelos surrealistas, Frida pintou essencialmente autorretratos, como "As Duas Fridas", "A Coluna Quebrada" e também algumas naturezas-mortas.

Coluna quebrada

As duas Fridas

7 de set. de 2010

Sabedoria

Clarice Lispector


“Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.” Clarice Lispector

Ler...

" Ler é sonhar pela mão de outrem..." (Fernando Pessoa)

Reflexão

10 estratégias de manipulação:

Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia. Vale a leitura e reflexão, principalmente em ano eleitoral.


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.


2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a


violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de presentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê?“Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.
6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…
7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.
8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…
9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!
10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

Depois de escrever

"Depois de escrever, leio...Porque escrevi isto?
Onde fui buscar isto? de onde veio isto?
Isto é melhor que eu... Seremos nós, neste mundo,
apenas canetas com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?"

Fernando Pessoa

A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...