21 de jan. de 2020

Elevador constrange as pessoas





   Todos sabemos o que é um elevador,mas poucos param para pensar sobre ele e suas funções.Podemos até fazermos analogias sobre ele e a vida.
“A vida é como um elevador.Em seu caminho para cima,às vezes você tem que parar e deixar algumas pessoas saírem”. Pensando assim,entrei no elevador,apertei o botão para descer, mais pessoas foram entrando,em cada andar e os botões iam sendo usados.Notei que todas as pessoas ao entrarem se transformavam,pareciam estátuas do mais duro mármore. Um casal entrou,mas parecia que a distância faria bem a eles.Era nítido que haviam brigado,e a briga não terminara,porém tiveram que ficar feito múmias caladas.Os olhos da mulher soltavam faíscas contra o homem,que provavelmente era seu marido. Eu estava inquieta,pois dava para notar que logo iria haver uma explosão entre eles.
    Quando o elevador parou no andar onde iriam ficar ela saiu,olhou para trás e percebeu que o marido decidira ficar,ela grosseiramente o puxou pela manga da camisa,a qual rasgou,e ele foi forçado a sair.Assustadora atitude.
    Surgiu naquele momento a ideia de escrever uma crônica sobre as pessoas e o elevador.Porém,surgiu uma dificuldade, como abordar um assunto tão corriqueiro e difícil ao mesmo tempo.Teria que ser uma crônica no estilo de Luís Fernando Veríssimo.
   Pensei,pensei,pensei mais e começaram a fluir ideias, mas como Veríssimo ou Marta Medeiros descreveriam as pessoas fechadas em uma caixa metálica sem sequer olhar uma para a outra,pois elas simplesmente fixavam os olhos aos botões ou aos números correndo no placar, sobre a porta, outros que só ficam olhando para os próprios pés,outros ainda ficavam cutucando as unhas com alguma chave que tinham nas mãos. Observei tudo e achei muitíssimo engraçado. Voltei meu pensamento na crônica,e concluí que Veríssimo escreveria que o morador do 12º andar, estava apressado, pois cuidava também do relógio,diferente do morador do 11º,que nem se importava com o ruído apavorante que o elevador fazia.
   O vizinho da esquerda estava com a cabeça erguida e olhos grudados ao placar de andares,enquanto o vizinho da direita se abanava sentindo um calor que não existia. O outro ao lado ficou o tempo todo se olhando no grande espelho na parede do elevador.
   A vizinha do andar de baixo,com seus mais de 70 anos, implicava com o menino ao seu lado,que carregava um cãozinho que estava um pouco sujo,ela fazia cara de nojo e gesticulava,mas o garoto nem lhe dava atenção.
E, em relação ao casal briguento,que  também não falavam nenhuma palavra, mas que provavelmente eles desceram em um andar,que não era o desejado,mas sim,para continuarem a discussão, percebia-se que  estavam no auge da raiva, pois antes da porta do elevador se fechar já se ouviam vozes alteradas e ofensivas dos dois, pois  estavam a pouca distância .
    Percebi o quanto a pequena viagem até o térreo do edifício,era dolorosa para a maioria das pessoas.
    Uma parada, um soco do elevador e voltei a escrever a crônica em minha mente.
   Lembrei o quanto é engraçado ficar parado junto com outras pessoas e não emitir nenhum som. Chega a ser constrangedor,estar em um lugar e não poder ou não querer dizer nem uma palavra,será que é uma regra imposta pela sociedade?
   Pelo menos, poder responder um belo bom dia,boa tarde, como vai,dar um belo sorriso seria elegante e educado.
      Ideia para várias outras crônicas.


   

O porta-retratos

  Foto do google     Era quase uma da manhã, lembro-me que estava inquieta naquela madrugada, talvez pelo vento, que fazia o galho bater...