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Ontem ganhei o dia, como se costuma dizer
quando algo bom nos acontece.
Conheci a dona Jandira,uma senhora robusta
que trabalha como diarista.
Ela estava muito exaltada, e contava a sua
rotina a uma senhora que estava no ponto de ônibus. Dizia que levantava todos os dias às 5h da
manhã, preparava o café para os dois filhos, tomava um gole rapidamente e
corria para pegar o ônibus. Ela precisava pegar duas conduções para chegar ao
trabalho, às vezes atrasava, pois dependia da vontade do motorista em parar,
pois se o carro estava lotado nem fazia questão, aí precisava ficar esperando o
próximo, sua patroa não se zangava, pois sabia da situação de sua funcionária.
Naquele finalzinho de tarde, dona Jandira
estava se superando na raiva. Disse que saíra um pouco antes porque precisava
chegar em casa mais cedo para ir à missa de sétimo dia de sua prima Zina, que
falecera em um acidente, quando estava voltando de bicicleta para casa, e foi
jogada longe por um motoqueiro. A história era triste, mas ouvindo-a contar
parecia uma narrativa cômica.
E, bem neste dia a sua condução estava muito
atrasada. Ela falava e estava esbaforida, era até engraçado vê-la falando,
gesticulando e gritando. Parecia que todos ali, tinham culpa pelo atraso do
ônibus.
Ela carregava duas sacolinhas de mercado, uma
blusa, uma sombrinha e sua bolsa. Dizia estar cansada por passar todos os dias
pela mesma situação, e assim andava de um lado para o outro, abanando as sacolinhas.
De repente,
vi que um ônibus se aproximava e todos que estavam na fila foram em sua
direção, foram segundos, e ele se foi, neste instante ela gritou feito doida,
falou coisas impróprias para descrevê-las, ela havia ficado falando suas
tristezas e não percebeu que sua condução chegara e partira rapidamente.
Ficou transtornada, parecia que o mundo
estava desabando, eu de longe observando aquele alvoroço.
-Pensei-
Tomara que não sobre para mim.
Quando
terminei meu pensamento ela veio, aproximou-se de onde eu estava e lançou suas
barbaridades sobre mim. A princípio não disse nada, fingi que estava lendo. Ela
mostrava sua falta de educação, e, eu não tinha como retrucá-la. Fiquei sem
graça, pois as pessoas que passavam pensavam que ela estava brigando comigo.
Resolvi me
afastar e fui a uma lanchonete, que ficava próxima, tomar um suco.
A fila estava se formando novamente para o
próximo ônibus, e ela continuava xingando sem cessar. O pessoal que foi
chegando estava meio arredio, pois não entendia o motivo de tanta gritaria.
Dona Jandira sempre foi reclamona, diziam
alguns que já a conheciam, mas nesta tarde estava irreconhecível.
Começou a falar com todos que estavam na fila,
sem receber resposta foi andando até o final da fila e dizia:
-Desta vez,
ninguém me fará perder o meu ônibus, pois tenho que rezar pela minha prima que
morreu,pobre da Zina, e, eu aqui atrasada para a missa.
Todos da
fila estavam visivelmente cansados e sequer davam atenção a ela, estavam sim,
querendo chegar em casa o mais rápido possível.
O pior que eu observei que ela não estava na
fila, e a cada minuto aumentava, todos cuidando do seu lugar para entrar no
ônibus.
De repente, ela como se acordasse com a
situação da fila, percebeu que não estava em nenhum lugar, sendo assim ela
ficaria em último lugar o que provavelmente a faria ter que esperar pelo próximo
ônibus, porque com certeza, havia muita gente para embarcar neste.
Ela ficou histérica,
andava de frente para trás procurando onde pudesse “furar “a fila, mas ninguém
deu abertura para ela.
Fiquei
apenas observando, estava curiosa para ver o que ela iria fazer.
Percebi que
o ônibus se aproximava e, ela estava fazendo o máximo esforço para embarcar
neste.
O ônibus
parou e todos foram entrando rapidamente, quando ela viu que a chance de entrar
estava acabando, deu um pulo, a porta se fechou, mas coitada, a sua sombrinha
ficou imprensada na porta, ela ficou com o cabo nas mãos e o restante ficou
para fora. Com o vento ela se abriu como um paraquedas, e todos gritavam:
-Dona, olha
a sombrinha!