14 de set. de 2018

Cérebro Reptiliano


   
  Um professor fez a introdução de sua aula com a apresentação de um vídeo, mostrando aos seus alunos quanto valor nós damos ao drama.
  Mostra-nos a história de alguns pinguins que saíram de sua colônia em direção à margem gelada do mar, em busca de alimento, mas um deles aguardava que os amigos  se distanciassem para voltar, não para sua colônia, mas  em direção às montanhas, que ficavam a setenta quilômetros  de distância, se calcularmos o tempo que o pinguim levaria para chegar à montanha, poderíamos dizer que seria uma viagem muito demorada e sofrida. Curioso o fato de que podia-se tentar levá-lo de volta ao mar gelado, ele voltava quantas vezes fosse necessário. Um vídeo muito intrigante, pois nos leva a pensar nas dificuldades do pequeno pinguim, a fome, o cansaço, enfim como foi para ele uma aventura tão incerta.
   O educador notou que seus alunos estavam muito interessados no assunto, com expectativa no final da história. As indagações surgiram; será que ele sobreviveu? Achou alimento? Achou outra colônia, na montanha?
    O mundo está desesperado para que alguém continue a história, disse o professor, e que o mundo só se interessa se for drama, pois foram feitos diversos questionamentos sobre o vídeo e mais alarmante, a maioria queria saber sobre o sofrimento do bichinho, e simularam vários finais tristes, nenhum aluno deu um final feliz ao mesmo, e assim é ao nosso redor.
O que é drama?
Originalmente a palavra drama vem do grego "drâma", que significa "ação", e era usada com relação à arte teatral.
Drama é uma expressão usada para designar uma situação comovente, que envolve sofrimento ou aflição, podemos dizer que na vida são os acontecimentos complicados, difíceis, bem como algo que nos cause danos, sofrimento e dor.
      Os noticiários nos mostram tragédias porque elas dão retorno financeiro e, assim não conseguimos enxergar um futuro alvissareiro, começando pela mídia que só nos mostra fatos desanimadores, sabemos que existem repórteres que optam por nos mostrar corrupção, guerras, assaltos, mortes, suicídios deixando de lado os acontecimentos bons, que nos rodeiam.
 Há premiação para jornalistas que cobrem grandes catástrofes, grandes tragédias, enfim dramas.
     Existem muitas pessoas que são viciadas em assistir todas as desgraças do mundo, sabem tudo sobre as últimas tragédias, não só na mídia, mas em sua rua, em seu bairro, em sua cidade. Podemos afirmar que as desgraças afetam nossa vida, nossa mente, nossa maneira de viver. Algumas pessoas dizem acompanhar as notícias para saber o que acontece na realidade, porém o que passa na mídia não é a verdadeira realidade e sim parte do acontecido, às vezes a pior parte dela, e acostumados a isso, vamos esquecendo de ver as coisas boas que há ao nosso redor. Assistimos sobre roubos, sequestros, corrupção, suicídio, e tantas outras tragédias, que se torna difícil enxergarmos o lado bom das coisas, e com certeza há um impacto da negatividade em nós.
   O mundo seria muito melhor, sem dúvida se fosse reservado uma grande porcentagem do jornal, dos noticiários para nos mostrar futuras realizações, projetos para a melhoria na educação, na saúde, objetivos alcançados em vários setores, o otimismo e a segurança falariam mais alto e, a sociedade como um todo seria melhor. Deixaria de lado a tristeza, o medo, a insegurança, deixaria os dramas da vida seguirem sozinhos, sem plateia.
     É muito comum ouvirmos: Eu gosto de ouvir desgraças.
    Hélio Couto pesquisador, escritor e palestrante brasileiro, nos dá uma definição muito interessante do que é complexo reptiliano:
″Sentir compaixão pela dor alheia é um sinal de evolução. Isso seria uma função do neórtex. O cérebro reptiliano é o inverso, para ele tudo é comida. ″
Qual a comida preferida pelo cérebro reptiliano?
Ele possui duas emoções básicas: agressão e medo, diretamente responsáveis pela sobrevivência. Podemos melhorar assistindo a bons filmes, boas leituras, ótimas músicas e conviver com pessoas alegres. “Falam por mim os que estavam sujos de tristeza e feroz desgosto de tudo, que entraram no cinema com a aflição de ratos fugindo da vida, são duas horas de anestesia, ouçamos um pouco de música, visitemos no escuro as imagens, e te descobriram e salvaram-se.” Carlos Drummond de Andrade

13 comentários:

  1. Texto intenso. Adorei :))

    Hoje » Amplexos de amor

    Bjos
    Votos de uma óptima Sexta-Feira

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  2. Um texto lindo e muito legal pra refletir! Gostei! beijo0s, ótimo fds! chica

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  3. Boa tarde amiga Marli!
    Muito boa escolha do texto, nos faz entender bem como funciona os dramas e os dramáticos!
    Amo ler muito sobre tudo, mas adoro coisas positivas, noticiários negativos não nos levam a lugar nenhum, nem mesmo para servir de aleta como muitos dizem!
    Gosto de assistir Globo Rural, Pequenas Empresas Grandes Negócios, pois meu marido e eu sempre fomos empreendedores.
    As coisas ruins desse País sempre existiram, claro que agora as coisas estão num patamar insuportável, pelos fatos que todos nós sabemos, mas se cada um tentar ver o lado bom de tudo, até as crises se tornam favoráveis, nos levam pra cima, a ter fé na vida e em superar tudo o que há de ruim!
    Abraços querida amiga!

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  4. Boa noite. Bonito de se ler!! Amei!!

    O calor do teu silêncio...
    Beijos um excelente fim de semana.

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  5. A maioria prefere ver as desgraças na TV. Daí que as televisões não façam questão de mostrar assuntos positivos, porque não dão audiências.
    Excelente texto, parabéns, é uma reflexão muito interessante.
    Marli, um bom fim de semana.
    Beijo.

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  6. Boa tarde, a comunicação social que dá mais atenção ás desgraças é aquela mais lida, aquela que chama atenção com artigos interessantes que não falam em mortes, são ignorados pela maioria, a desgraça é o alimento para o bem estar da maioria das pessoas.
    Feliz semana,
    AG

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  7. Um texto muito interessante. Já tenho comentado o mesmo: Mas será que não se passa nada bom no mundo? As notícias gostam de chafurdar nos escândalos, nas tragédias…
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  8. Infelizmente são estes dramas que parecem atrair a grande massa
    Se ficarmos ligados nestes noticiários sensacionalistas com certeza iremos aos poucos perder a vivacidade de observar com sensibilidade as coisas boas que ainda existem ao nosso redor
    Um texto magnífico, Marli
    Beijinhos

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  9. Boa noite Marli Terezinha, gostei muito dessa sua crônica, também penso que a sociedade envolve-se muito com as tragédias de sua cidade, do país e do mundo. Mas, por outro lado, não vejo como podemos fugir aos noticiosos de jornais e TVs que dão espaço ao que existe de trágico todos os dias. Na realidade vejo que o mundo ficou mais violento, temos aqui no Continente a Nicarágua, por exemplo, na Ásia, a Coreia do Norte, no Oriente Médio por ex. na Síria vemos morrer milhares de pessoas por ano, crianças, homens e mulheres de todas as idades, sem falar no sofrimento dos povos que habitam o continente africano, onde tudo é no mínimo triplicado em matéria de desgraça.
    Grande abraço, um bom domingo.
    Pedro

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  10. Boa tarde, colega Marli!
    Bela crônica. Infelizmente, o povo ama ver o circo pegar fogo. Acho ridículo mas é fato. Se tem sensacionalismo, tem sempre alguém que se deixa cativar, que aprecia. :(
    Ei, moça!
    Tem postagem nova lá no meu blogue também. Aproveitando o clima da nova estação, fiz uma bela criação. Passe no meu cantinho pra conferir. Ficarei feliz com sua visita e comentário sempre tão gentis.
    Te espero por lá, ok? Uma linda nova semana pra você e até mais ver! ;)

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  11. Olá, querida Marli, pois é, parece que não existe nada de bom. Amiga, estou cansada de ver e ouvir desgraça, mas por outro lado penso que as mídias não podem esconder nada e deixar que cada vez mais aconteçam essas desgraças. A mídia investigativa tem esse papel, de averiguar e mostrar o bom e o podre dos lugares em que vivemos. É cansativo? Sim, mas e se nada ou pouca coisa não viesse à tona? Penso que seria muito pior, tudo nas mãos deles, do lado escuro da sociedade.
    Beijo grande, amiga! Gostei de te ler, como sempre.

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  12. Olá, Marli, gostei da sua prosa. Infelizmente o povo gosta de ouvir falar das desgraças deste mundo, mas concordo com a Tais, no caso de algumas delas, se não as falassemos, seria pior...

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  13. O Cérebro é algo incrível, não é a toa que os profissionais da publicidade vendem o que agente não quer. Bom artigo

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O porta-retratos

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