31 de ago. de 2022

Jô Soares

 Aqui tem feito dias de céu azul e, às vezes, cinza.  Lembro que justo neste dia, o céu estava azul, a temperatura agradável, ainda estava deitada, quando fui checar as notícias no celular. O dedo foi deslizando na tela, quando parou em uma notícia, a qual eu realmente não queria para começar o meu dia. Não que fosse meu parente, ou pessoa mais próxima, mas nos apegamos, sentimos carinho e admiração, nós respeitamos. E naquela manhã, ler sobre a morte de José Eugênio Soares, fez o céu ficar, de repente, cinza. Jô era desses artistas completos, como costumam chamar por aí, apresentador, ator, comediante, diretor, produtor, dramaturgo e artista plástico. Poliglota, falava português, francês, espanhol, inglês e italiano. Atuou e dirigiu quinze ou mais espetáculos. Apresentou-se em palcos, telas e, era engajado à literatura, unindo o humor ao jornalismo. Entrevistou mais de quinze mil personalidades brasileiras e internacionais. Criou personagens e bordões, que marcaram a TV brasileira. Suas críticas com pitadas de humor, eram encontradas em suas personagens no programa como: “Viva o Gordo”.

Além das telinhas, telonas, palcos, pudemos acompanhar o brilhantismo de Jô em páginas de livros, escreveu nove livros que se transformaram em best sellers, como foi o caso de o Xangô de Baker Street. Em 2016, entrou para a Academia Paulista de Letras, assumindo a cadeira 33, seu patrono era Teófilo Dias.

Jô foi o precursor de talk show no Brasil, entre artistas consagrados e novatos, ele conseguia extrair o melhor dos seus convidados.

Enquanto eu lia a notícia, uma história de um tempo bom foi passando em minha cabeça, tempo esse em que podíamos um pouco além, em que críticas eram aceitas para que se melhorasse tal situação, e não para ofender ou rebaixar a alguém.

Lembro da família reunida, lembro do relógio marcando meia-noite, e eu segurando o sono para assistir ao último bloco do programa.

Lembro do bordão, lembro de Jô brincando com a banda ou com o seu fiel escudeiro e garçom.

São tantas lembranças, momentos de como a vida é feita.

Lembro também de críticas a ele, seja por uma personagem, ou pela vida real em relação ao seu filho, também falecido.

Muitas vezes, as pessoas confundem a realidade com a ficção, e muitas outras não sabem da história a fundo e apenas criticam pelo sabor de criticar.

Jô é digno de aplausos, desses raros artistas que dão chance a outros que estão começando ou já esquecidos, de pessoas anônimas, mas de grande importância para o Brasil.

Deixa um legado admirável, sua história não será esquecida, e quiçá, eu ainda possa ver nascer um artista tão completo quanto ele.

“O Jô só pensava em uma coisa: repartir o pão da alegria”.

“Tudo ele acabava levando para o lado do humor, da alegria, e até há uma frase, que ele adorava, de um ator inglês, Edmund Gwenn que dizia o seguinte: ‘morrer é fácil, humor que é difícil’. Ele disse essa frase no leito de morte. E ele, agora nos últimos dias no hospital, voltou a repetir essa frase: ‘viver não é problemático, difícil é fazer humor'.

Em um ano em que o Brasil perde tanta gente importante, Jô Soares fará muita falta, como amigo, como artista, como ser humano.

E mais uma luz se apagou nos palcos da vida.

 


ImagemGoogle


8 comentários:

  1. Me emocionei com cada homenagem a esse grande artista, ator,escritor, um ser humano completo!

    https://medium.com/@CleberEldridge91

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  2. Também eu tive um choque num 31 de Agosto mais recuado, quando em viagem do Algarve para o Porto soube através da rádio da morte da Princesa Diana, essa infeliz que teve o azar de casar com Carlos, que gostava de outra !
    Agora, torço pela felicidade de Harry...


    ...

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  3. Como tu, todos sentimos muito essa grande perda .Era p Jô genial e sempre nos divertia com seu bom humor onde quer que aparecesse. O Brasil ,que tanto precisa de bom humor, perdeu muito com essa morte ,bem como a da Claudia Gimenez.. Farão falta ! beijos, lindo dia! chica

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  4. Marli, também fiquei muito triste com a morte do Jô. Quantas vezes, ansiosa para ver todo o programa, acabei dormindo tarde e tendo dificuldade na hora de levantar, chegando cansada ao trabalho rs. Como você mencionou, sensibiliza-nos a partida de alguém, independente de não ter havido qualquer convivência no campo pessoal. Uma grande perda. Sempre será lembrado com carinho. Bjs.

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  5. Bonita a sua homenagem a esse artista completo que foi Jô Soares. Foi uma perda enorme não só para o mudo do espetáculo, mas para todos os que gostávamos de ver os programas dele que ficarão para sempre.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  6. Realmente, Jô Soares
    Foi um artista completo
    E humorista predileto
    Que ocupou vários lugares
    De destaque singulares.
    Partiu deixando saudade
    Pelo talento que invade
    Nossa alma de alegria
    Ou de riso que viria
    De sua história e amizade.

    Que Deus tenho seu espírito na Glória eterna. Abraço fraterno. Laerte.

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  7. Oi, Marli!

    Uma excelente homenagem a esse artista cómico e grande senhor.
    Jô Soares paasou por Portugal e deixou boas lembranças.

    Beijos e boa semana.

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  8. Querida amiga, saudades de você!
    Essa do Jô... perdemos a alegria de um dos melhores comediantes
    que o Brasil teve; perdemos aquelas entrevistas maravilhosas, era ponto certo seu programa, leve, engraçado e sério quando tinha de ser. Senti imensamente o amigo daquelas noites inteligentes.
    Enfim, ficamos, mais tristes.
    E você, amiga, como estás?
    Temos e-mail, vamos usar!!
    Deixo um beijinho, espero que tudo esteja bem com você e sua família.

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