27 de fev. de 2013

Vida no morro.

         O texto que aqui registro, escrevi em 1991, encontrei-o procurando meus escritos. Na época, o colégio onde eu lecionava fazia distribuição de feijão para algumas famílias cadastradas. Subíamos o morro literalmente, para fazer a entrega, e aí sentíamos no coração a dor de muitas crianças que precisavam sobreviver por conta delas mesmas.Hoje, olho para trás para tentar localizar aquelas crianças, elas cresceram, se transformaram e se foram, no entanto a situação está totalmente igual àquela do passado.Há outras crianças lá, diferentes, mas estão no morro tentando, debatendo- se para poder respirar em um mundo que não as vê.












Ao ver subir o morro, aquele pequeno moleque carregando um saco plástico, fico imaginando o que encontrará no final da árdua subida que faz o seu dia a dia.
Crio imagens sobre o futuro do pequeno, começando por chegar ao seu casebre de chão batido, onde joga o saco plástico, contendo seus sujos cadernos, os quais ganhou na escola.
Não se preocupa com os deveres, depois talvez, mas agora, precisa vasculhar as vasilhas ainda sujas,( pois não há água, onde ele mora) para ver se encontra comida. Em vão, pois a mãe quando sai para o trabalho deixa o cãozinho dentro do casebre, com o propósito de lamber o que restou nas pequenas vasilhas que servem de pratos para ele e seus três irmãos menores, que estão na creche. Eles sim, já vêm com o estômago  
forrado, pois lá onde a mãe os deixa até banho eles tomam. Que pena ele ter crescido, porque poderia também ganhar comida ao menos uma vez ao dia, já estaria muito feliz. Mas cresci, então ....
Pensa no pai, que saiu um dia, e não voltou mais.Por que será  que ele se foi e nos deixou? ?
Olha triste e pensativo para a cama ou melhor um estrado com alguns panos sobre as ripas e sonha com um lugar melhor para viver.
Como eu sei?
O moleque sou eu.




17 de fev. de 2013

Convite aos meus amigos.


  • Exposição de Artes Plásticas "Mês da Mulher"
No Estação Business School
Vernissage 13 de Março às 19hs
ENTRADA FRANCA!

    Exposição de Artes Plásticas "Mês da Mulher"
    No Estação Business School
    Vernissage 13 de Março às 19h.
    ENTRADA FRANCA!

10 de fev. de 2013

Meu pedacinho do céu....

Ouvimos e lemos diversos autores falarem e escreverem sobre momentos de paz, recantos para refletirmos ou apenas ficarmos conosco.
Gosto muito de citar Gaston Bachelard, quando nos fala sobre a Poética do Espaço.

"O mundo é grande, mas em nós ele é profundo como o mar".

Hoje, aqui no silêncio do meu recanto, chamo-o de " meu cantinho da paz ", ouço a água fazer seu trajeto deixando atrás de si um borburinho, que me é audível. É uma imensidão íntima, para o devaneio.
A água vai levando consigo o que pode. A minha contemplação da grandeza determina um estado de alma tão particular que o devaneio me coloca fora do mundo em que vivo, percebo um mundo que traz o signo do infinito.
Longe de tudo, podemos, na meditação, renovar em nós mesmos as ressonâncias dessa grandeza da qual fazemos parte.
O devaneio nos faz crescer.
Como diria Henri Bosco, na planície, "estou sempre alhures, num alhures flutuante, fluido. Longamente ausente de mim mesmo, sem estar presente em parte alguma, atribuo com demasiada facilidade a inconsistência de meus devaneios aos espaços ilimitados que os favorecem".
Sinto-me completa em meu recanto de paz. É preciso viver todos os momentos que estão anexados em nosso interior a ser como um viajante cheio  de sonhos.
Encerro com uma citação de Jules Valles:

" O espaço sempre me fez silencioso".



A carta que nunca chegou

    Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos,...