20 de nov. de 2016

O lado desnecessário do ser humano

Moro em uma cidade peculiar: de um lado da linha do trem temos o estado de Santa Catarina e do outro o Paraná, eu moro do lado catarinense da história.
Num raro final de semana de sol, fui à rodoviária buscar uma amiga que estava vindo nos visitar, enquanto a aguardava, sentada no banco dentro da rodoviária, pude observar famílias que iam e vinham pela plataforma, embarcavam e desembarcavam dos ônibus. Do outro lado, a rodoviária da cidade vizinha, tinha o mesmo movimento, pessoas desembarcando e embarcando e outras vendendo mercadorias. Taxistas aguardavam em seus carros, a próxima corrida.
Costumo dizer que temos na nossa região uma natureza privilegiada, com muito verde e cachoeiras, onde pássaros estão sempre “dançando” pelos céus e cantando nos galhos.
Voltando à rodoviária, observei um passarinho que entrara pela porta, atrás de insetos que ficavam presos nos cantos das grandes janelas, acima da minha cabeça e com sucesso,  conseguiu algumas moscas que se debatiam no vidro tentavam escapar, em vão. 
Olhei novamente para a frente, enxerguei os taxistas, crianças com seus pais, uma senhora vendendo doces. Quando um pombo decidiu descer do telhado da rodoviária do lado paranaense da história, provavelmente atrás de comida. Ficou um tempo andando pela grama. 


Alguns minutos se passaram, e um daqueles taxistas que estava sentado à espera de passageiro, saiu do seu veículo, andou alguns passos, abaixou-se, pegou algo no chão e atirou contra o pombo que estava um pouco longe dele, pois buscava comida na grama. Depois da proeza, o homem se virou, voltou ao táxi e sentou-se, ainda a esperar.
Fiquei pensando o que motivou aquele homem a se dar o trabalho de sair do seu carro, caminhar, buscar algo no chão e atirar contra aquela ave? Qual o prazer desse ato? O que ele levou ou ganhou com isso? Será que no fim do dia, ao chegar em casa, ao jantar com a família e, seus filhos perguntarem: como foi o dia, pai? Ele iria responder com ar de satisfação: foi ótimo! Atirei pedras em um pombo que buscava comida!
Talvez você esteja pensando: mas quanta baboseira em um pedaço de papel! Ledo engano, meu amigo, minha amiga, ledo engano. São nos pequenos gestos que conhecemos as pessoas. Seja ao ajudar um idoso usando bengala, a atravessar a rua ou dar uma rasteira na bengala dele, e vê-lo se estatelar no chão. Não! Não há diferenças. Todos somos seres, todos merecemos o mesmo respeito.
Atirar pedras em outro ser não demonstra a sua superioridade, demonstra a sua imbecilidade.
Seja ele um pombo, um cachorro ou um senhor com bengala.
O mundo está cada vez mais afundado em atos de maldade. Sejam eles pequenos ou grandes, o que me leva a refletir até quando iremos nos suportar um ao outro? Até quando o pavio irá queimar antes de explodir a bomba? 

Homens destroem, homens causam catástrofes, homens fazem outros homens chorarem, homens matam outros homens.
A cada dia, assistimos a atos assim: homens apedrejando outros seres, seja com um objeto seja com palavras.

E, acredite, este texto não é apenas pela pomba que foi privada do seu momento de buscar comida. Está muito além disso...


Fotos: Google

16 comentários:

  1. Muito bem!
    Por cá, nas grandes Cidades existem aos montes. Há pessoas que levam milho e outras coisas. É proibido fazer mal a esses animais. Aliás. Em portugal, é crime, matar um animal. Mas realmente essa pessoa deu-se ao trabalho de ir "escorraçar o pombo, so porque lhe apeteceu, acto de covardia animalesca...

    Excelente semana. Beijo

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Bom dia, Teresinha!

    Estive dando uma olhada em seu blog, e fiquei mto agradada com tudo o que li.

    Seus textos são, em geral, de cariz social e têm como finalidade alertar consciências, sobretudo.

    Para além da temática, você sabe escrever mto bem, no aspeto morfológico e sintático, o k atualmente já se encontra pouco. Por isso, fui levada a pensar que você foi ou é Professora, mas apenas, por intuição, nada mais.

    Minha querida, logo pelo título desse post, o leitor fica atento ao desenrolar da ação e você nos soube dar uma perspetiva perfeita do espaço e do tempo onde decorre a mesma e da atitude ruim, malévola, não necessária e agressiva desse taxista.

    Há coisas, atitudes k eu não entendo, k poucos entendem e aceitam, mas um dia pode ser que alguém lhe faça o mesmo a ele, e então, a coisa fica bem complicada, pke ele não tem asas.

    Beijos e um dia de amor e paz.

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  3. Tem gente que é tão ruim e infeliz que não precisa ter motivo pra fazer maldade.

    bjokas =)

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  4. Uma crónica para reflexão, minha Amiga. Realmente é tão gratuito o mal que se provoca... Eu entendo a associação que fez quando o homem enxotou o pombo. Quem faz isso, faz qualquer coisa. E o mundo mostra-mos tanta morte, tanto sangue, tanta cinza... Como podemos ficar indiferentes?
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  5. Boa tarde, tenho a certeza que entre todos os seres que habitam o planeta, o homem é o que menos falta faz, escreveu maravilhosamente.
    Feliz semana,
    AG

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  6. Pois é Marli, vemos maldade por toda a parte. O que aconteceu com o pombo, que foi agredido pelo taxista, já é motivo relevante para uma crônica. Mesmo que nessa crônica fosse o pombo o único alvo da maldade. Mas você aborda as formas de agressões contra as pessoas, os mais velhos e as crianças. E outras mais. Todas elas inadmissíveis, pois todos necessitamos de solidariedade. Parabéns.
    Abraço.
    Pedro.

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  7. Um maravilhoso e refletivo texto Marli. Infelizmente,maldade no ser humano, é o que mais se vê...
    Gostei de ler suas palavras!
    Abraço

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  8. Olá, Teresinha!

    Mto agradeço sua visitinha e gentis palavras.

    Um dia de luz e paz.

    Beijos e um abraço de ♥.

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  9. Homo stultum

    Homem é dos bichos o mais estranho
    É o que mata e destrói sem motivos
    Mesmo que não resulte nenhum ganho,
    Carrasco maldoso dos seres vivos.

    É bicho mais maldoso do Planeta
    Inventa novas formas de matar
    E não há maldade que não cometa
    Em todo o tempo e em qualquer lugar.

    Além de tudo é o ser mais traiçoeiro
    Embora aos ventos se diga humano
    Farinha pouca, seu pirão primeiro
    E os demais que entrem pelo cano.

    Seu deus maior, apenas o dinheiro
    Num viver agressivo assaz insano.

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  10. Cara amiga Marli, já havia percebido que és uma pessoa diferenciada, ou seja, conscienciosa, através dos textos postados aqui na blogsfera. Este não é diferente, aliás reforça vossa convicção espírita, já que és praticante, conforme vosso depoimento lá no meu modesto espaço. Quanto ao vosso pedido de desculpa por opinar em relação à doutrina, não há motivo para tal, pois você apenas reforçou o lema da doutrina. Eu disse, anteriormente, que espiritismo não é religião, mas no sentido macro. Apesar de saber que a base da doutrina é o tripé por vós elucidado, pois fiz, há muito tempo, o curso básico de espiritismo, no meu ver, é religião no sentido do re-ligare - conexão da criatura com o criador -, mas não o é no sentido das religiões tradicionais, que criaram dogmas e toda uma hierarquieo muito poderosa, diga-se.
    Posicionando-me sobre o homem que enxotou o pássaro, penso que em vidas passadas, ele provavelmente abateu muitas aves, daí o desejo gratuito de fazer o que fez. Ah, você é uma pessoa abençoada por desfrutar das maravilhas naturais da sua região. Agora, eu é que peço perdão por me ter estendido em demasia.
    Um abraço sincero deste vosso criado. Tenhas uma linda semana.

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  11. OI MARLI!
    ATITUDES COMO ESTA, DESABONAM SERES DITOS HUMANOS.
    TAMBÉM ME INDIGNARIA SE VISSE ISSO.
    PARABÉNS PELA SENSIBILIDADE.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  12. Marli, o ser humano é a única espécie a agir assim! Os animais matam para comer, jamais para se divertirem, para colocar seus problemas emocionais ou mentais em cima dos outros. Somos os mais perigosos, temos de nos cuidar do próprio homem.
    Beleza de texto!
    Beijo, querida.

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  13. Bom dia, atitude desse taxista revela o seu mau carácter, talvez por não ter tido a oportunidade de exercer a violência domestica no dia anterior, teve a atitude que teve, em portugal estava sujeito a ser denunciado e responder em tribunal.
    Feliz semana.
    AG

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  14. Infelizmente, Marli, é a pura verdade: os atos de maldade gratuita são cada vez mais comuns... e cada vez despertam menos revolta. Mas podemos e acreditamos que vamos mudar isso, através do amor e da compreensão. Belo post,boa semana.

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  15. É a gratuidade da violência que mais dói porque se trata de pura bestialidade, o homem desprovido de qualquer réstia de humanismo.
    Grata pela partilha. A narração de atos com este, faz todo o sentido.
    BJ, amiga

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  16. Um dia vi algo parecido. Estava na parada do ônibus perto de casa com minha mãe e cunhada e vi um homem que sempre vejo na igreja pegar uma pedra e atirar em um cachorrinho de rua!! Além desse lado desnecessário, ainda há a hipocrisia, pois o dito homem só anda com um crucifixo e costuma sempre estar à frente da organização da igreja. A vida é assim, dentro do homem ainda há a animalidade.

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