6 de jul. de 2016

O silêncio eterno.

Foto do Google
Hoje,a tristeza veio me visitar, lembrei com muita saudade de uma amiga muito próxima, na minha adolescência e juventude. Ela era muito bonita e vivia com muito entusiasmo pela vida. Estudamos juntas até o curso superior, aí, ela casou e assim ficamos mais distantes, porém eu sempre estava bem informada sobre a vida dela, assim como ela sobre a minha. 
Ela era professora em duas escolas, fazia os três períodos, dizia que logo diminuiria as turmas, pois ela já tinha um bebê, mas nunca conseguiu diminuir o número de aulas, pois outro filho nascera. O marido não dava conta de tudo sozinho, ela nunca reclamava, porém já não vivia com entusiamo de outrora.Certa vez, viajei para a cidade dela, marcamos um café, foi maravilhoso, pudemos falar e relembrar muita coisa juntas.Os filhos já estavam na faculdade, mas ela ainda continuava a trabalhar nos três períodos, estava feliz, pois faltavam apenas, dois anos para sua aposentadoria, tinha mil planos. Ainda gostava de falar sobre tudo. Disse-me ela que os filhos eram maravilhosos, mas também gostavam de chamar sua atenção quando ela falava demais à mesa, riu muito disse-me ainda, que sentia vergonha quando pediam que ela não falasse sobre alguns assuntos, como doenças, mortes e outros assuntos, que a eles não interessavam,aí,ela riu e me disse:- Pior é que estes são os assuntos que me restam, e acabou rindo muito, talvez para não chorar. Perguntei a ela,qual foi a atitude perante isso? Ela me respondeu que agora ela come junto com a família,todo final de semana, o que ela mais gosta, mas fica calada, ou fala o essencial. Meu peito parecia doer demais depois que ouvi a história da minha amiga, ela precisava desabafar e o fez comigo, fiquei muito triste,ela nem percebia o quanto estava sofrendo calada.
Houve as despedidas. Fui caminhando e analisando a situação,ela, uma mãe dedicada, professora exemplar, esposa esforçada e que estava aos poucos se calando,devido a proibição velada dos filhos. Uma mulher cheia de energia, nunca deixou faltar nada aos filhos, ela que estava sempre de bom humor, sorria cheia de vida, estava ficando quieta, comigo ela desabafou, porém parece que ela aceitava como normal não poder falar o tanto que gostaria, participar mais da vida dos filhos, das conversas, das risadas. 
Os almoços de domingo, com todos à mesa, não podia faltar, pois era neste dia que as conversas eram divertidas e todos participavam das notícias. 
E, assim passou mais um tempo, quando recebi o telefonema de que a minha amiga havia falecido. Fiquei chocada, paralisada, lembrei-me do nosso encontro, da nossa conversa, dos planos, e nem chegou a se aposentar. Pensei: Será que a tristeza recolhida na alma, ajudou a minha amiga a ir embora, antes de realizar seus sonhos?
Cheguei quase  atrasada para o enterro, o caixão já estava sendo levado. 
Conseguiram calar a minha amiga para sempre.
Será que eles têm noção disso?
foto do google

12 comentários:

  1. Que triste isso! Pena e tomara essa família se dê conta e sinta falta das palavras que não a deixaram falar! PENA! Muito triste! bjs, chica

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  2. Muito triste Marli,pois a família é a base de tudo e viver sem o acolher dos filhos,acredito que seja muito cruel.
    Que Deus a ampare e a receba em paz,acredito que será muito feliz nessa nova morada.
    Bjs.Carmen Lúcia.

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  3. Uma linda homenagem sua para ela.

    bjokas =)

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  4. Não há pior morte do que aquela que ocorre em vida. Frequentemente, os jovens não valorizam os seus progenitores e, pior, nem se dão conta do que perderam e do que fizeram sofrer, fruto de um atroz egoísmo. Talvez muito mais tarde se deem conta, mas depois já não há retorno.
    Bjo, Marli :)

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    1. É isso, ótimo comentário - penso assim, também.
      Tenho visto muito isso, tanto quanto a tristeza das partes que sofrem.
      bj a você, Odete.

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  5. Boa tarde, quando alguém tenta impedir a liberdade de exprimir o pensamento de uma outra pessoa, é absurdo, a ou as pessoas que o fazem, acham-se donos da sabedoria, revelam a falta de carácter e sensibilidade para ouvir e compreender, no entanto, tem que ser compreendido que algo de errado se passou na educação desta(s) pessoas, como um dia escreveu o meu poeta popular preferido,

    "Não sou esperto nem bruto
    Nem bem nem mal educado;
    Sou simplesmente o produto
    Do meio em que fui criado."

    Bom fim de semana,
    AG

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  6. Essas coisas me deixam tão indignada, amiga! Tenho aversão a essas arrogâncias, esse egoísmo familiar. Ninguém foi capaz de olhar para essa mãe e ver que se falava isso, poderia estar em depressão. E como dizer a alguém para não falar? Por que não soltar carinho, dedicação, afetos por alguém que a vida toda criou os filhos e no entardecer da vida, precisando deles, não havia ninguém? Cruzes.
    Mas gostei de ler aqui!
    Beijo, querida Marli, fique boa logo...cuide-se!

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  7. Muito triste... àS vezes passamos por coisas terríveis mesmo, é a vida.

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  8. Um texto que faz pensar. Há muitas pessoas a quem não deixam ser o que são. Como se todos estivéssemos formatados... É uma história triste e contada com tanta sensibilidade, amiga.
    Um beijo.

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  9. Que coisa, né amiga! Acho que em família não deveria haver tema proibido.
    Um abração, amiga Marli. Agradeço vossa visita ao meu modesto espaço. Tenhas uma linda semana.

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  10. Marli,
    Li com atenção e interesse esse seu triste relato sobre a vida familiar e profissional de sua amiga. Ela teve, como você diz, uma história que bem poderia ter sido outra, faltou a compreensão e a capacidade do marido para ajudá-la. Isso não teria sido difícil se ele tivesse colocado a esposa no lugar que toda a mãe e todo o pai devem estar, em relação aos filhos: acima deles, por serem seus líderes, enquanto são crianças e adolescentes, e, ainda acima deles quando alcançarem a maioridade civil, não apenas por respeito, que os filhos de qualquer idade devem ter para com os pais, mas também por muito deverem ao pai e à mãe, dívida que se tivesse por representação uma determinada moeda, o cruzeiro ou o dólar, não teriam condições financeira de pagá-la. Não se pode mensurar o que os filhos, devem aos pais, principalmente quando são criados e mantidos na nas universidades até atingirem a maioridade. Falharam os filhos de sua amiga, Marli, e falhou mais ainda o marido dela. Disse tudo isso por conhecer situações análogas entre meus clientes que tratam de pesnão de alimentos, separações, divórcios etc.
    Uma bela crônica a sua, minha amiga.
    Abraço.
    Pedro.

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  11. Boa tarde, colega Marli!
    Que triste esta postagem... :( Espero que a família enxergue o erro e que se redimam para que a alma de sua amiga, fique em paz.
    Ei, moça!
    Postei uma reciclagem bem graciosa em "GAM Dolls (2)". Passe por lá pra espiar!
    Ficarei feliz com sua visitinha e comentário, sempre tão gentis.
    Tenha uma linda nova semana.
    Abração pra você! :)

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