22 de mar. de 2011

Selo Vale a pena Ler de Novo



1. Médico de almas e de homens de Taylor Caldwell

2. O menino do pijama listrado de John Boine

3. O guia do Imperador de Marco Aurélio

4.  - Interrogações
    - ‘’Entre Aspas’’
    - Valter Poeta
    - Posts à Beira Mar
    - Artes Plásticas e Literatura: trabalhos, processos, interações
    - Das Artes
    - Casa Decorada
    - Aprendiz
    - Universo em si
    - Pelo Céu da minha Boca

21 de mar. de 2011

Olavo Bilac

Ouvir Estrelas

Ora ( direis ) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.


Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "

E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas´´

18 de mar. de 2011

Depois da Tempestade vem a bonança



"E Ele, despertado, repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou e houve grande bonança" (Mc 4:39).''


Quando é feita a anunciação de um grande espetáculo, seja o futebol ou o carnaval, sento-me e espero passar, os comentários post festum são sempre mais acalorados do que o ato em si.
Com o carnaval 2011 não foi diferente, tivemos fogos em barracões, enchentes na cidade do samba, dilúvio em São Paulo, mas nada parou essa, que é o considerada a maior festa popular do mundo.
Depois de ver o vídeo da jornalista Rachel Sheherazade, com um pouco mais de 3 minutos, e algo em torno de 583103 acessos, entendi que o Carnaval deixou de ser a *festa popular* há muito tempo.



*A festa é uma necessidade social em que se opera uma superação das condições normais de vida. (...) É um acontecimento que se espera, criando-se assim uma tensão coletiva agradável, na esperança de momentos excepcionais. (...) A festa é a expressão de uma expansividade coletiva, uma válvula de escape ao constrangimento da vida quotidiana. Da economia passa-se à prodigalidade; da discrição à exuberância. Surgem as manifestações de excesso, nos mais ricos por ostentação, nos mais pobres por compensação (Birou, 1966: 166) *


A nova contratada do SBT-SP teve a coragem que há muitos faltam, e tirou da sua garganta o grito preso contra uma das maiores farsas do nosso País: o Carnaval.
Seu vídeo foi considerado polêmico, mas porque sempre quando se fala a verdade nesse País somos chamados de polêmicos? Os ‘’grandões’’ se incomodam com a verdade, verdade essa que eles têm certeza absoluta que está dormindo em berço esplêndido, visto que seu povo dança, samba, urina em lugares públicos, faz orgias, engravida, pega doença num período de 2 dias, oficializados em nosso calendário ( em algumas cidades é carnaval o ano todo), mas quando a verdade acorda algumas vezes ao ano, os grandões se preocupam e a intitulam ''polêmica''.

Em um pouco mais de 3 minutos ela ‘’lava a alma’’ e derruba a máscara do carnaval brasileiro.
Parabéns pela coragem dessa jornalista, e ao SBT por contratá-la, valorizando assim a inteligência, audácia e perspicácia que hoje tanta falta faz aos meios de comunicação.


Mariane Boldori

14 de mar. de 2011

Cine Brasil - Bruna Surfistinha

Estreou nos cinemas do Brasil o filme que conta a história de Raquel Pacheco, para os que ainda não se familiarizaram com o nome, darei seu codinome: Bruna Surfistinha.

Posso estar com esse post fomentando o desejo inconsciente de homens e mulheres em assisti-la, até mesmo incentivando a compra do livro que deu base a tudo isso, mas preciso dividir algo com vocês, meus amigos.
Não estou aqui para julgar as atitudes dessa jovem, ex-prostituta, ex-drogada, escritora e ‘’blogueira’’.
Estou aqui para que vocês me ajudem a entender como um filme que tem palavrões, sexo, drogas e nenhum valor de coisa alguma atraiu mais de 1 milhão de espectadores?
Lembro-me hoje do livro que foi febre mundial na década de 80: Cristiane F., 14 anos, drogada e prostituída.
O livro foi feito após dois anos de depoimentos da própria Cristiane para seus autores, e, ainda hoje, é um livro que dá certo, assim como seu filme pós-literatura. Alguma semelhança com Bruna Surfistinha não é mera coincidência.
Confesso que não fui ao cinema assistir ao filme de Bruna Surfistinha, estreado por Debora Secco, mas perguntei a algumas pessoas que foram o que acharam do mesmo, e as respostas foram parecidas: ‘’É’’, ou ‘’Nossa!’’, ou ‘’Sei lá, é legal’’.

Respostas vagas, para um filme que não agrega e não desagrega, visto que hoje se torna tão comum em nossas programações televisivas, conforme já conversamos em meu post sobre a televisão.
Fui atrás de informações sobre a senhorita Bruna, queria achar o tal ‘’mel’’ que essa moça tem para render tanto. Descobri que na sua última entrevista, antes do lançamento do filme, dado à Marília Gabriela ela disse algumas frases que me deixaram perplexa pela facilidade em falar de sexo hoje: ‘’Eu uno o útil ao agradável, eu queria ganhar dinheiro e gosto de fazer sexo’’.
Não sou dessa época, não da época em que o sexo era tão exposto como é hoje, ainda estou me adaptando, mas penso que no íntimo, no subconsciente o que meus conhecidos e amigos quiseram me dizer quando os indaguei sobre o que acharam do filme era algo como: ‘’Eu adorei, usarei tais dicas ainda hoje com minha esposa’’, um pouco de Kama Sutra para o casamento ou namoro quebra a rotina e rejuvenesce.
Não há outra explicação: brasileiro gosta sim de sexo, e muito. E a Bruna Surfistinha tem o material completo que as pessoas buscam: é bonita, jovem e sem vergonha alguma para contar suas poses e inovações na cama.
Não escrevo aqui para chocá-los, penso que o falar em sexo ainda cause alguma reação não esperada em um grupo limitado, mas creio que o mistério esteja desvendado de tamanha bilheteria nacional, anteriormente quebrada apenas por Tropa de Elite 2.

Mariane Boldori



1 de mar. de 2011

Um ser chamado Mulher

  Na semana que antecede ao Dia Internacional da Mulher, podemos falar sobre a história dela a qual não é de longe apenas a sua história, mas de todos que convivem com a mulher  mãe, professora, médica, boia-fria, enfermeira, dona de casa, e tantas mulheres, que estão encarnadas em apenas uma, pois uma única mulher carrega todas que encontra pelo seu caminho quando vai à luta.    
Fazemos parte desta mulher guerreira,que não se deixa abater.       


 
Um ser chamado Mulher



Ser mulher é muito difícil, mas não é impossível. Se fosse, não existiriam tantas mulheres maravilhosas transitando e mudando o mundo para melhor. Claro que existem aquelas incompetentes, interesseiras, ignorantes, insignificantes e tantos outros defeitos comecem ou não com a letra “i”, mas essas “i” qualquer coisa, a gente ignora com todos os “iii”.

Vamos falar de mulheres que sabem ser mulher, e isso inclui ser bela e faceira, por uma vida inteira, vivendo cada fase, adaptando-se ao tempo que, fatalmente, a deixará com rugas, que ela verá como sinais de experiência, com os seios meio caídos que, para ela será a recompensa por tantas vezes ter dado o peito em alimento a um filho ou como abrigo a um amigo que chorava, então, se com o tempo, seus seios ficarem meio flácidos, não será um motivo de tristeza, mas sim de alegria, por tanto amparo que causaram. O tempo também e, certamente, a deixará com a barriguinha saliente, que ela verá que, acima de uma barriga, ela é um ventre que gera vida, que recebe o sêmen, que já é a semente mas, se caísse em qualquer outro lugar, morreria sem nada gerar e, se gera, é por que um ventre o recebe, une a um óvulo e ainda serve de moradia a esse ser que começa a crescer...
Mas ser mulher é muito mais do que isso – é saber cozinhar, mesmo queimando o dedo, é saber guardar segredo e enfrentar tudo sem medo. Ser nobre de alma, saber perdoar sempre, sem medo de ser chamada de boba, na verdade bobo é quem acha que uma mulher tem que ser dura com os errantes, pisotear os amantes e posar de “top”. Tem que ser guerreira sim, mas no dia-a-dia, criar poesia, lutar por um mundo mais justo, aprender a levar susto sem surtar. Assumir que não é bonita 24 horas por dia, tem fases em que incha, outras em que pechincha, tem a cara de noite mal dormida, a cara de mal agradecida, cara de oferecida e, além de muitas outras, ainda tem a cara de noite bem vivida...



 Ser mulher é vestir-se de forma ousada ou recatada, depende de onde é esperada. É ser forte e resistente, driblar qualquer dor, do parto, da rejeição no quarto, de ser trocada pela “melhor amiga”, de menstruar todos os meses, mas ainda quando esse sangue desce cedo demais, ali pelos oito anos de idade em que a vontade é correr alegremente, mas a dor no ventre é tanta que desiste-se da brincadeira sem saber direito por que, entre tantas meninas no mundo, tinha logo que ser com ela. Mesmo assim, não tem choradeira, por que sabe que a dor é passageira, logo cessará e a brincadeira irá reiniciar-se, até que no próximo mês em que irá menstruar e...


Ser mulher é ser mãe, pode ser de filhos legítimos ou adotivos, ou até daqueles que vão se chegando, com cara de carente, vão ficando e, quando se percebe, na nossa casa já estão morando. Mas também é ser mãe de gatos, cachorros e tantos outros animais sejam adquiridos em caros pet shops sejam recolhidos das “pet ruas” que é onde mais se acham esses seres que tantas alegrias nos dão.

Ser mulher é ser feia e bonita, é ver-se pelo avesso, olhar-se no espelho da alma, saber perder a calma e encontrá-la em seguida, é pedir desculpas, é saber errar e se perdoar... É saber que a Ciência já comprovou que a mulher foi o primeiro ser, neste planeta, a ter vida biológica, o que, aliás, tem lógica, já que a mulher gera o ser em seu ventre. Contrariando os princípios de tantas crenças e religiões que pregam a superioridade masculina e seu surgimento antes da mulher, mas neste ponto resta uma dúvida, se a mulher foi o primeiro ser, quem a fecundou?...  
Mas, antes de sugerirmos mais um dilema, já há tantos no Universo, termino essa prosa em verso, dizendo que ser mulher é tudo isso e muito mais. Ser mulher é partir desse meu texto e se completar. Ser mulher é, acima de tudo, saber ser um grande ser...



20 de fev. de 2011

A VELHICE DE UM CÃO.wmv



Este vídeo encontrei no Youtube, é usado nas campanhas contra o abandono e maus tratos aos animais.
Quero partilhá-lo com vocês, meus amigos de bons corações.
Assistam até o final, vale a pena para a nossa conscientização.

11 de fev. de 2011

Um Homem chamado Zumbi



Nunca saberei tudo, o pouco que conheço, o que aprendi e ensinei vieram dos livros, das linhas bem ou mal traçadas de muitos escritores do Brasil e do mundo.
Páginas amareladas com o tempo, guardadas em capas duras, com letras douradas nas estantes de minha casa.
Parafraseando Caetano Veloso: ‘’eu vi um homem correndo, por entre livros’’. Seus dedos corriam apressados por entre as linhas de Machado de Assis, Clarice Lispector, quadrinhos nos gibis, e até mesmo revistas com propagandas. Cena comum, talvez, se não fosse por um detalhe: seu nome é José Carlos da Silva Bahia Lopes, sua formação não ultrapassou o segundo ano do ensino fundamental, sua profissão atuante é catador de papel no lixão da cidade do Rio de Janeiro. 
Aos longos dos 25 anos de trabalho no lixão, o vulgo Zumbi, juntou e limpou mais de 10 mil títulos.
Sentado com seu filho ele lê histórias ao menino e faz sonhos como montar uma biblioteca para a comunidade.
Sua história é contada no documentário que concorre ao Oscar 2011, ‘’Lixo Extraordinário’’.
O que mais me encantou em suas palavras, em seu ato, foi a sensibilidade de um homem cuja vida nunca foi fácil, sempre tirou mais do que deu a ele, e, ao mesmo tempo, esse homem encontrou forças para continuar, para lutar, para educar seu filho, para sentar no sofá da sala e ler para seu menino, histórias que antes eram tão distantes ao mesmo.
Num mundo em que a desigualdade impera, onde uns têm muito, outros têm pouco, onde uns sentam-se em cadeiras e têm lápis e borracha, outros fazem bolachas de barro molhado para escapar da fome, surge para mim José Carlos da Silva, sonhador, batalhador, brasileiro, pai, homem, ser humano, leitor.
Penso comigo quantos têm a oportunidade de ser como esse homem, das formas mais fáceis que você possa imaginar, para muitos a vida já vem ‘’pronta’’, mas é jogada fora, levada à toa.
Olho para o lado, a TV ligada, no jornal é anunciada mais uma morte por tráfico de drogas. Jovens bem apessoados, algemados, sem valor algum de coisa alguma.
E em seguida, o homem José Carlos da Silva, com os olhos marejados, em meio a caixas de papelão citando frases dos seus autores favoritos.


É surpreendente o quanto a vida pode ser mágica como nas histórias encontradas nos livros. Em cada frase, em cada palavra, em cada ponto.
As ‘’caixinhas de surpresa’’, como os livros são chamados por Zumbi, encheram a alma desse homem de esperança, de que um amanhã virá e será melhor.
Essa é a função do livro, não fazer da pessoa um ser letárgico, ou colocá-la num mundo lúdico e mantê-la lá. A função do livro é trazê-lo para a vida, para que você saiba interpretar o que a mesma espera de você.
O livro nos ajuda, fala, ampara e escuta o que você tem a dizer, basta você estar pronto para doar-se a ele.
Zumbi, o catador, o homem batalhador, o bom pai, o bom filho, já está. E você?

Mariane Boldori




2 de fev. de 2011

Carlos Drummond de Andrade - Mundo Grande

Mundo Grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo.
Por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens.
as diferentes dores dos homens.
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que elo estale.





Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai’ inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos —— voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de invidíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)


Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.


Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar.
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio


Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.


Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
— Ó vida futura! nós te criaremos

O porta-retratos

  Foto do google     Era quase uma da manhã, lembro-me que estava inquieta naquela madrugada, talvez pelo vento, que fazia o galho bater...