10 de out. de 2017

Criticar ou não criticar?

Às vezes o que precisamos é apenas um filme que nos traga algo de bom. E esses dias eu estava a procura de algo bom, delicado e encontrei Florence, quem é essa mulher? A película, dirigida por Stephen Frears, traz Meryl Streep no papel de uma socialite nova-iorquina, Florence Foster Jenkins. Seu sonho é ser cantora, a questão é que ela não tem dom para a música, e suas desafinações são constantes. Mas ela não se deixa abalar, mesmo porque seu devotado marido, St. Clair Bayfield, vivido pelo ator Hugh Grant, passa a maior parte do tempo “convencendo” a imprensa de que sua esposa é talentosa, e seu convencimento monetário traz sempre boas críticas nas linhas dos principais jornais, exceto um. E é justo este que duramente penaliza Florence, com palavras duras e negativas, e a aspirante à cantora, cuja saúde já se encontra debilitada, não resiste. O filme é delicado, e é baseado na vida real de Florence Foster. Nele, Meryl Streep teve que desaprender a cantar e deu vida a uma simpática e dedicada mulher a qual pensa que é uma cantora de Ópera. Após o término do filme parei para refletir: será que temos direito à crítica? Quanto podemos ser ácidos com nossas canetas e teclados e destruir os sonhos de outra pessoa? Quantas e quantas histórias foram minadas devido a críticas duras? Quantas e quantas pessoas deixaram de lado seus objetivos, e hoje, levam uma vida medíocre pelo simples fato de que no momento a crítica feita foi severa demais? Fica claro que o que mantém Florence viva é a paixão pela música e, quantas paixões você deixou de lado por medo? Ou por apontamentos de dedos? Quanto de você já morreu por não poder ser você mesmo? Por acreditar que você não era bom o suficiente porque outra pessoa falou? Florence lotou um dos mais cobiçados espaços de Nova Iorque, o Carnegie Hall. Em um concerto, no qual parte da plateia a aplaudiu porque ela a fez gargalhar, e outra parte a ovacionou por pura empatia. E essa era Florence: uma pessoa que transbordava carisma e alegria, que renascia a cada vez que pisava em um palco. Ao término do show, as luzes se apagavam, as pessoas iam para suas casas, a cortina se fechava e a vida continuava, assim que deveria ser sempre. Cada um vivendo seu sonho, cada um vivendo sua vida. Acredito que determinadas críticas auxiliem para as melhorias de obras musicais, peças teatrais ou pinturas. Mas, será que elas são sempre necessárias da forma ácida como alguns as escrevem? Florence viveu intensamente seu sonho, que foi interrompido por letras afiadas em um jornal impresso. No fundo, ela só queria cantar. Há quem ache lindo, um quadrado em uma tela branca, outros percebam apenas um quadrado em uma tela branca. Quem está certo?
“As obras de arte são de uma solidão infinita: nada pior do que a crítica para as abordar. Apenas o amor pode captá-las, conservá-las, ser justo em relação a elas.” (Rainer Maria Rilke)
Imagens: Google



13 comentários:

  1. Filme bem legal esse e tua reflexão faz todo sentido! Por vezes críticas podem arrasar, deixar no chão...Há de se ter ponderação até nessa hora. Gostei de teu texto! beijos, bom te ver! chioa

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  2. Muito bom!
    Por vezes a critica construtiva faz falta! Adorei

    Beijinhos

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  3. A crítica arrasa, ela traz outras coisas juntas. Por isso é bom pensarmos quando criticar ou calar? Penso que a crítica deve existir e ser dura quando algum fato destrói e vem com intenções de desorganizar, de ferir de destruir.Quando por detrás de uma atitude tem a violência.
    Beijinho, Marli.

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  4. Marli
    Sempre gosto das tuas reflexões, que leio sempre muito atento. A critica sempre deve ser feita com todo o cuidado e sendo bem focada e bem baseada numa análise honesta e inteligente, tendeste a que o criticado possa absorver. Não obstante, a crítica, mentalmente desonesta, que sempre, mas sempre me foi dirigida, estimula-me porque, acredito em mim. o tom nunca me atrapalhou, mas sei o quanto pode ser destrutiva.
    Beijos

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  5. Boa noite, colega Marli!
    É preciso sempre usar o bom senso pois pode acontecer do ouvinte ter uma interpretação e o locutor querer dizer outra. Bela reflexão.
    Ei, moça!
    Tem postagem novinha em "GAM Dolls (2)". Passe por lá e confira.
    Ficarei feliz com tua visitinha e comentário, sempre tão gentis.
    Tenha um fim de semana supimpa.
    Abraço pra você! :)

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  6. Olá, perfeita reflexão, a critica é um direito desde que seja argumentada, Meryl Streep é sempre a garantia de um bom filme.
    Feliz semana,
    AG

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  7. A crítica quando é construtiva deve ser feita.
    Não vi o filme, mas vou ver se vejo porque gosto muito da Meryl Streep.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  8. Muito bom, Marli! Depois da leitura, fique até com vontade de ver o filme! :) Boa semana.

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  9. Olá, querida Marli!

    Merly Streep é de um talento como atriz, que qualquer que seja o papel, que ela interprete, a gente se coloca do lado dela, assim, rendidos.

    A crítica, construtiva, naturalmente, faz falta, para melhoramento da pessoa ou da obra, mas tirar os sonhos a alguém, ah, isso não se faz. Há várias maneiras de "matar pulgas", como se diz por cá, e então se use de diplomacia e muito, muito amor para fazer qualquer reparo, que até pode ser justo.

    Novo post e vídeo no meu blog. Apareça! Será um prazer. Obrigada!

    Beijos e dias bem felizes.

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  10. Para pensar, cara amiga Marli. A crítica faz parte do jogo. A crítica incita ao crescimento artístico e individual; entretanto, penso, que por vezes, os críticos exageram, indo além da conta,ferindo suscetibilidades, destruindo arquétipos construídos às duras custas. Acho que uma parcela significativa dos críticos são arrogantes, autoritários e infalíveis. Um abração. Tenhas um lindo fim de semana.

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  11. Boa noite, Marli. Obrigada pelas suas palavras sobre a minha poesia e pelas suas preces por esta tragédia que nos aconteceu.
    O meu livro "Poemas escolhidos" não está à venda em livrarias. Tenho gosto em oferecer-lho se me enviar a sua morada. O meu
    e-mail é: gracampires@hotmail.com.
    Beijos.

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  12. Verdade miga um bom filme ou um bom livro é tido de bom. amei sua postagem. grata pela visita lá no meu cantinho. Seja sempre bem vinda. braços

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  13. Por que criticar? O que não é bom para mim, pode ser ótimo para os outros. Se não gosto, não como, descarto. Belo texto Marli! Ótima escolha!

    Abraços,

    Furtado

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