Costumo dizer que nunca um filme é 100% perdido, mesmo
aqueles que não caem em nosso gosto artístico por completo. Sempre há
possibilidade de aprendermos um pouco mais com as reflexões, e com a
possibilidade de acontecer a catarse, em nossa vida. No filme “Todo Poderoso”,
o personagem de Jim Carrey, Bruce, é um jornalista, tem um bom emprego na TV, e
uma bela namorada. Num acesso de fúria ele começa a xingar e questionar Deus no
seu modo de fazer tudo funcionar, o que faz com que ele próprio (Morgan
Freeman) resolva descer à Terra como um homem comum, e lhe entregar o poder de
comandar o planeta, da forma como desejar durante um dia. É quando Bruce
percebe o quão difícil é ser Deus e tomar conta de tudo o que ocorre no planeta.
Bruce questiona Deus, e lhe pede provas de Sua existência, e ele é atendido.
Mesmo com tantos sinais, Deus se fez presente. A nossa vida é assim, Deus nos
dá sinais o tempo todo, sejam eles visíveis ou não. Um dos momentos que me fez refletir, foi um
diálogo simples e sincero entre os personagens. Confesso que me vi ali, por
alguns momentos. Passamos a vida tentando agradar a terceiros, e nos esquecemos
de nós mesmos, do que nós realmente queremos, do que nos faz feliz. Anulamos
nossas vontades e sonhos, e quando nos vemos sem esperanças ou anseios,
recorremos a forças espirituais, exigindo que tudo se resolva em segundos, e
que haja um milagre. Nas palavras do padre Fábio de Melo, “continuo amando e
acreditando em Deus, mesmo quando os “milagres” que imploro não acontecem, pois,
os milagres que imploro e os pedidos que faço se baseiam em minha vontade e
Deus não está aqui para me dar o que desejo. Deus está aqui para me dar o que
preciso.” E até este momento, não conseguimos perceber o quanto somos capazes,
que dentro de nós há uma força que espera para sair e nos libertar, nos revelar
o dom e o poder que possuímos. Todos temos esta força, ela é nata. E quase
sempre nos esquecemos, seja por cansaço seja por comodismo.
No filme, a espera é por um milagre, mas às vezes, nem
sabemos o que é um milagre ou nem sabemos o que queremos. Denominamos algo
corriqueiro, um simples acontecimento como um verdadeiro milagre, porém a
diferença é grande, como Morgan Freeman falou no filme, sobre a distribuição de
sopa, a qual não foi um milagre, e nunca será, porém, uma mãe solteira que
trabalha em dois turnos, e ainda encontra tempo para levar o filho ao jogo de
futebol, é um milagre.
Um pai que mantém sua família com um salário, é um
milagre.
Um adolescente que diz “Não” às drogas e sim, à
Educação, é um milagre. E assim há muitos exemplos que são transformadores.
Não vamos esperar por um milagre.
Sejamos o milagre!
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Foto: Google |